CAPÍTULO SETE: FAMILY

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Publicado: Março de 2015.

Qual é a dependência para a felicidade? O que traria a redenção de alguém? Como desistir de si próprio?

Nem todas as palavras de Gina evocaram as emoções no filho, como se este singular homem estivesse blindado e indiferente. Ulisses não tivera a chance de vivenciar certos momentos e agora não enxergava qualquer recomeço, não para os antigos sonhos.

Ele ergueu-se assim que o novo sócio entrou.

— Finalmente apresentados, senhor Slughorn.

— Devo me desculpar por cancelar a viagem mês passado, mas creio que Enrico substituiu-me perfeitamente. Além disso, o projeto foi arquitetado por ele.

Marcus apertou a mão de Ulisses, notando as semelhanças dele com o irmão. Não seria realmente a primeira vez que os grupos Slughorn e Dream estariam envolvidos no mesmo negócio. John e Enzo tinham iniciado essa parceria, mas o empresário reconhecia que Ankh seria o primeiro feitio nos Estados Unidos, inovador e dinâmico.

— Vamos concordar que somos todos importantes nessa sociedade, senhor Slughorn.

— Não vejo objeções, senhor Dream, mas prefiro que utilize meu nome.

— Faço de suas palavras as minhas, Ulisses — o outro concordou, acomodando-se na cadeira.

— Então, já conhecia São Francisco? — O italiano iniciou de maneira informal, cruzando a perna — Esperamos que sua estadia em nosso hotel demonstre o serviço que estou disposto a incluir no cassino.

— Bom, minha esposa e eu tivemos o privilégio de conhecer essa cidade alguns anos atrás, só não consigo descobrir um motivo justo para não termos regressado. Nossa filha geralmente prefere outros destinos nas férias — respondeu com ênfase — Ressalto que as instalações do hotel são irrepreensíveis.

Ulisses ignorou o elogio, a expressão desconcertante sobre a referência da filha do nosso sócio. Gostaria de ter averiguado antes da reunião, pois havia esperado que a jovem participasse ativamente. Calculava dezoito anos no máximo pelo tom utilizado no telefonema.

— Refere a jovem que atendeu minha ligação? — Ulisses perguntou com interesse.

— Ah, sim! Peço desculpas pela inconveniência de Verônica, minha filha está passando pelas tensões na adolescência.

Ele sabia como era essa fase, repleta de inseguranças e maneiras rebeldes como se fosse imbatível. Não havia grandes preocupações, apenas o esporte favorito ou o desejo de ser notado no colegial, geralmente o roteiro não mudava.

— Não me senti ofendido, somente surpreso com sua maneira perspicaz. Geralmente alguns filhos não querem participar dos negócios da família.

Marcus assentiu sorridente:

— Creio que tive sorte, mas às vezes sinto-me culpado — ele respondeu, pegando a maleta — Tem filhos?

— Não que eu sabia — Ulisses respondeu bem-humorado, escondendo o remorso diante as palavras. A paternidade nunca lhe chamou a atenção depois dos trinta, limitando-o a pensar em aderir como herdeiros os sobrinhos e seu afilhado. Além disso, não acreditava mais no casamento por amor e não teria paciência para manter o matrimônio como uma relação comercial. Sophie era um excelente modelo.

— Posso afirmar que é uma grande realização.

Ulisses arqueou a sobrancelha. Seu ímpeto pedia mais informações sobre a jovem do telefonema breve, mesmo que tivesse lhe causado uma boa impressão, pouco conhecia em relação à vida pessoal de Marcus Dream. E sua curiosidade era baseada no orgulho abalado, Verônica tinha sido audaciosa em desligar.

— O arquiteto realizou algumas modificações — Marcus articulou, iniciando a curta explicação sobre a estrutura.

A localização do Cassino Ankh era estratégica e ambos conheciam os empecilhos iniciais.

O almoço transcorreu ao redor de assuntos do trabalho e Ulisses aproveitou a ocasião para descobrir novas informações sobre a família Dream. Segundo Enrico, além dos cassinos possuíam lojas no setor de vestuário e mantinham duas organizações sociais, que centravam em crianças carentes e pesquisas para a cura de doenças.

— Verônica com certeza gostaria — Marcus articulou após um comentário de Enrico.

— Quantos anos têm? — Ulisses intrometeu, os olhos passeando pelo restaurante em busca de companhia para o final do dia. Ainda recordava da bela mulata no evento e no tardar da noite em uma das suítes do hotel.

— Quase dezessete e logo teremos o caçula — Marcus respondeu, uma leve ansiedade no olhar.

Enrico riu bastante encabulado.

— Talvez mude de ideia, apaixone por algum curso de moda ou arte e encontre o rapaz ideal na universidade. Aconteceu com nossa irmã e hoje tudo que Rita pensa é na cortina que colocará na sala — Ulisses argumentou, chamando o garçom.

— Improvável! Quando tem um objetivo só se contenta ao alcançá-lo, Ulisses. Sua sagacidade é irrefreável que até critica o namorado por não ter o mesmo empenho. Verônica gosta de ser independente e eu confesso que sou um pai com bastante orgulho, tanto que percebo o quanto monopolizei a conversa.

— Gostamos desses laços, Marcus, é uma ótima forma de conhecer aqueles que nos cercam — Enrico retrucou — Peça para enviar o currículo assim que formar — sugeriu, erguendo o copo de uísque.

— Desejoso de roubar a filha? — Ulisses brincou.

— Se Verônica for a metade do que nosso sócio está afirmando quero que participe do nosso time e faça tudo para nosso sucesso.

Ulisses sorriu com ironia, desacreditando nas palavras do irmão e do novo sócio. Não confiava em mulheres e tinha uma lista extensa de motivos comprovados.

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