No dia seguinte

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RAVENA

Eu nem recordava de como cheguei na torre do salão da Corvinal, e se tentasse, as memórias estariam completamente enevoadas, até porque, a última lembrança realmente forte que eu tinha, eram os lábios de Edmund nos meus há uns 10 minutos sob as estrelas. 

Estava tão no automático que só me liguei quando a voz da aldrava pronunciou:

— Se você olhar para o meu rosto, não encontrará treze em nenhum lugar! 

— Qualquer mesa da professora Trelawney. — a voz de Edmund respondeu atrás de mim. 

Virei-me risonha para o garoto, que sustentava um sorrisinho. A aldrava começou a negar com um tom quase ofendido, provavelmente iria defender a professora de Adivinhação, mas eu a interrompi antes que o monólogo fosse iniciado. 

— É o relógio. — respondi rápido. Foi bem fácil, até. Acho que ela estava com sono, geralmente dura um tempinho para descobrir. 

A porta foi aberta e me esgueirei para dentro logo quando Edmund ia me acompanhando, isso me fez parar e ficar no meio da entrada. 

— Para onde você pensa que vai? — perguntei fingindo autoritarismo. 

— Te acompanhar até o seu dormitório. — respondeu ele simplesmente, como se não estivesse cheio de segundas sugestões, encostando o cotovelo na maçaneta, relaxado. E aí, exclamou repentinamente após um barulho como ranc soar: — AU! — e se afastou esfregando o braço. — Ela me mordeu! 

Indignado com a cotovelada de Edmund, a aldrava reclamou muito pomposa:

— E os seus modos, rapaz? Nunca lhe ensinaram? 

Uma risada escapou da minha boca. 

— Acho melhor você buscar bons modos no seu dormitório. — falei, já fechando a porta na cara dele. — Boa noite. 

Quase pude ouvir a voz de Edmund dizendo que aquilo era mal educado, mas não esperei e me apressei para arrebentar a porta do meu dormitório e pular em cima de Tarva, abraçando suas costas, que gemeu com o meu peso a amassando. 

— Eu consegui conjurar o patrono. — sussurrei. 

Tarva virou-se rapidamente, me jogando para o lado, e logo em breve estaríamos deitadas de lado, encarando uma a outra. 

— E o que é? — perguntou ela, também sussurrando. 

— Um corvo. 

— Combina com seu nome. — analisou ela, com os olhinhos brilhando por conta do reflexo da lua. Então, ela sorriu maliciosa após fazer uma varredura no meu rosto. — Estava com Edmund? 

— Como você sabe? 

— Seus lábios estão inchados. — respondeu ela. Peguei o lençol e cobrir meu rosto, tentando esconder meu sorriso idiota. Tarva puxou o pano para baixo; ela sorria abertamente agora. — E você deixou ir? 

Foi uma referência ao que ela me disse sobre beijar no dia que fiquei com Digory no Três Vassouras, tempos atrás. Confirmei com um aceno de cabeça. 

— É. Eu deixei ir.

AINDA NO SALÃO DA CORVINAL

Eu dormi agarrada com Tarva naquela noite, após quase uma hora de fofoca, e portanto, não sei qual foi o momento que adormeci. Acordar na manhã seguinte com o uniforme de Hogwarts todo amassado pareceu muito reconfortante, e me fez lembrar do porquê em estar usando ele; não havia sonhado. 

De repente, me senti boba. Boba do tipo, quando você consegue algo que queria muito, como um livro novo, e ficar admirando só por tê-lo ali, mesmo que não vá ler imediatamente. Edmund era o meu livro novo, não que eu fosse colocar ele na minha estante de conquistas e me gabar que o tenho, mas no sentido de que eu iria cuidar dele como se fosse um tesouro, e que iria lê-lo, e reler outra e mais uma centena vezes, e descobrir coisas novas que não havia percebido antes. Era isso.

Clichê através dos anos [Edmund Pevensie x OC]Onde histórias criam vida. Descubra agora