Capítulo 14🍷Os Marinhos🍷

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Aperto o pingente de cruz preso em uma correntinha em meu pescoço. Cesare saiu do carro e está há algum tempo conversando com dois homens fortes de ternos, que desceram do veículo parado à frente do nosso.

Acompanho a cena sentada no banco carona da Range Rover de Cesare. Os dois caras o rodeiam e falam gesticulando. Apesar de estar em desvantagem, Cesare demonstra uma postura segura. 

Deus, o que está acontecendo aqui?! O que esses homens querem? Por que Cesare anda com uma arma no porta-luvas? Será que ele fez algo errado?

A única certeza que tenho é de que se trata de algo sério e perigoso. Pude ver a preocupação em seus olhos antes de sair do carro. Insistiu para que eu permanecesse no interior do veículo, mas se algo lhe acontecer isso não fará diferença. Meu estômago revira com as imagens produzidas por meu cérebro.

Deus, não permita que o façam mal!

Eles ainda conversam por um tempo. Um dos homens apoia a mão no ombro de Cesare com um sorriso cínico. Ele se esquiva sério. Os dois caminham de volta ao carro sem dar as costas para Cesare. Entram e partem em alta velocidade.

Cesare permanece por algum tempo ainda olhando a estrada. Seus ombros estão tensos. Logo depois, olha em direção ao meu assento na Range Rover, apesar do para-brisas escuro não permitir nenhuma visão do interior do carro. Respira fundo parecendo aliviado e retorna.

_ Você está bem?_ Questiono assim que entra e apoia as mãos no volante. _ O que aqueles homens queriam?

_ Não me pergunte nada agora, Alexandra. Mais tarde prometo lhe explicar tudo. Só quero tirar você daqui.

Liga o motor e dá partida.

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Começando a me conformar de que mais uma vez ele irá ocultar informações e se afastar, surpreendo-me quando pega um caminho diferente de casa. Entra por uma via de terra lateral ladeada por plantações. Logo surge uma propriedade simples cercada por vinhedos. Um grande portão de madeira aberto e em cima uma placa talhada com o nome "Cucina di Conccetta".

Assim que descemos do carro, uma  senhora baixinha e rechonchuda de lenço na cabeça combinando com um avental de estampa de pimentinhas nos recebe. Caminha sorridente em direção à Cesare. Segura seu rosto e dá beijos em sua face. Sorrio e observo a cena em silêncio. 

Acho que entendo porque veio aqui logo depois do susto que acabamos de passar.

_ Il mio banbino! Como está magro!

A senhorinha analisa Cesare preocupada. Ele sorri, agora mais relaxado. Nota-se que os dois têm bastante intimidade.

_ Não estou tão magro assim, Conccetta. Já não sou nenhum garotinho. Preciso me cuidar para manter a forma.

Cesare a abraça.

_ Mas que besteira! Vocês jovens vivem com mania de dietas. Precisa vir com mais frequência aqui. Logo ganhará mais carne.

Cesare aponta para mim.

_ Trouxe Alexandra para experimentar sua comida maravilhosa.

Assim que os olhos da senhora batem em mim, ela dispara várias expressões em um italiano incompreensível. Reconheço apenas algumas palavras soltas.

_ Più che bella!  È la tua ragazza, fligliolo?! _ Conccetta dá a volta e me abraça. Retribuo sem jeito.

_ Não, Concetta.  Alexandra não é minha. _ Cesare desvia o olhar.

 Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora