TRINTA E UM

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SUMMER

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SUMMER

Eu fui atrás de George sem pensar duas vezes.

Não fazia ideia da história por trás daquele surto com seu irmão, mas eu sabia que precisava conversar com ele, afinal quantas vezes George já não fez o mesmo por mim? Eu queria retribuir da mesma forma. E, claro, eu também estava preocupada com ele.

Carver não era o tipo de cara que simplesmente explodia como fez no campo.

Eu consegui encontrá-lo na rua perto do estacionamento. Corri para alcançá-lo e toquei seu braço. George se assustou, mas quando viu que era apenas eu, a expressão tensa no seu rosto desapareceu. 

— Está tudo bem? — perguntei. Ele voltou a andar e eu acompanhei. 

— Eu não quero falar sobre isso, pra ser sincero — George respondeu, enfiando as mãos nos bolsos.

Ele ficou em silêncio por um longo tempo, mas acabou falando de qualquer jeito:

— Sabe, eu sempre quis ter uma família unida. Eu sei que é besteira, mas achava que éramos assim até mamãe morrer. Ela era como a bússola que mantinha nós três no caminho... Ela aguentava todas as merdas que meu pai fazia apenas para que eu e Fitz tivéssemos uma família normal... —  ele suspirou — Só quando cresci, percebi o quanto ela teve que sofrer para fazer isso.

Olhei para George. Seu cabelo parecia mais loiro do que castanho por causa do sol e caía sobre sua testa. Desse jeito, todo encurvado e evitando meu olhar, ele parecia mais vulnerável que o normal. Eu não gostava disso. O George que eu conhecia tirava sarro da minha caneca de Crepúsculo e agia como se fosse superior a mim.

Ao mesmo tempo, ele estava revelando um lado oculto da sua pessoa. Um lado que ele não deveria demonstrar para muita gente, que tentava desesperadamente compensar a perda da sua mãe. 

Eu me sentia especial por isso e também sentia a necessidade de ajudá-lo de alguma forma.

— Acho que essa foi a principal razão pela qual pedi Lizzy em casamento. Eu gostava dela, porém sabia no fundo do meu coração que não daríamos certo, mesmo assim fiz a proposta, porque estava desesperado para ter algum laço com alguém.

Cruzei os braços para me aquecer e evitar a vontade de pegar na mão de George. O sol estava abaixando no horizonte e começava a esfriar. Eu vestia apenas um vestido com tecido fino demais. 

— Eu entendo — falei. Ele me olhou e sorriu triste — Olhe, eu não sei qual a história entre você e Guy... Ou Fitzwilliam, qualquer que seja o nome desse idiota... — George riu— Mas me parece que ele quer reatar esse laço entre vocês. 

George encarou o horizonte. Nem havia percebido o quanto tínhamos andado. O clube ficou para trás e entramos em uma área feia e cinzenta de Hollywood. Tinha alguns prédios com a tinta descascando e as paredes rachadas, além de alguns comércios pequenos. Nunca tinha andado por esse lado da cidade.

— Talvez — Foi tudo o que George disse — Você não precisava ter vindo atrás de mim.

— Nós somos amigos que se odeiam, é claro que eu viria.

Isso arrancou outro sorriso de George.

Eu parei, de repente, e olhei para o outro lado da rua, na direção de um prédio de tijolos vermelhos com cinco andares. Tinha uma placa de "Aluga-se" pendurada nas portas duplas de vidro. Olhei ao redor. Não parecia um lugar ruim. As janelas estavam intactas. Uma senhorinha de sessenta anos saía do prédio com um cachorrinho. Parecia... confortável.

— Summer? — George me chamou — O que foi?

— Acho que eu deveria pegar mais informações sobre aquele apartamento.

— O apartamento de dois cômodos? — George leu a placa e franziu o cenho — Para quem? Você? — ele arregalou os olhos e eu assenti — Você quer trocar seu apartamento de dois andares por isso

— Você acha que eu sou uma garotinha mimada que não pode viver no subúrbio?

— Sim — George respondeu sem hesitar. 

Estava pronta para abrir a boca e começar uma discussão, mas ele ergueu a mão para me silenciar. Aparentemente, alguns hábitos nunca mudariam, mesmo que nossa relação tivesse mudado. 

— Por que isso agora? Pensei que o dinheiro do brechó tinha sido o suficiente para pagar o condomínio.

Ah, certo. George não sabia que minha tia me despejou do meu próprio apartamento. Eu estava considerando contar isso para alguém —  seria bom desabafar —,  mas minha primeira opção era Harmonie e não sei se estava preparada para sua cara de julgamento. Ela era uma amiga maravilhosa em todos os aspectos, porém seu jeito "certinho" era um problema às vezes.

Havia Maisie. Sim, Maisie. Ela era filha dos meus tios e entendia a pressão esmagadora que eles colocavam em nós duas, talvez ela me entendesse também nessa situação. Ela provavelmente já sabia tudo sobre a briga, então facilitaria bastante o processo. Mas essa opção acabou sendo descartada por motivos óbvios.

Por fim, tinha George. 

Não consegui encontrar nenhum motivo para não falar com ele sobre isso.

Então, contei de como eu e minha tia brigamos no saguão do meu apartamento. Falei das exatas palavras que gritei para Agatha, daquela raiva guardada no meu peito e, no final, do prazo de um mês para deixar o apartamento.

George ouviu tudo com atenção e nem mesmo franziu o cenho do jeito irritante que fazia quando estava me condenando pelos meus atos.

— E agora fui demitida, então não tenho muitas opções a não ser arrumar um lugar mais barato — engoli em seco, abraçando meu próprio corpo —  Eu sei o que está pensando, eu sou a pior bagunça que já passou pela sua vida.

Ele riu uma risada rouca que enviou arrepios pelo meu corpo.

— Provavelmente — Carver falou — Olhe, podemos arrumar algo melhor que esse lugar —  ele apontou para o prédio — Eu tenho alguns amigos que podem te alugar um apartamento bom e em conta, apenas me deixe te ajudar.

— Está bem — sorri — Obrigada.

Ele sorriu de volta e passou o braço pelos meus ombros. Sem pensar duas vezes, eu passei os braços pela sua cintura e abracei Carver. Ele ficou parado por alguns segundos, provavelmente surpreso pela minha atitude, mas acabou fechando os braços pelo meu corpo também.

Eu encostei a cabeça no seu ombro e aspirei o cheiro forte do seu perfume. Pela primeira vez em dias, eu me senti segura. Tudo ficaria bem... E se não ficasse, George estaria a uma ligação de distância.  


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