Vovô e a última pegadinha

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EDMUNDO

O vovô era um cara legal, nós adorávamos ele… Tanto que ele foi até morar com a gente há um tempo.

E como era férias de verão, estava um tédio só. Aravis não podia me visitar, estava viajando para o Oriente Médio para visitar alguns parentes e… Pedro não estava muito afim de treinar Quadribol, esse próximo ano seria o último dele em Hogwarts, então ele tinha que ficar estudando para os NIEMs. Susana parecia só saber trocar cartas e Lúcia estava seguindo os caminhos dela.

E aí, eu fiquei sem opções. 

Devia ser só um susto. 

Era pra ser engraçado. 

Mas ao invés de Lúcia abrir o armário de vassouras e ser surpreendida com fogos de artifícios mágicos que seriam acessos assim que ela abrisse, foi o vovô quem abriu.

Nem deu tempo de gritar antes que ele abrisse, avisando. Apenas explodiu. 

E eu assisti paralizado o meu avô tropeçar em seus pés, completamente assustado, e sair rolando escada abaixo. 

Com o grito preso na garganta, as mãos gélidas e as pernas parecendo geléia, corri até o início da escadaria, onde o vovô estava caído e desacordado. 

— PEDRO! SUSANA! — berrei o mais alto que consegui, mas mesmo assim, não pareceu o suficiente. — PEDRO! — gritei mais alto, caindo de joelhos ao lado do vovô. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Por favor, esteja vivo. 

Virou uma prece enquanto eu checava seu pulso, mas não senti nada no primeiro momento. Nem no segundo. Um soluço escapou dos meus lábios enquanto eu olhava para cima após escutar a correria dos meus irmãos. Vi primeiro a cabeça de Susana no primeiro andar, antes que ela perguntasse o que houve, viu a cena e se apressou para conjurar um patrono. Enviou uma mensagem para alguém. Mamãe. Pedro e Lúcia já estavam ao meu lado, um gritando por informações, que expliquei rapidamente por cima, a outra chorando. Mamãe desaparatou na cozinha, jogando as compras no chão e gritando também. Susana apareceu no meu campo de visão implorando por calma. 

Não prestei muita atenção nos detalhes, ficou tudo muito confuso e como um borrão. Mas agora, eu estava sentado em uma cadeira de madeira do St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos, o hospital dos bruxos, perdido em pensamentos. Ou talvez em pensamento nenhum. Meu coração pesava demais, e agora, tudo parecia muito distante. 

Eu estava rodeado de pessoas desconhecidas, mas a sensação era mais vazia do que nunca. 

Não lembro como, mas estava em um elevador que levava até o quarto andar - Danos por Magia, sendo acompanhado por Pedro. 

— Eu avisei que essas brincadeiras… — começou Pedro com impaciência, mas eu sabia o que ele ia falar, e não estava afim de escutar. 

— Sei o que você vai falar. — o interrompi. 

A porta do elevador abriu, mas não saí do espaço já que o braço do meu irmão impediu a passagem. 

— Não. — ordenou Pedro. — Agora você vai ouvir. — inspirei fundo e ergui o queixo, o encarando nos olhos. Me arrependi. — Chega, Edmundo? Perdi as contas de quantas vezes eu briguei com você para defender Lúcia ou até mesmo Susana, tudo por conta das suas manias idiotas de parecer uma criança quando já deveria ter crescido a muito tempo. 

Pedro não parecia bravo, estava decepcionado. Seus ombros estavam caídos e abaixo de seus olhos havia profundas olheiras. Vê-lo assim era pior, preferia que estivesse gritando. 

— Foi sem querer, não era pra ter acontecido aquilo. 

— E se fosse Lúcia? Se fosse Lúcia ali? — Pedro apontou para a porta afora. — Você se sentiria melhor? 

A minha garganta fechou-se, não consegui responder em voz alta, então neguei com um movimento de cabeça. Pedro ficou em silêncio e encontrei a voz:

— Me desculpe. 

— Se o vovô estivesse morto, não seriam desculpas que iriam trazê-lo de volta. — disparou o meu irmão. — E não é a mim que deve desculpas. Nós protegemos a família, não brincamos como se fosse uma marionete. — disse Pedro, baixo, com um olhar duro. — Você deveria ser o primeiro a saber disso. Cresça, Edmundo. 

Pedro abaixou o braço e deu as costas, finalmente saindo do elevador. 

Ao entrar na sala comprida que havia disposto vários leitos, não demorei para encontrar meu avô deitado. Me aproximei devagar para encontrá-lo dormindo. E ele não acordou por um bom tempo, me fazendo recordar os acontecimentos da manhã. 

Pedro tinha razão, como sempre. Minhas mãos tremiam e eu só podia pensar no quanto vovô tinha sorte por estar bem. Ou eu também tinha sorte. Ou nunca me perdoaria se ele não estivesse… Inspirei fundo, tentando pensar em outra coisa, sem sucesso. Era como um vídeo em loop que se repetia infinitamente dos acontecimentos.  E eu não parava de imaginar situações nas quais tudo saía diferente. 

Um movimento a minha frente e uma mão do vovô segurou a minha, me assustando. Ele havia acordado e eu nem tinha percebido! 

— Onde está o chapéu que eu lhe dei de presente, Franco? — perguntou vovô com rouquidão. 

Forcei um sorriso. 

— Sou eu, vovô. Edmundo. — expliquei devagar e alto. Ele me confundiu com o papai, e pensar nele também me fez ficar triste. 

— Ah, sim, Edmundo… Você parece com ele. 

— Só uns 25 anos mais jovem. — respondi forçando um outro sorriso. Vovô apertou minha mão em resposta. 

— Isso é só um detalhe. 

Minha boca tinha um gosto estranho, talvez fosse o arrependimento que era muito amargo. Vovô parecia sendo o mesmo vovô de sempre. 

— Você vai voltar para casa logo. — tentei puxar assunto. — Sinto muito por ter feito você vir parar aqui. 

— Não tem que pedir desculpas. 

— Não está bravo ou magoado comigo? 

Vovô sorriu e apertou minha mão com mais força. 

— De que serve a família se não for para amar, brigar e perdoar em seguida? 

Quando mamãe chegou com Lúcia para ver o vovô, fiquei em um canto com um ar pensativo, mas tenho certeza que Pedro andou me observando esse tempo inteiro. De qualquer maneira, quando o horário de visitas chegou ao fim e tivemos de ir embora do St. Mungus, a única certeza que eu tinha era que a partir daquele momento, algumas coisas nunca mais seriam as mesmas. 

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Notas: E então??? o que acharam do capítulo? Comentemm!! eu já disse que adoro quando vocês comentam?!

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bjsss 💕

Clichê através dos anos [Edmund Pevensie x OC]Onde histórias criam vida. Descubra agora