Capítulo 12🍷Maria dos Anjos🍷

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"Alexandra, se estiver lendo esta carta é porque falhei. Por favor, me perdoe. Jamais foi minha intenção ficar longe por tanto tempo e no fim de tudo te abandonar. Acreditei que estava fazendo o certo vindo para a Itália. Que daria uma vida melhor para você e tia Francisca, mas o destino tomou outro rumo.

Quero que saiba que te amo acima de tudo. Você sempre foi minha prioridade e mesmo distante zelei por você. Por isso deixo esta carta e a chave de nossa casa aos cuidados de Cesare Leone. Ele é um bom homem e a pessoa em quem confio para deixar a responsabilidade de meu maior tesouro, você. Foi mais que um patrão nos últimos meses. Foi um filho e um amigo. Em tudo que precisar, procure-o. Ele te ajudará.

Seja forte, meu amor. Não sofra por muito tempo pelo o quê nos aconteceu. Deus quis assim e você tem uma vida inteira pela frente. Dê continuidade à obra da casa. Cuide de nosso patrimônio e lute para ser feliz. Você é muito inteligente e extremamente capaz. Confio em você. Com amor, mamãe."

Maria dos Anjos.

_ Mãe...

Ao longo da leitura, caminhei pela biblioteca, sentei no braço de um sofá, escorreguei e terminei sentada no carpete. Lágrimas escorrem por meu rosto e pingam na carta em minhas mãos.

_ Cazzo! _ Ouço Cesare xingar.

Ele me recolhe do chão com facilidade. Minha visão está embaçada pelas lágrimas. Me carrega em seu colo como uma criança e me leva junto ao seu corpo até a poltrona em que estava. Aconchego-me em seu peito e me permito ser embalada até que os soluços cessem.

_ Sinto muito, pequena. Não sabia o que continha a carta. Se soubesse que te deixaria assim, não entregaria hoje.

Tira os fios de cabelos que grudam em meu rosto.

_ Não leu o que ela escreveu?_ Ergo a cabeça.

_ De forma alguma. Era endereçada a você. Maria escreveu enquanto estava no hospital e me pediu que a entregasse quando completasse dezoito. _ Cesare seca minhas faces. _ Desculpe.

_ Não tem que se desculpar. Apesar de ter doído, precisava ler esta carta hoje. Representou muito para mim. Foi como se tivesse um pouco dela comigo._ Aperto o pedaço de papel na mão. Depois toco em seu rosto. _ Obrigada.

Cesare fecha os olhos.

No calor do momento, lanço os braços ao redor de seu pescoço e o abraço. Sinto uma de suas mãos me puxar para mais perto. Beijo sua face com ternura. Ele abre os olhos e me encara.

Nossos rostos estão a poucos centímetros.

De repente, Cesare avança e cola os lábios nos meus. A surpresa me deixa paralisada, mas conforme sua língua invade minha boca, sinto-me derreter por dentro e me entrego ao turbilhão de emoções que nos envolve.

Com uma das mãos ele me puxa para mais perto. Sinto a lateral de minha coxa ser pressionada pelo volume dele.

Um gemido rouco vibra em seu peito quando minha mão desliza até sua nuca e acaricia os cabelos curtos. Apesar de minha inexperiência acompanho seus movimentos por instinto e logo estamos nos beijando com uma intimidade assustadora.

Ele desperta novas sensações em mim. Jamais fui beijada dessa forma. Um simples toque de Cesare é capaz de me incendiar. O beijo parece me transportar a lugares desconhecidos e o encaixe é perfeito. Como se tivéssemos ensaiado por muito tempo.

A língua explora cada reentrância de minha boca. Sinto o sangue percorrer por minhas veias. Minha pele apesar de quente se arrepia e o ar não é suficiente.

 Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora