Expresso & outras coisas

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RAVENA

Quanto mais você chega perto do fim da sua vida escolar, mais você afunda em monólogos internos sobre seu futuro trágico e incerto. "O que você quer ser quando crescer?" é uma pergunta que é reservada para crianças, a parte ruim, é quando você cresce e não sabe o que se tornar, e pior ainda quando todos à sua volta tem uma ligeira certeza sobre isso. E eu não tinha certeza de nada. Na verdade, eu não fazia a menor ideia do que ser quando estivesse crescida. E isso me deixava muito assustada porque… eu já ESTAVA crescida. Ok. Só faltavam poucos níveis.

E eu não queria ser uma fracassada.

Ser a Gwen Stacy ao lado do Andrew Garfield nas telas de cinema era uma delas, admito, mas infelizmente estava fora de questão, até porque minha realidade não girava em torno dos meus desejos antes de dormir. E não acham que aceitariam uma adolescente de 15 anos para o papel.

Quando acompanhei Lucy na corrida em direção à parede da estação, fechei meus olhos como sempre fazia, e um frio na barriga surgiu junto com o medo de simplesmente bater nos tijolos da estação de King's Cross, mas nunca veio: em vez disso, o velho Expresso de Hogwarts estava lá, nos aguardando, como sempre.

— Eu sempre acho que vou bater. — disse Lucy para mim, acho que lendo meus pensamentos.

— Vamos evitar atravessar às 11h, aí teremos motivo para ter medo. — respondi, olhando em volta, procurando Tarva, mas não vi ela em momento algum por ali, talvez estivesse atrasada.

Ao guardarmos os malões, Edmund se ofereceu para fazê-lo pra mim. Não perdi a oportunidade de começar:

— Ah, agora você é um cavalheiro! — cruzei os braços sobre meu peito.

— Eu sempre fui, você que é mal agradecida. — respondeu ele, segurando meus antebraços e os abaixando levemente, impedindo algo de estar entre nossos corpos.

O movimento fez meu coração dar um salto e acho que dei um passo para trás, porque minhas costas bateram na lataria do trem repentinamente.

— Eu chamo de independência. — falei, dando de ombros. E então, Edmund encostou seu braço ao lado da minha cabeça, seu rosto abaixado para encarar meus olhos e a expressão de um… de um… salafrário. Pelo canto do olho, vi Lucy se afastar. — O que? — soltei, ainda na defensiva, erguendo uma sobrancelha e já sentindo o cheiro do perfume dele. — Vai me beijar?

— Eu poderia, mas você teria um surto psicótico e me bateria. — resumiu Edmund, dando um pequeno sorriso. — Então me contento vendo você ficar vermelhinha. — e apertou de leve minha bochecha esquerda.

Não façam isso com pessoas levemente emocionadas, por favor, costuma causar euforia, desespero e uma dose alta de adrenalina.

— Eu não ia te bater. — rebati, sentindo minhas mãos suarem. — Na verdade, eu…

— RAVENA! — uma voz conhecida soou, me fazendo desviar a atenção.

EDMUND

Poderia dizer que quase revirei os olhos, mas desrespeitosamente, eu realmente fiz isso; foi impossível não fazer. A voz de Digory Kirke fez Ravena virar-se contra ele, e então me afastei dela lentamente e a observei indo de encontro ao garoto, que parecia extremamente satisfeito em ser um empata foda. Eu sabia, ele fez de propósito.

— Dig! — exclamou Ravena animada e o abraçando, e passou a mão pelos cabelos dele, parecendo chocada. — Você deixou ele crescer! Está lindo!

Ah, claro. Uma peruca molhada e sebosa. Lindo.

— Eu fiquei um tempão de cama, quando fiquei bom mesmo, gostei do cabelo assim. — o rapaz deu de ombros e eu nem vou contar o show de atuação que ele fez quando fingiu me ver pela primeira vez ali, como se não tivesse cortado completamente o momento. — Edmund!

Clichê através dos anos [Edmund Pevensie x OC]Onde histórias criam vida. Descubra agora