Capítulo 26🍷Castelo Torrechiara - Parte 1🍷

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Um saco foi colocado em minha cabeça e não pude ver mais nada. O fato de reconhecer aqueles olhos azuis me deixou em choque. Não sei se foi minha imaginação ou se um de meus sequestradores tem os mesmos olhos de Cesare.

Acontece que não foi só isso, agora me dou conta da voz familiar, do toque e do confronto lá fora com o outro homem que me esbofeteou. Mas se for Cesare, por que está fazendo isso? Queria poder perguntar o que está acontecendo, mas minhas vistas estão pesadas e falar me parece um sacrifício gigantesco.

O carro continua em alta velocidade. Encolho-me no canto do banco, cansada demais para continuar lutando. Todo meu corpo dói por causa da luta com os sequestradores. Minha face ainda queima com o tapa. Não sei o que me espera, mas o fato de reconhecer Cesare me faz relaxar um pouco, apesar de não entender seus métodos. Aos poucos minha mente vai ficando confusa, talvez seja exaustão. Acabo apagando nos braços daquele que me sequestrou...

_ Confie em mim mio angelo. Sabe que jamais lhe faria mal. Vou cuidar de tudo... _ Ouço sua voz ao longe, mas não sei se é real ou se faz parte de um sonho.

Não sei quanto tempo fiquei apagada. Acordo com o som de ondas quebrando por perto. O movimento do carro parou, mas continuo dentro do veículo. Puxo o saco de minha cabeça. Estou sozinha. Meus braços estão pesados, parece que fui cedada com algum tipo de droga.

Apesar da visão turva, vejo uma construção de pedra lá fora. Parece um castelo ou fortaleza. O carro está estacionado em um pátio aberto. Tenho a impressão de que estamos no alto. Venta bastante lá fora. Olho para trás e vejo o mar. Será que ainda estamos em Sambuca? Testo a maçaneta do carro e a porta se abre.

Que descuido! Será que foi proposital?!

Com dificuldade salto para fora, porém minhas pernas não obedecem. Estão pesadas. Caminho aos tropeços, mas não desisto. Caio algumas vezes. Não sei onde aqueles homens estão. Acho que o medo e seja lá o que me deram, me fez ter alucinações. Cesare jamais estaria envolvido em algo tão bizarro. Continuo me arrastando. Preciso fugir. Tenho que aproveitar a distração deles.

Ouço vozes envolvidas em uma discussão inflamada. Preciso ser rápida. Perco o fôlego quando consigo chegar a uma mureta da fortaleza. Estamos a uma altura absurda. O som do vento assobia em meus ouvidos. Meus cabelos se agitam e meu corpo sacode com o impacto da ventania. Olho para baixo. Antes das ondas baterem nas rochas existe uma decida entre as rochas. Talvez consiga descer até lá e me abrigar em um esconderijo até que escureça e possa fugir. Mas meu corpo está fraco e meus reflexos comprometidos.

Tenho que lutar. Melhor morrer fugindo do que viver como escrava sexual de algum desses homens.

Subo a mureta de pedra.

_ Alexandra! Não!

Um dos sequestradores já me viu e vem correndo.

Pulo, mas meus pés vacilam. Perco o equilíbrio, caio e rolo entre as pedras. Meu corpo parece pesar cem quilos e não consigo me segurar em nenhuma das raízes expostas. As pontas agudas ferem minha pele. Com muito sacrifício ergo os braços e tento proteger a cabeça. Até que meu corpo alcança uma parte plana do terreno e caio de bruços. Meu rosto arranha no solo arenoso.

_ Não! _ Ouço passos apressados.

Deus, não permita que me encontrem! Prefiro morrer aqui do que voltar para as mãos desses desconhecidos.

_ Ela está aqui! _ Alguém se aproxima.

Me examinam. Tocam de leve meus ombros. Grito de dor ao ser virada.

_ O que você fez mio angelo?!

Ele está aqui! Não era alucinação!

Choro de dor e de alívio por ser ele. Chamo seu nome. Ele responde, mas a voz está diferente. Parece que também está chorando.

 Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora