Alexa, play Teardrops on my Guitar

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RAVENA

Meu riso de felicidade pelo namoro da minha melhor amiga escorregou com a última resposta de Tarva. 

Sabe quando o pneu freia na pista de forma repentina e faz aquele barulho antes de se chocar com outro carro e em seguida provocar uma explosão gigantesca? Foi quase isso. 

Mas só durou um segundo antes que meu cérebro trabalhasse e eu disfarcei com uma expressão de choque, que era verdadeira também. Edmundo estava namorando com Tarva? Eu estava completamente chocada e… 

E feliz! 

Era a minha melhor amiga que estava muito apaixonada e ela estava muito animada, então eu estava animada também. 

E é claro que voltamos a pular pela cama, e Tarva voltou a tagarelar feliz das vezes que se encontrava com Edmund – e não Corin – na biblioteca, depois das aulas e… na torre de astronomia

Não sei qual foi o pior momento: escutar aquilo tudo forçando inconscientemente uma alegria que não existia ou na hora de dormir, enrolada nas cobertas, tentando segurar algumas lágrimas que insistiam em cair no meu travesseiro. 

Me sentia péssima. Por que eu não estava feliz pelo namoro de Tarva? Feliz de verdade? Eu não queria ser falsa com ela, nem comigo mesma. Vamos, Ravena. Se você está mesmo feliz com isso, porque seu coração aperta tanto ao ponto de você chorar? Queria que a tia Becky estivesse ali, ela saberia o que fazer. Observei a janela com neve acumulada no parapeito e fiquei feliz por ser quase Natal, então iria voltar para casa bem em breve. 

CASA DA TIA BECKY

A janela do meu quarto também tinha neve acumulada no parapeito, mas ao invés de ter o exterior de Hogwarts como vista, era um conjunto de casas e apartamentos em Londres. Tia Becky entrou escancarando a porta do quarto carregando biscoitos em uma bandeja. 

— All I want for Christmas is youuu! 

Mas parou ao ver meu estado de espírito: deitada na cama, de pijama, o cabelo preso em um rabo de cavalo torto e bagunçado, os olhos tristonhos. 

— Fiz os biscoitos sozinhas, sua dorminhoca. — disse tia Becky suavemente, colocando a bandeja na mesa de cabeceira. Ela sentou-se na beirada da minha cama. — Vou ficar aqui até você contar. 

Eu não estava com fome, mas não queria que tia Becky ficasse triste, eu sempre cozinhava os biscoitos com ela e amava! Mas dessa vez, não estava no clima. Sentei na cama e a olhei com os ombros caídos. 

— Você já ficou triste porque alguma amiga sua começou a namorar? 

Tia Becky certamente não esperava por isso. 

— Você quer dizer quando o cara é um babaca e ela continua com ele mesmo assim? Ou quando eu gosto romanticamente dela e fico triste? 

Neguei com a cabeça. 

— Não. E ele não é um babaca, quer dizer, já foi mais, hoje é… sei lá. É difícil explicar. Mas não é isso. — suspirei. — Você quer ficar feliz… Feliz por Tarva… — a minha garganta pareceu fechar e eu precisei de um momento. — E pelos dois. Mas você não consegue porque isso… — apontei para o meu coração. — dói muito. 

E aí, as lágrimas voltaram sem a minha permissão e escorreram pelas minhas bochechas. Tia Becky me puxou para um abração, daqueles bem gostosos e quentes, que parecem que vão tirar toda a sua dor apenas com aquele aperto. 

— Qual o nome dele? 

Mordi o lábio inferior, me perguntando como tia Becky parecia saber fazer as perguntas certas. A pergunta que me fez chegar a conclusão que eu estava evitando chegar nos últimos dias e provavelmente ignorando nos últimos meses e talvez anos:

Clichê através dos anos [Edmund Pevensie x OC]Onde histórias criam vida. Descubra agora