Capítulo 39🍷De volta ao lar🍷

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Esforço-me para abrir as pálpebras pesadas. A claridade do ambiente atrapalha a visão. Sinto-me presa na poltrona em que estou sentada. Deixo a cabeça pesada tombar para frente e noto que um cinto de segurança me mantém imóvel.

Tento me mexer, mas o mínimo esforço me deixa exausta. Jogo a cabeça para trás e em seguida suspiro com o desconforto na nuca.

_ Finalmente acordou, boneca!

Fixo o olhar ainda turvo na figura do homem sentado na poltrona a minha frente.

_ Estava pensando que teria que te despertar com um beijo! _ O ruivo solta um riso debochado.

_ Você? O que fez comigo? Que lugar é esse?_ O medo vai me despertando do estado letárgico.

_ Eu não fiz nada. _ Ergue as mãos. _ Estou apenas cumprindo ordens.

_ Ordens de quem? _ Tento abrir o cinto e me levantar.

_ Ei, ei, fique quietinha em seu lugar. Acabamos de decolar. _ Ele se estica e me impede de mexer no cinto.

_ Decolar para onde? Por que estamos em um avião? _ Olho para os lados entrando em desespero.

_ Em breve Vicenzzo virá explicá-la. Por enquanto só me obedeça para que não se machuque. _ Desliza as mãos do cinto e percorre por minhas pernas acariciando.

_ Tire as mãos de mim seu porco! _ Grito.

_ Veja bem como fala comigo! Posso muito bem perder a paciência e te dar uma boa lição que jamais irá esquecer. _ Solta o próprio cinto de segurança e avança em minha direção.

Me encolho na poltrona.

_ Ettore! Pare de atormentar a ragazza! Deixe-a em paz! _ Vicenzzo aparece em meu campo de visão vindo da cabine do avião.

Para meu alívio, o ruivo asqueroso obedece a ordem e mesmo a contragosto se retira. Vicenzzo se senta no lugar antes ocupado por Ettore e me observa por um tempo com expressão enigmática.

_ Vicenzzo, o que está acontecendo? Por que estamos nesse avião? Para onde está me levando?_ Minha voz sai chorosa.

_ De volta para casa.

Franzo a testa em sinal de incompreensão. Então ele continua.

_ Para o Brasil. De onde nunca deveria ter saído.

_ Quê? Mas como? E Cesare sabe disso? E meu pai?! _ A lembrança de tudo que ficou para trás na Itália me deixa aflita.

_ Preste bastante atenção no que vou lhe dizer, porque não tolerarei ser desobedecido. _ Vicenzzo se estica em minha direção e me olha nos olhos.

Encosto na poltrona sentindo-me acuada.

_ Não se preocupe. Não a machucarei. Mas Cesare jamais saberá onde você está, muito menos seu pai. Em troca, polparei a sua vida e a deles.

_ Por que está fazendo isso?_ Lágrimas começam a escorrer por meu rosto.

_ Cesare roubou tudo o que eu tinha. Primeiro minha irmã, meu pai e em breve Marisa ficará contra mim. Isso é questão de tempo.

_ Sabe que Cesare não teve culpa da morte de sua irmã. _ Argumento em voz baixa.

_ Não teve culpa do acidente, mas de certa forma vinha a matando aos poucos, quando não se esforçou para que o casamento dos dois desse certo. Bianca sabia que Cesare não a amava.

_ Bianca estava doente, Vicenzzo! Era alcólatra. É injusto culpar Cesare por isso. E além disso, ela o traiu.

Com uma fúria absurda, Vicenzzo esbofeteia meu rosto. Minha cabeça vira de lado com o impacto e minha pele arde.

_ Cale-se! Não fale sobre o que não sabe!_ Os olhos de Vicenzzo ficam vermelhos de ira. _ Ele é culpado, sim! E agora acaba de desgraçar minha família por completo matando meu pai.

_ Giuseppe queria me vender para o comércio de prostituição escrava. _ Soluço com o choro preso na garganta.

_ Nunca fui a favor dos negócios ao qual meu pai estava envolvido. _ Vicenzzo parece refletir por alguns minutos. _ Mas isso não quer dizer que concordo com a forma como Cesare o eliminou sem clemência. Ele foi o sogro dele! Avó de Pietro! E Cesare não pensou duas vezes antes de descarregar uma arma em cima dele.

_ As coisas não ocorreram bem assim. Por favor, deixe-me explicar. _ Suplico em voz baixa.

_ Escute aqui... _ Vicenzzo segura meu queixo com força. _ Você vai fazer exatamente o que eu mandar, ouviu?

Choro mais com a dor que dilacera meu coração do que com a agressividade dele.

_ Ouviu?_ Me sacode.

_ Sim. _ Respondo em um fio de voz.

_ Ele me tirou tudo. Não permitirei que seja feliz debaixo de meus olhos depois do que fez. Se quiser que ele viva, fique em seu país bem escondida e não entre em contato. Porque se eu souber que estão se vendo ou se falando, virei atrás dos dois e matarei ele em sua frente como fez com meu pai.

_ Mas e Nicollo?! Ele não tem culpa de nada!_ Minha voz se torna suplicante.

_ Ele também não deve saber onde você está, porque se souber certamente contará ao bastardo do Cesare.

_ Nicollo é a única família que tenho. Descobri a pouco tempo que tenho um pai. Se sumir repentinamente posso provocar um grande desgosto a ele. Principalmente agora que está se recuperando no hospital.

_ Se o ama de verdade, se afastará. E se quiser que Cesare viva, terá que desaparecer por completo. _ Vicenzzo dá a última sentença.

Fecho os olhos em desespero.

_ Ficará no Brasil em um lugar recuado e secreto que já providenciei. Deixarei uma quantia em dinheiro razoável para que sobreviva por um tempo até que se estabeleça.

_ Está bem. _ Respiro fundo engolindo o choro. Minha garganta arde e meu coração sangra.

_ Ótimo. Fico satisfeito que tenha entendido...

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 Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora