Ao acordar no dia seguinte, sinto-me mais disposta que antes. Alguns hematomas arroxeados e arranhões ainda são visíveis, mas meu corpo já não pede por repouso. Tomo uma ducha morna, que relaxa as articulações doloridas. Coloco um vestido curto branco de renda, que encontro com outras roupas em um closet enorme na outra extremidade do aposento. Pelo visto Cesare pensou em tudo antes de me raptar.
Saio para explorar o castelo. Caminho por longos corredores vazios. Parece que algumas alas foram reformadas. Em compensação outras conservam uma arquitetura bem parecida com as edificações de Sambuca. Pedras de um amarelo-alaranjado, janelas altas, belos afrescos, vasos de tetracota, fontes e jardins floridos. Saio em um pátio central onde acabo me distraindo com uma grande concentração de plantas e um pequeno lago artificial. Sento em uma das cadeiras brancas de ferro e me delicio com o calor do sol da manhã em minha pele.
_ Alexandra?_ Abro os olhos e me deparo com Paollo. _ Como está se sentindo hoje?
_ O que faz aqui?
_ Trabalho com Cesare, esqueceu?_ Sorri sem jeito.
_ Ah, é verdade. Havia me esquecido que você foi mais um dos que andou me contando mentiras.
_ Sinto muito. _ Ele realmente parece desconfortável.
_ Você também participou desse último teatrinho? Ajudou Cesare nessa farsa de sequestro?_ Cerro os olhos.
Paollo fica um pouco vermelho.
_ Estava lá, sim. _ Sorri meio de lado e desvia o olhar. _ Por falar nisso, é bem durona, garota! Quase me deixou aleijado com aquela joelhada.
_ Era você?! _ Levo a mão à boca. _ Sinto muito se te machuquei. Estava apavorada.
_ Tudo bem. Você estava só tentando se defender. _ Paollo sorri. _ Mas fique ciente de que não irei te recontratar!
_ Droga! Estou desempregada de novo! _ Rimos juntos até que minha barriga começa a roncar.
_ Já tomou café da manhã?
Paollo deve ter ouvido meu estômago reclamar.
_ Não. Na verdade acabei de acordar. Estava dando uma volta pelo castelo.
_ Vou pedir que sirvam seu desjejum aqui no jardim. Tudo bem?_ Paollo caminha para uma das entradas do castelo.
_ Cesare também vem?_ Pergunto sem pensar.
_ Cesare já tomou café. Está em uma reunião com Kiara. _ Responde de longe.
_ Quem é Kiara? _ Não sei porque sinto-me alerta.
_ Ainda não a conhece? Também trabalha conosco. É uma das melhores agentes da equipe. Tem nos ajudado nas investigações contra Giusseppe Marinho. _ Paollo se retira me deixando pensativa.
Como será essa tal de Kiara?
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Passo as horas seguintes caminhando pelo castelo. Há muitas portas e variedades de coisas para ver. Me detenho na entrada de um cômodo que parece ser o quarto principal. No batente da porta de madeira maciça está talhada a expressão Camera d'oro. Entro e logo noto que está desocupado. A maioria da mobília está coberta por lençóis. Me chama a atenção o fato de todos os objetos terem iniciais gravadas e alternando a isso a inscrição "Nunc et semper", que quer dizer: "Agora e para sempre".
Parece que o quarto foi o aposento de um casal no passado.
Já no corredor que leva ao quarto principal observo uma grande quantidade de pinturas nas paredes. A maioria retrata um casal ou uma única mulher. Abaixo de uma das pinturas estão os nomes: Conde Pier Maria Rossi e Bianca Pellegrini. A data das obras são do século XV.
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Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1
Любовные романыPrestes a completar dezoito anos, Alexandra dos Anjos terá que fazer uma escolha que definirá o rumo de sua vida. Estudou desde os quinze em um dos internatos mais conceituados do Rio de Janeiro enquanto a mãe esteve fora do país trabalhando como go...