Noite de natal - Parte 1 (Mikaela)

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Passava das oito horas quando Mikaela chegou ao parque florestal de Cleston e estacionou sua bicicleta perto da entrada

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Passava das oito horas quando Mikaela chegou ao parque florestal de Cleston e estacionou sua bicicleta perto da entrada. Ela notou outra bicicleta acorrentada no bicicletário e sorriu.

Aquela era a bicicleta de Thomas.

Era noite de natal e a lua e estrelas emprestaram uma espécie de magia única a paisagem. Uma magia que Mikaela quase conseguia sentir na pele.

Como o parque estava fechado, ela precisou pular o portão, o que não foi nem um pouco difícil agora que ela tinha o poder da supervelocidade. Bastou um pequeno impulso para conseguir pular e pousar ilesa do outro lado.

Mikaela passeou pelas trilhas, tomando cuidado para evitar os prédios da administração, e logo encontrou Thomas perto do lago Drake. Sem contar os dois, o lugar estava vazio. Ninguém ia até lá na noite de natal. O povo de Cleston tinha o hábito de ir à missa, participar da festa de natal na praça central da cidade e depois todos iam para suas casas, onde comiam até não poder mais.

Ela mesma não tinha intenção alguma de sair de casa até receber a mensagem de Daniel no celular. O garoto sugeriu que todos se vissem na noite de natal. Ela precisou de muito jogo de cintura para convencer a mãe e deixá-la sair e só teve a aprovação dela, porque prometeu voltar antes das nove horas.

O chão do parque estava coberto de neve e isso a fez pensar em uma ideia divertida. Juntou uma bola de neve nas mãos e se aproximou de Thomas sem fazer barulho. Ela mirou, atirou, e riu quando ele pulou de susto depois dela acertar a cabeça dele.

— Você lutou contra monstros de neve e um dragão... mas uma bola de neve te assusta? — Ela o abraçou pelas costas.

— Preciso te lembrar o que aconteceu a primeira vez que estivemos aqui?

Mikaela olhou para a floresta ao redor deles e se lembrou de como a vida de todos eles mudou quando a magia da esperança os convocou naquela noite.

— Hoje nada de ruim vai acontecer, as coisas estão diferentes. — Ela sentou, pegou uma pequena pedra no chão e a arremessou no lago.

Ficou vendo a pedra quicar na água e criar pequenas ondas.

— As coisas estão mesmo diferentes, agora temos poderes. — Thomas sentou ao lado dela e fez seu escudo mágico aparecer com um gesto de sua mão direita.

Ele jogou o escudo no lago e fez uma enorme explosão de água surgir no lugar em que sua arma caiu. Pouco tempo depois, seu escudo voou de volta para suas mãos.

— Exibido. — Ela riu e olhou no fundo dos olhos azuis dele. — Mas eu não estava pensando em magia e coisas sobrenaturais. Não foi só isso que mudou.

— O que mais...?

Mikaela calou a pergunta dele com um beijo. Pego de surpresa, Thomas quase não conseguiu pegar de volta o seu escudo. Os dois deitaram e se beijaram debaixo do céu cheio de estrelas, entregues um ao outro, como se mais nada no mundo existisse.

E para ela, a noite toda bem que podia continuar desse jeito. Só ela e Thomas, longe dos outros, trocando beijos à beira do lago. Mas ela sabia que Daniel e Jonas logo estariam ali, então resolveu aproveitar ao máximo o momento a sós com o loiro.

O mais engraçado era algumas poucas semanas atrás ela nunca teria imaginado que seu primeiro namorado seria Thomas Miller.

— Eu não tenho mais vontade de socar a sua cara quando te vejo. — Ela sorriu e, depois de mais um beijo rápido, o puxou para mais perto de si.

Thomas a aninhou em seu peito e acariciou seu braço.

— É...acho que isso também mudou.

— Sabem o que não mudou? Vocês dois ainda me dão nos nervos.

Mikaela revirou os olhos e deixou um suspiro alto escapar antes de olhar para trás. Daniel e Jonas olhavam para os dois com um sorriso brincalhão no rosto. Os dois formavam um casal perfeito, até suas roupas combinavam. Calça jeans com joelho rasgado, blusa preta de banda de rock e jaqueta de couro.

Jonas tinha um cabelo ruivo curto, mas mesmo o corte militar que usava parecia rebelde de uma forma que Mikaela não conseguia explicar. Já Daniel tinha cabelos pretos que deviam ter alguma coisa contra o uso de um pente. Mas mesmo com os cabelos bagunçados, ela precisava admitir que o garoto tinha um certo charme.

Os dois sentaram ao lado deles e Jonas olhou com muita curiosidade para tudo a sua volta.

— Então foi aqui que tudo começou? — Ele perguntou, deitando ao lado de Thomas.

Daniel se juntou ao grupo, ficando bem ao lado do ruivo.

— Se você se refere ao momento em que seu namorado levou a gente para o meio de uma batalha de seres místicos e super poderosos, sim, foi aqui mesmo. — Thomas riu.

— Eu não me lembro de você ter se oposto. — Daniel mostrou a língua para ele. — Mas me lembro de sua cara de idiota toda vez que a Mikaela olhava na sua direção.

— Eu não fazia cara de idiota!

Mikaela achou graça de como Thomas ainda ficava todo vermelho quando falavam sobre o começo de sua relação, mas decidiu salvá-lo das piadas de Daniel.

— A noite está legal, mas que tal nos dizer por que nos chamou aqui? — Ela perguntou ao roqueiro.

— Gostei da ideia de ver vocês antes da ceia de natal, mas não posso ficar até tarde. — Thomas olhou para a hora em seu celular. — Se não voltar logo, meu irmão vai ser a única vítima das piadas de natal que meu tio adora fazer todo ano.

O olhar de confusão que Daniel trocou com Jonas foi o que fez Mikaela perceber que algo estava errado.

— Eu não chamei ninguém, não foram vocês que mandaram a mensagem que recebi?

Daniel mostrou a mensagem em seu celular. Mikaela olhou bem para a tela dele e procurou pelo seu próprio celular. A mensagem que Daniel tinha parecia ter sido enviado a partir do celular dela.

— Isso não faz sentido. — Ela navegou por suas mensagens de texto e não encontrou nenhuma que tivesse sido enviada ao garoto naquela noite.

— Isso é porque fui eu quem convocou esta pequena reunião, escolhidos da esperança.

Uma voz chamou atrás deles e desta vez todos gritaram e ficaram de pé devido ao susto. Thomas invocou seu escudo, Mikaela fez seu taco de basebol surgir em suas mãos, Daniel fez as mãos incendiarem e até Jonas deu um jeito de pegar uma pedra no chão.

Parada bem na frente deles estava uma mulher loira de quase três metros de altura, carregando um machado enorme nas costas, olhando para eles com um sorriso que prometia problemas.

Felizmente, aquela era uma figura já conhecida deles e Mikaela respirou aliviada. Coisa que sabia que poucos podiam fazer quando se viam cara a cara com uma valquíria. Especialmente uma valquíria aposentada e que gostava de procurar problemas nos quais se meter.

— Sei que hoje é um dia de festa para os humanos, mas vamos precisar de um favor de todos vocês. — Noelle disse.

— Da última vez que você nos pediu uma coisa, quase acabamos mortos no polo Sul. — Mikaela respondeu.

A valquíria riu.

— Podem ficar tranquilos, desta vez não vamos fazer nada tão perigoso quanto enfrentar uma feiticeira mortal.

Aquelas palavras quase a tranquilizaram, mas a valquíria estragou tudo no momento seguinte.

— Agora, pensando bem... — A guerreira tirou uma meia do bolso da calça e a jogou no ar. — Talvez não seja uma má ideia vocês se preparem para algumas confusões.

Antes de conseguir perguntar qualquer coisa, Mikaela viu um portal mágico surgir bem acima de sua cabeça e todos foram sugados para seu interior em um piscar de olhos.

A lista das crianças más e a feiticeira do inverno eternoOnde histórias criam vida. Descubra agora