Capítulo Quatro (parte II)

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Verônica comemorou o strike que garantiu sua vitória. Era a primeira vez que se divertia longe do trio de amigas, e desde a revelação fora o único momento que sentiu totalmente normal. Ali não precisa fingir e esconder suas emoções.

— Até que para uma iniciante foi razoável — Hugo disse um pouco incomodado com a derrota — Mas quero revanche!

— É só marcar o dia e o horário — ela proferiu, jogando o copo na lixeira quando já estavam do lado de fora.

Acenou para o restante do grupo que seguia para o estacionamento, de algum modo seus pais conheciam sua localização e finalmente tinha se livrado da má impressão. Não seria inteligente criar julgamentos precipitados, aquelas pessoas compartilhavam da sua minudência.

— Vocês ficarão bem? — Yasmin perguntou, olhando com desconfiança para o casal.

— É claro, a princesa não irá me morder — ele respondeu com divertimento.

— Ele tem razão, Yasmin, não costumo experimentar carne de segunda.

— Touchê!

— Então vou para casa, juízo — a garota pediu, beijando a bochecha do rapaz e dando um abraço em Verônica — Vou torcer para que continue com a gente, mesmo não sendo um bando de riquinhos.

Verônica mordeu o lábio, envergonhada:

— Desculpa pelo que eu disse e, principalmente, as minhas ações.

—Interessante, resolveu jogar as armas no chão e hasteou a bandeira da paz. Eu gosto dessa decisão. Agora você sabe que estamos no mesmo barco, tem todos os motivos para odiar o mundo, mas saiba que nem sempre isso resolve o problema — a jovem argumentou, segurando-lhe as mãos — Queremos que continue fazendo parte do nosso círculo de amizade, por isso, não hesite.

— Obrigada — a morena disse antes que Yasmin se afastasse.

Hugo espreguiçou, colocando a mão ao redor de Verônica. Ela franziu o cenho ao ter o corpo puxado pelo rapaz, colando os quadris. Podia sentir a respiração quente em seu pescoço desnudo, embora se acovardasse em erguer o olhar para o encarar. Será que ele não sabia que poderia ser preso por assédio sexual?

— Dá para você me soltar? — Ela pediu incomodada.

— Você não sabe aproveitar o momento — Hugo disse, balançando a cabeça em desolação — Olhe para o outro lado da rua, mais precisamente acima das lojas. É uma bela imagem, uma pena que a fotografia não seja capaz de captá-la.

Ela atentou para as luzes sem compreender Hugo.

— Pode ser mais específico, pois está me confundindo desde o momento em que nos conhecemos.

Hugo sorriu de lado:

— Alguma vez você parou e observou a paisagem sem desejar lucro? Quer dizer, aqui estamos estáticos, enquanto há esses espetáculos de prédios. É estranho sermos normais morando numa cidade que para muitos é símbolo da perdição.

Verônica riu da ilógica do rapaz.

— É impossível, eu sou uma futura empresária do ramo "Gaste, divirta e perca, enquanto eu lucro".

— Você é uma verdadeira capitalista — ele criticou, apoiando o queixo no ombro dela.

— Ainda serei uma empreendedora de sucesso, quero que os Dream tenham orgulho de mim — ela disse em voz baixa, despreocupada com a proximidade do rapaz — Talvez esse seja meu maior sonho, não é o que vocês vivem repetindo?

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