Publicado: 01 de julho de 2015
Eu disse que talvez poderíamos ser como antes, quis confiar que tudo não passava de um mero pesadelo. Mas Bryan não estava comigo em meu aniversário de dezoito anos. Em câmera lenta desci as escadas da mansão Dream, recordando de meus momentos felizes, das vezes que Marie dera gritos por eu insistir em usar o corrimão como escorregador. Sorri para estranhos que fizeram parte da minha vida, pessoas que diziam me amar, porém não confiava para compartilhar meu segredo. Um segredo que me aterrorizava há três anos. Compartilhamos a mesa. Tudo uma bela encenação.
É início de dezembro e os empregados começaram a montar a decoração natalina. Ela usava um longo vestido laranja com estampas e perdera a contagem de vezes que Alexander pisou ou puxou o pano. Havia vestígios de mãos pequenas no tecido, mas Verônica não se importava... Balbucios, sílabas e algumas palavras saiam da pequena boca do menino.
— Cadê o bicho papão? — Verônica perguntou ao pequeno, fazendo uma careta, a voz tornando-se mais grave.
— Aqui! — Ele gritou, o sorriso demonstrando os poucos dentes, imitando o som da irmã.
— E ele é grande, Alexander?
O menino gargalhou, erguendo as mãos como garras.
— Oh, não! Meu irmãozinho é o bicho papão — Verônica começou a andar para trás devagar, mantendo os lábios entreabertos e a sobrancelha arqueada. Ela ouvia os empregados rirem da brincadeira, mas não se sentia incomodada por alimentar a imaginação de Alexander. Talvez ele viesse a ter um pesadelo no meio da noite, Verônica estaria em segundos ao seu lado, confortando-o.
— O que acha de se juntar aos adultos? — A ruiva pediu, experimentando outra bebida — Agora entendo por que minhas irmãs odiaram a ideia quando meus pais engravidaram de mim.
— Você é uma invejosa, Pietra — a outra jovem criticou, tocando o brinco.
— Realista, Fanny — ela apoiou os braços na bancada — E o namoro com o garçom? Eu estou realmente chateada com vocês, mudei alguns quilômetros e simplesmente fui descartada.
— Cala a boca, Pietra!
A jovem colocou o cabelo para o lado:
— É verdade, Susan. Observe o nosso grupo: eu fui para a universidade, vocês concluíram o colegial e já estão de malas prontas e a nossa caçula virou babá.
— Você é ridícula, ruiva — Verônica disse ao se aproximar das amigas, após entregar o irmão a Catrina — Temos um grande evento à noite e você reclamando das nossas escassas ligações. Acho que vamos arrumar uma diversão essa noite e pedir que ele faça um milagre no seu humor.
— Hum?! Diversão? O que houve com minha amiga puritana?
— Ela realmente se tornou uma verdadeira discípula sua — Verônica brincou, tentando esconder seu incômodo.
Após o término com Bryan, ela havia saído e envolvido com outros rapazes. A sensação de mentira fizera com que se aproximasse do grupo de apoio e priorizasse seus relacionamentos ali. Era uma verdadeira montanha russa.
— Temos visitas? — Susan instigou, erguendo os óculos, seguindo o carro de vidros escuros — Não sabia que seu pai tinha o costume de tratar negócios em casa.
— E não tem — Verônica respondeu, aceitando o beijo no rosto de Hugo — São convidados de honra e acho que os novos sócios.
— Alguém perdeu o interesse nos negócios da família — o rapaz argumentou com um sorriso sarcástico, puxando o chapéu da loira.
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Limite
General FictionO cassino baseado na sorte ou azar marca o encontro de Verônica e Ulisses, tendo o passado como ponto de partida ambos se concentram em uma aposta imposta pelo desejo, adrenalina e medo. Ulisses é um homem centrado, que se vê cada dia mais envolvid...