[02] Não rezo para Jesus

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Boa leitura!

Seul / Cassino Paradise. 13/08/2021 / 11:39 PM

As pálpebras quase fechadas era um sinal dos mirantes castanhos fitando a pequena moeda. Esta que Park lançava para cima com os dígitos, sempre aparando-a antes que caísse sobre o balcão de carrara.

Ao som apreciado de uma bela sinfonia de Mozart, um pouco distante de todos os jogadores, encontrava-se o ômega, momentaneamente, taciturno. Os dedos repletos de anéis prateados seguraram o pequeno copo, levando-o até a boca e engolindo de uma só vez o shot de whisky.

Trajado em sociais arroxeadas e sapatos perfeitamente engraxados, Park Jimin marcava uma forte presença, sendo o foco de atenção de muitos olhares curiosos e devoradores. Era impossível passar desapercebido quando, utilizando uma calça deveras justa, realçava suas coxas fartas ao sentar-se na banqueta. Não descartando a beleza extraordinária e o distinto odor inebriante, somado ao desejo carnal de alfas sobre um corpo jovem.

O cassino estava cheio, reverberando as vozes animadas dos jogadores viciados que gritavam vez ou outra, eufóricos por uma provável vitória.

Ao topo da escada à esquerda, dois alfas de grande porte controlavam a entrada e saída de cada um na porta atrás de si, claramente, permitindo somente pessoas específicas.

Entrar ali era o objetivo de Park. Ou melhor, encontrar quem estava por trás daquela porta.

Jimin assistiu um dos seguranças da área restrita descer o lance de escadas, posicionando a destra sobre a orelha.

Era sua deixa.

Levantou-se da banqueta e seguiu um caminho de sentido perpendicular ao que o alfa traçava, atuando a sua melhor expressão inocente ao executar uma colisão acidental contra o homem.

- Oh! Perdão. Você está bem? - o mais alto preocupou-se, pensando na possibilidade de ter machucado um pequeno e frágil ômega.

- Estou bem, não se preocupe. - proferiu com um meio sorriso, desviando seu olhar rapidamente e seguindo em direção ao banheiro, que por pura sorte, localizava-se na mesma direção e sentido que caminhava inicialmente.

Um dos maiores erros das pessoas é subestimar outras. E o daquele alfa, foi não ter desconfiado de um ômega delicado e inocente.

Sorrateiro, inspecionou o local. Após certificar-se de estar sozinho, adentrou uma cabine e instalou o fone da escuta em sua orelha. Ouvia passos e várias vozes altas, sinal de que o homem ainda estava entre os apostadores.

Jimin esperou pacientemente, sentado no vaso fechado, retirando uma sujeira imaginária entre suas unhas. Um outro hábito compulsivo.

Ele notou uma atenuação das vozes e logo percebeu que o homem estava de volta em seu posto. Após isso, Park apenas aguardou quietinho.

- Código de entrada? - Um dos seguranças indagou, devido a aproximação de alguém.

- RU003K9

- Passagem liberada.

Jimin sorriu travesso, retirando o fone do ouvido e saindo da cabine individual. Destruiu o aparelho e o enrolou em um papel, descartando em seguida na lixeira. Pelo que descobriu, o código de entrada mudava todos os dias, mas isso era apenas um detalhe.

Seus passos eram leves e confiantes, carregando a sutileza de alguém importante e desejado. Park era um arquétipo singular da ganância, e a precisão que investia em cada uma de suas buscas era de extrema relevância para o "não" que jamais ouvia. Ele tinha quem queria, mas para isso, era hábil, sendo perspicaz em cada decisão.

Kairos Máfia • ABO  |  JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora