CAPÍTULO DEZOITO - HOME

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Publicado: 05/12/2015

Caro relato, eu gostaria de exclamar sobre o tempo que passou, mas foram meras dezessete horas, um período exato após a grande descoberta, nada há para ser dito sobre o passado. É como se eu já não fosse controlada pelo relógio e a bússola que me trouxe a São Francisco tivesse sido jogada ao mar. Posso afirmar essa grandiosidade? Parte de mim está feliz por April, minha mãe biológica, ter me amado independente de tudo.

Ulisses? Esse nome não abandona minha mente, assim como teu dono.
Eu não consegui expulsá-lo de minha vida.
E nesse momento encontro-me fitando seu perfil... Sinto os fios de nylon serem cortados de meus braços, mas uma força me seduz para um caminho que questiona O Segredo.

— Dificuldades, Verônica?

Ao fitar a mulata, negou e manteve os documentos em mãos. Por mais que tentasse não era capaz de deter-se em um único assunto, Catrina havia pedido novamente pelo regresso de Verônica e até a avó reforçara a súplica. Mas a jovem sentia o incômodo, ainda não existia o ponto final.

— Eu já estou indo, preciso buscar meu filho na casa do pai — Zaira disse ao ajustar a alça da bolsa, suspirando — Tenho mais uma hora de controle emocional, então deixo para você o trabalho de expulsá-lo do escritório.

— Você sabe conquistar meu coração, Zaira.

— Até amanhã, Verônica.

— Mande um beijo para o seu rapaz e o recorde da promessa de ser meu genro.

Genro! Teria coragem de colocar uma criança no mundo diante das inseguranças? Verônica suspirou, para em seguida caminhar até a porta da sala de Ulisses, duas batidas de leve para entrar. Era nítida a mudança até em sua postura, e nada fugira da observação de Hugo quando o encontrara na semana anterior.

— Zaira finalizou o expediente?

— Sim, e acredito que a maioria dos empregados ao contrário de você — Verônica arrematou ao sentar e retirar os saltos — Sabe.... Estive repensando e como você garantiu que a regra é ser forte, não me sinto tão amedrontada por receber uma negativa da universidade, Ulisses.

— É melhor demonstrar o mesmo quando conhecer Jacob MCdoelin — ele disse, jogando uma pasta na direção da morena — Endereço e foto devem ser as informações relevantes, talvez.

Verônica enrijeceu ao pegar a pasta:

— Odiei meu nome, especialmente pelo apelido.

Ulisses fitou-a pela primeira vez desde que ela entrara. Não era o desejo de Verônica? Por que se mostrara levemente pálida e insegura?

— Verônica se não estiver preparada...

Ela meneou a cabeça com um sorriso que não convencionava com o cenho franzido.

— Investigação completa, apenas, não é um bom psicólogo, Ulisses.

O empresário ignorou o sarcasmo, a atenção totalmente voltada a jovem.

— Quando pretende viajar?

Verônica deu de ombros, respirando fundo:

— Depois do casamento de Pietra, de qualquer modo tenho que visitar meu irmão. Assim você ficará livre de mim rápido.

— Vou cronometrar o tempo, Dream — Ulisses articulou com uma piscadela, erguendo-se — Quer carona?

— Para a cidade?

— Me referia ao apartamento.

— Acho que vou refletir sobre quais provocações farei quando encontrar meu progenitor — ela deu uma risada forçada — Progenitor é uma palavra horrorosa e olha essa foto... Eu tinha que ser tão parecida com Jacob?

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