Estou esgotada, sinto gotas de suor escorrerem pela minha testa. Sentada no chão, não tenho mais forças para me levantar, acho que vou morrer.
- Oh? Então a caçadora já está fraca? Vocês humanos são mesmo uma piada - aquela voz deformada chega aos meus tímpanos. Um tom de deboche me faz querer arrancar sua cabeça agora mesmo, ainda mais pelo o que ele fez.
- Eu... vou... - falo tentando segurar a empunhadura da minha katana, porém não tinha condições de sequer levantar meus braços.
- Me matar?! Do jeito que você se encontra vai morrer no meio do caminho - disse rindo - não se preocupe, vou acabar com seu sofrimento.
Estava na mansão borboleta, Shinobu-san me pediu uma mãozinha com alguns medicamentos que a mesma anda fabricando. Não que eu tenha metade do conhecimento dela, mas sei o básico para fazer um antídoto simples. Entretanto, com a convivência com Shinobu-san, aprendi a fazer venenos e remédios mais complexos.
- Acabamos por hoje, pode ir, S/n-chan - a mais velha sorri delicadamente - obrigada por me ajudar com isso.
Não respondi, olhava um livro de plantas, as quais poderiam ser componentes químicos. - S/n-chan? - retorna a me chamar, dessa vez um pouco mais alto.
- Sim? - respondo tirando minha atenção do livro.
- Eu falei que pode ir, já acabamos - me olhou avaliativa - você anda meio distraída esses dias, algum problema lhe incomoda?
- Ah... não, estou bem. Apenas pensando na missão que terei próxima semana, somente isso - me levantei da cadeira que estava sentada e vou em direção a saída do laboratório - Até, Shinobu-san - acenei em sua direção.
- Até logo - sorriu e saí de sua sala.
Andei até a saída de sua grande casa. Encontrei com Mitsuri sentada no jardim, comendo alguma coisa e cantarolando uma canção que desconhecia. Como ela não notou minha presença, resolvi assustá-la. Fui caminhando sorrateiramente, até ficar próxima o bastante dela.
- Alguém está feliz - falo baixo no seu ouvido.
- AH - gritou e deu um pulo ao escutar minha voz - eu já não te disse para parar de fazer isso? - disse colocando a mão no peito, suspirando.
- Eu sei, porém não posso perder a oportunidade quando vejo uma. E você sempre cai - falo rindo, me sentando ao lado dela - então, qual o motivo de tamanha animação?
- Não tem nada, você sabe que esse é meu jeito - disse convicta, comendo um pedaço do onigiri que tinha em mãos.
- Você falou com Iguro-san, não é? - falei, já sabendo o que tinha acontecido.
- Eu o desejei um bom dia, e ele também me desejou um! - falou empolgada, corando.
- Por que não se declara de uma vez? Desde que eu cheguei aqui, você tem essa queda por ele - isso era verdade. Sempre percebo como ela fica envergonhada e corada perto de Iguro-san. E quando troca duas sílabas com o mesmo, passa o resto do dia suspirando pelos cantos.
- V-você sabe que não é assim tão fácil! E se ele não sentir nada por mim? - perguntou meio cabisbaixa.
- Duvido. Aquela cascavel trata todo mundo arrogantemente, e só não faz isso contigo. E não vai saber até não tentar.
- Pare de chamar ele assim! Como você pode dar conselhos desse tipo e nunca teve um relacionamento? - me perguntou, terminando de comer.
- Porque eu acho uma perda de tempo - respondo simples.
Ficamos mais um tempo conversando. Mitsuri me tratava como sua irmãzinha mais nova, e eu a via como uma irmã mais velha, mesmo as vezes me sentindo como sua mãe. Ficamos bem íntimas depois que comecei a morar com ela. Almoçamos juntas, fui para um campo de treinamento, combinei de praticar algumas coisas com Genya.
O garoto progredia rapidamente. Seu dom peculiar o ajudava a ficar terrivelmente forte, e sua pontaria melhorava a cada treino.
- Aqui, tente acertar aquelas marcações - apontei para uns bonecos, que estavam com pequenos círculos nas cabeças.
