Capítulo 4🍷Cesare Leone🍷

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Há um carro preto, modelo Suv e importado, parado em frente ao internato quando saio pelos portões de grades de ferro acompanhada pela diretora Menezes e Micaela. Munira vem mais atrás.

Cesare Leone está em pé, de braços cruzados e encostado no veículo. O homem mais parece um modelo posando para alguma revista famosa. Aparenta ter no máximo uns trinta anos. A pele é bronzeada e os cabelos castanhos escuros fazem contraste com os olhos extremamente azuis. É do tipo bem alto, porém a musculatura perfeita, sem excessos.

Imagino o quanto deve estar aborrecido por ter que assumir a responsabilidade de tutor de uma adolescente desconhecida.

Um homem jovem, bonito e rico que com certeza tem uma vida amorosa perfeita com alguma mulher linda, carreira de sucesso e seus próprios interesses para cuidar.

Cesare deve me encarar como um estorvo e se arrependido da promessa feita à minha mãe. Talvez isso justifique a expressão séria e taciturna quando se aproxima e pega a mala de minhas mãos.

Micaela acompanha a cena de boca aberta e solta um palavrão enquanto Cesare coloca a bagagem no carro.

_ Controle-se Micaela! _ A diretora a olha com severidade.

_ Amiga, que homem é esse? Parece que saiu daqueles filmes de mafiosos italianos! _  Micaela cutuca minhas costelas com o cotovelo me tirando um sorriso nervoso.

_ Não consigo pensar em nada no momento, Mica. Estou apavorada. Não faço ideia do que me espera. _ Respondo entredentes.

Micaela deixa de lado a inspeção no corpo atlético de Cesare e se concentra em mim.

_ Fique calma, amiga. _ Segura meus ombros.

_ Encare isso como umas férias que  passará na Itália. Olhe só que chique.

Munira se aproxima e segura uma de minhas mãos frias e trêmulas enquanto Cesare Leone se aproxima.

_ Sei que nunca fomos amigas, mas se precisar de ajuda, me liga. Meu pai tem contatos. _ Aperto um pedaço de papel que a garota solta em minha mão.

_ Obrigada. _ Aceno com a cabeça.

_ Está pronta? Podemos ir? _  A voz grave me deixa alerta.

Cesare nos observa curioso. Micaela me abraça de forma protetora.

_ Vá, amiga. Mas lembre-se, se mudar de ideia e quiser voltar, me ligue, que movo céus e terras para te trazer de volta. Não faça nada que não queira. _ Micaela lança um olhar de desafio para Cesare. Ele apenas ergue as sobrancelhas.

_ Micaela, entre, por favor! _ A diretora Menezes ordena.

Minha amiga me abraça mais uma vez e se afasta. Me despeço também de Munira de forma desajeitada e as duas entram.

Observo-as ainda por um tempo, imaginando se voltarei a vê-las.

Meus olhos percorrem o prédio antigo do internato, os jardins da frente com a grama bem cuidada, o muro de pedras e o portão de ferro até encontrar o olhar sério, porém que sempre me transmitiu segurança da senhora Menezes. Ela me abraça pela primeira vez nos três anos em que estudei no São Miqueias.

_ Fique firme. Vai dar tudo certo. Tenho certeza que terá um futuro brilhante. _ Me solta ofertando-me um sorriso raro e discreto.

_ Obrigada por tudo, diretora. _ Encaro-a com a visão turva pelas lágrimas contidas.

Em seguida, acompanho Cesare, que abre a porta do carona. Sento, coloco o cinto de segurança e observo pelo vidro escuro o Instituto São Miqueias sumir de vista...

 Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora