VINTE E DOIS

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GEORGE

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GEORGE

Depois de tomar três copos de água seguidos, eu consegui reunir coragem suficiente pra subir de volta para o quarto.

Deus, o que eu havia feito? 

Pra ser sincero, eu estava ávido por Summer desde que a peguei no apartamento dela, tão radiante naquele vestido amarelo. Ou quem sabe, até antes quando a via no escritório, de saltos altos e blusas decotadas. Essa vontade sempre esteve ali, mesmo que, pra mim, ela fosse mais uma garotinha mimada e sem personalidade.

Essa tarde, ela me provou totalmente ao contrário, ao sair daquele lago como se nada tivesses acontecido, ao me ouvir e não fazer julgamentos... Pelo contrário, ela me ofereceu o suporte que eu nunca tive dos meus próprios amigos.

Mas era uma má ideia. Por isso, saí correndo do quarto.

Summer e eu sempre nos odiamos e só porque tivemos uma trégua agora, não significava que nossas diferenças foram deixadas de lado. Não. Ela ainda era como Lizzy, gostava do sucesso, de ser a it girl, de ter tudo ao seu alcance. E eu era o cara que mal conseguia expressar seus sentimentos em voz alta.

Se apenas conseguisse tirar o seu rosto da minha cabeça.

— Sem sono? — Ouvi a voz aguda soar pelo corredor. Ergui a cabeça para ver Lizzy, apoiada em uma parede com um roupão branco.

Eu nem percebi que ainda estava sentado no sofá do corredor de frente para o quarto que dividia com Summer. Há quanto tempo Lizzy me observava? 

— Eu também estou — Lizzy disse antes que eu pudesse responder — Lembro que você costumava fazer chá para mim quando estava com insônia.

— Bem, eu posso fazer um se quiser — dei de ombros, confuso. 

Lizzy podia ser tão confusa, principalmente quando namorávamos. Uma hora, ela estava feliz, ela me beijava e dizia o quão sortuda era por ter um namorado como eu, então, no minuto seguinte, ela gritava que eu nunca demonstrava meu amor ou fazia grandes gestos.

Foi por isso que montei todo o espetáculo na França para pedi-la em casamento, mas não foi o suficiente. Nada que eu fizesse era suficiente. 

No final das contas, éramos melhores como amigos. 

— Nós temos um cozinheiro.

Eu assenti.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Lizzy apertou o roupão contra o corpo e sentou-se ao meu lado no sofá.

— Eu estraguei as coisas entre vocês? — Lizzy apontou para o quarto — Sinto muito por ter dito aquilo sobre nós dois. Pensei que você tivesse contado.

— Não tem problemas, Liz — sorri fraco — Eu não contei, porque não parecia ser tão importante, afinal isso foi há anos.

Lizzy assentiu, passando a mão pelos cabelos escuros. Eram enormes, escuros como obsidiana e lisos. O completo oposto do cabelo de Summer, que parecia ter vida própria e era de um loiro brilhante.

— Você gosta dela — Não foi uma pergunta, foi uma afirmação — Isso é bom. Eu quero estar feliz por você, mas uma parte de mim não consegue.

Franzi o cenho e a encarei. Estava escuro,  seu rosto era iluminado por uma luz fraca que vinha de um outro cômodo no fim do corredor. Lizzy era uma mulher pequena e tinha uma aparência frágil, mas não condizia com sua postura e jeito confiante.

— Por quê? Pensei que quisesse isso. Você quase me jogou para a prima de Ellis.

— Porque eu achei que não fosse nada demais, Georgie. Achei que ainda teria você para mim — Lizzy colocou a sua mão na minha e apertou — Que ainda teria seus olhares, seus toques e sua atenção. Mas hoje, vi como você e Summer pareciam apaixonados, é óbvio que isso não é apenas uma amizade — ela ergueu sua outra mão até meu queixo. 

— Lizzy — eu a chamei — Você está casada com Ellis. Você escolheu ficar com ele.

— Eu sei — ela disse, e parecia triste, mas eu a conhecia, sabia quando forçava alguma emoção apenas para conseguir o que queria e ela sempre conseguia — Eu amo Ellis, porém também amo você. Queria poder ter os dois comigo.

Soltei uma risada fraca. Eu não estava ouvindo aquilo. Se isso fosse há um ano atrás, talvez até caísse por essa sua história de garota frágil e com muitos sentimentos, mas não mais.

Eu amei Lizzy no passado, muito. Ela partiu meu coração quando disse que não se casaria comigo. Mesmo assim, ainda amei ela por muitos meses, até mesmo quando a vi subir no altar com outro homem. No entanto, tudo mudou, porque percebi que Lizzy gosta de brinquedos e estava cansado de ser o favorito dela.

— Não — eu disse e a expressão no rosto de Lizzy mudou. 

Ela odiava levar um "não". 

— Você sabe que ainda me ama, George — Lizzy disse. Antes que pudesse falar qualquer coisa, ela se aproximou, agarrou meu pescoço e me beijou.

Eu congelei por alguns segundos antes de empurrá-la com cuidado e me levantar do sofá.

— Lizzy, não seja estúpida.

— Tem certeza que sou eu a estúpida aqui? Eu sei que você sempre teve sentimentos por mim, George, mesmo depois de tudo.

— Não. De jeito nenhum. Eu tenho outra pessoa agora e podemos não ser tão sérios quanto eu e você fomos, mas eu gosto de Summer e quero continuar tendo o respeito dela — eu disse e me surpreendi ao perceber que falava sério.

Não esperei uma resposta de Lizzy, apenas lhe dei as costas e desci as escadas. 

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