Parabéns

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RAVENA

— Feliz aniversário, Lu! Desculpe por não poder ir, mas a minha avó iria culpar a minha mãe, enfim, seria uma bagunça e uma briga sem fim. — disse a voz de Tarva via Skype, a nossa amiga agora estava com um fundo diferente do qual eu estava acostumada, não era o quarto dela, óbvio.

— Está tudo bem! E você? Está bem? — perguntou Lucy, curvada sobre a mesa de computador. Tarva parecia deprimida bem antes das férias, mas não queria contar o que aconteceu além de que os pais dela estavam brigando muito, achamos o assunto sensível, então não insistimos. Agora descobrimos que eles se divorciaram, e Tarva estava passando metade das férias na Coreia do Sul com o seu pai.

— É que… — Tarva suspirou, coçando o couro cabeludo. — Eu não queria que acabasse assim, e agora eu tenho que ficar sendo jogada pra lá e pra cá feito um saco de batatas. — a garota outro pra baixo e pareceu cutucar as unhas. — E ainda tem o tópico "eu", quer dizer, eu sei que sou o que faz eles ainda serem interligados, mas meus pais não parecem querer ter mais contato, então me sinto uma pedra debaixo do sapato deles.

— Tarva, você não devia ser vista como incômodo e seus pais deviam saber disso mais do que nunca. — comentei alisando suavemente os cabelos de Lucy. — Você já conversou com eles sobre isso?

— Não… — foi a resposta dela.

— Minha mãe sempre diz que uma boa conversa resolve tudo. — falou Lu, toda fofa. — Ou quase tudo…

— E como está sendo suas férias? — mudei de assunto depois de uns segundos de silêncio.

— Bem legal! — respondeu Tarva. — Na semana passada, meu pai me levou ao Namdaemun Market, lá é tipo, o maior mercado do país… Tem de tudo lá. Olha o que eu comprei. — a garota saiu de frente da câmera e voltou com um celular em mãos. — Para o nosso experimento em Hogwarts!

Agora eu fiquei animada, principalmente porque não ia sacrificar meu smartphone caso desse errado e o aparelho pifasse em Hogwarts.

— Poderia comprar uma fita pra grudar na boca da Ravena! — disse Lucy se afastando de mim antes que eu a empurrasse da cadeira. — Tem duas semanas que ela resolveu bater ponto na minha porta e brigar com Edmund de madrugada, e detalhe: com ele sem camisa.

A cara de Tarva foi impagável, mas acho que a minha foi melhor, porque estava negando e sorrindo ao mesmo tempo.

— Mentirosa! Só aconteceu duas vezes… — neguei, cruzando os braços.

— Lucy Pevensie nunca mente. — gritou Tarva do outro lado.

Lucy deu um pulo da cadeira e resolveu me imitar, mas antes, correu até a porta para checar se não tinha alguém vindo. A garota voltou gesticulando, parecia ansiosa pra fofocar aquilo tudo.

— TODA MADRUGADA ela resolve que está com sede. — Lucy bateu uma palma e pôs as mãos na cintura. — Ela ACHA que eu tô dormindo, mas eu só finjo pra saber qual é a desculpa que ela vai dar pra minha parede, quer dizer, pra QUALQUER COISA que ela acha que está escutando! "Ai, que sede!" e aí, levanta e sai. E volta dez minutos depois, encosta na minha porta e fica debatendo com meu irmão. Aí eu fico pra escutar, né? Nossa, Tarva! Nem novela mexicana pensaria em diálogos tão toscos! Nossa, e o Edmund? Toda madrugada ele tem alguma coisa pra resolver lá embaixo. Na verdade, eu até acho que durante o dia ele quebra algo de propósito, tipo a maçaneta da porta, só pra ir consertar durante à noite igual um trouxa e ficar lá, se mostrando, se achando o Jacob de Crepúsculo! Edmund cobre isso, ninguém quer ver isso aí, não! Quer dizer, a Ravena quer, né? E como se não bastasse ele faz questão de fazer barulho quando passa pelo corredor, certeza que é pra Ravena saber que ele tá indo pra cozinha. E agora vem a melhor parte: eu venho notando umas manchas no corpo dele, tipo, primeiro foi nas costas, tava meio vermelho, aí depois no ombro, e depois no peito… Gente… Eu morro de curiosidade de saber o que diabos esses dois fazem lá embaixo, mas morro de medo no mesmo nível de pegar uma prática meio masoquista e sair traumatizada!

Clichê através dos anos [Edmund Pevensie x OC]Onde histórias criam vida. Descubra agora