Sem demora, ele dispara. Acertando todos com perfeição, nem um milímetro fora das marcas. O mais alto tem uma mira incrível, em batalha ele ganhava mais experiências para crescer como um exterminador.
- Você está ficando mais forte, me sinto até emocionada - falo batendo palminhas. Ele riu anasalado, com a costumeira cara neutra - então, pensou na minha proposta?
- Sim, eu tomei uma decisão. Eu aceito ser seu Tsuguko, senhorita S/n - disse se curvando - por favor, me treine.
Não tive reações com seu ato repentino. Já fora tantas as vezes que eu o pergunto isso, e a resposta é a mesma em todas. E subitamente ele me responde isso, lógico que fiquei surpresa.
- Senhorita S/n? Você mudou de ideia? Não quer mais que eu seja seu Tsuguko?
- Não, não é isso, somente não esperava que você fosse aceitar - falo mexendo as mãos - Pode ficar ereto, Genya.
Assim, o mais novo fez. Por ser bem mais alto, tive que olhar um pouco para cima, o olhando diretamente nos olhos.
- Será uma honra ter você como meu aprendiz. Espero que aprenda novas coisas comigo, também quero tirar novos aprendizados com isso. Obrigada por ter aceitado desempenhar esse papel, espero trabalharmos bem juntos a partir de agora - sorri sincera para o garoto.
- Eu que agradeço, S/n-nee - se curvou novamente. E diferentemente do seu habitual, pude ver um pequeno sorriso em seu rosto.
- Uma pergunta. Você comentou que aceitaria ser meu aprendiz com seu irmão?
- Não. Não sabia como ele iria reagir, então resolvi não comentar - disse voltando a postura.
Posso ver um olhar triste dele. Sei que ele não tem uma boa relação com Shinazugawa, mesmo os dois tendo se aproximado ultimamente. - Não se preocupe, foi uma boa decisão. Qualquer coisa, pode deixar que eu cuido disso - disse batendo no ombro dele. - Bem, a sessão doce acabou. Vamos voltar a nos concentrar no treino. Agora que você é oficialmente meu Tsuguko, não vou pegar leve - falo pegando a espada de madeira.
- Sim! - respondeu firme.
Algumas horas depois, terminamos e voltamos para jantarmos. Shinobu-san nos convidou para comermos em sua casa, então o pessoal mais novo estava reunido. Contei a novidade para os mais novos, que ficaram felizes por Genya. Mesmo o garoto sendo fechado, ele acabou fazendo bons amigos, e sabia que debaixo daquela carranca, ele também gostava muito deles.
Observava os garotos brincando, Nezuko dormia no meu colo, já que fazia um carinho na cabeça da mesma. Logo, vejo Shinobu-san se sentar ao meu lado.
- Sabe que terá problemas, não? - me questiona.
- Sim, eu sei. Mas estou preparada para eles. Por que Shinazugawa não quer seu irmão perto de mim? - faço uma pergunta retórica.
- Esse é o jeito dele, S/n-chan - explica docemente.
- Jeito de insuportável - reviro os olhos - ele sabe que sou forte. E se ele não quer que eu treine Genya, por que não fez dele o seu discípulo?
- Acho que somente o próprio Shinazugawa pode lhe responder.
O Hashira do Vento não me aturava, e eu o menos ainda. Sempre deixou claro que não gostava de minha pessoa. E por ironia do destino, seu irmão mais novo agora é meu aprendiz. Mesmo adorando o garoto e reconhecendo seu potencial, não posso deixar de admitir que fiz isso para irritá-lo. Sei que quando o ventania descobrir que Genya é o meu pupilo, vai querer me matar.
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*The Pilar Of The Star* - 𝒦𝒾𝓂𝑒𝓉𝓈𝓊 𝓃𝓸 𝒴𝒶𝒾𝒷𝒶
FanficEm uma época em que os onis ainda dominavam a escuridão das noites. S/n Hoshi é conhecida como a Hashira da Estrela, vindo de uma linhagem de Hashiras, composta apenas por mulheres. Após passar por muito sofrimento em sua vida, se junta com sua prim...