Sambuca di Sicília. Série Caminhos do destino. Vol.1

Capítulo 30🍷Encontro fatal - Parte 1🍷

Acordo com o som da lenha crepitando na lareira. Abro os olhos preguiçosamente. Uma manta grossa cobre meu corpo nu. Giro no tapete da biblioteca. O lugar de Cesare ao meu lado está vazio. Por cima das almofadas está uma folha de papel amassada e alguns itens que despertam minha curiosidade.

Sento-me e analiso.

Na frente da folha está o desenho do rosto de Cesare, o que tomou de mim na noite em que antecedeu minha fuga de sua casa. Há também um ramo de flores de lavanda e uma aquarela.

Inalo o aroma relaxante, depois enfio o ramo na capa da almofada que usei como travesseiro na noite passada. No verso da folha há um breve bilhete escrito com a caligrafia masculina, porém perfeita de Cesare...

"Mio angelo, me perdoe por não a acordar antes de partir. Estava tão linda e relaxada que tive pena. Não se preocupe, dará tudo certo e em breve estarei de volta para você. Enquanto isso, quero que faça outro desenho meu, só que desta vez com você ao meu lado."

Seu Cesare.

Solto um suspiro sentindo-me impotente diante das circunstâncias.

Queria poder fazer algo para ajudar, mas a companhia de Kiara Mancini é bem mais útil que a minha, afinal ela é uma agente treinada, eu só atrapalharia.

Me jogo entre as almofadas e inspiro o aroma calmante de lavanda. O perfume me faz lembrar de nossa visita à propriedade de Concetta e da plantação nos fundos do restaurante.

Na época, eu não passava de uma menina assustada que tinha uma paixão platônica pelo tutor. Tanta coisa mudou de lá para cá.

Cesare realmente me querer e tem planos para nós dois, inclusive assinou o bilhete como "Seu Cesare".

Meus lábios se erguem em um sorriso sonhador.

Mas o que esperar desse encontro com Giuseppe Marinho? Temo pela segurança de Cesare...

Após um banho em meu quarto, saio em busca de algo para comer na cozinha do castelo. Passo por dois novos agentes que circulam pelos corredores da fortaleza.

Tenho a impressão de que Cesare os deixou orientados a me vigiar. Os encaro desconfiada.

Entro na enorme sala de jantar e paraliso ao encontrar Nicollo sentado em uma das cadeiras. Mão no queixo, me observa de baixo em cima. Sinto-me constrangida por estar de roupão.

Parece que ele deduz tudo que tem acontecido nos últimos dias com um só olhar.

_ Sabe que se esse bastardo sair vivo desse impasse com Giuseppe Marinho, eu mesmo faço questão de dar-lhe uma lição por tê-la sequestrado e a tornado sua amante.

_ Ele fez tudo isso para me proteger dos homens de Giuseppe. E quanto a tornar-me sua amante, não fiz nada contra minha vontade.

A expressão de Nicollo fica severa por ouvir minha confirmação.

_ Não sabe o que está falando, Alexandra. É muito ingênua para entender a dimensão do que vem acontecendo aqui. Cesare Leone tem manipulado toda a situação a favor dele. _ Fecha os punhos sobre a mesa.

_ Não sou tão ingênua assim. Sou adulta e Cesare e eu nos amamos. Como pode ser tão ingrato com alguém que te ajudou?_ Pressiono a gola do roupão contra o corpo.

_ Pobre criança, você não o ama de verdade. O que tem são os sintomas de Síndrome de Estocolmo. Nota-se que está fora de controle. _ Nicollo me observa com expressão penalizada.

_ Não sou mais criança! Talvez não entenda isso, porque viveu tanto tempo distante, que não acompanhou o desenvolvimento de sua filha e agora quer fazer o papel de pai. Mas é tarde demais. Essa fase passou. Sei cuidar de mim sozinha.