CAPÍTULO DEZENOVE - SAVE TONIGHT

173 15 6
                                    


Publicado: 20/12/2015

Insanidade!

Ele rabiscara no maldito bloco de notas, antes de rasgá-lo e errar a cesta de lixo. O aniversário de Aquiles estava próximo e o empresário dividia a aflição com a preocupação tempestuosa por Verônica. Ela provavelmente teria chegado ao Tennessee e em breve estaria frente a frente com Jacob, o que se resumia a um problema que não deveria ser de seu interesse.

— Alô.

Ulisses atendeu ao celular, evitando encarar a cama improvisada de Verônica. O apartamento parecia tão silencioso e vazio, o sorriso do empresário foi verdadeiro ao recordar de todos os móveis comprados pela ragazza atrevida.

— Como está, querido? — A voz carinhosa e preocupada de Gina fez com que o italiano mantivesse o sorriso.

— Bem, mamma, algum problema?

— Nenhum, nós só estamos sentindo sua falta.

Ele desconfiava da omissão de Leonel, especialmente ao lembrar-se de Enrico e Augustus afastando-os sem levantar a atenção das crianças. Droga! Ulisses não desejava perder a paciência, mas havia verdades nas palavras do irmão.

— Eu prometi uma visita logo — Ulisses suspirou ao perceber que a mãe não tinha conhecimento do imprevisto do final de semana.

— Poderia trazer Verônica, não tive tempo para conhecê-la melhor.

— Mãe!

— Não vejo nenhum problema.

Tanto Ulisses como os irmãos pensavam o contrário. Ele suspirou, colocando a bolsa de gelo novamente sobre o olho, ainda estava dolorido e roxo. Como explicaria sua aparência na reunião logo pela manhã? Principalmente, com Leonel presente e com aspecto semelhante.

— Eu pensarei com carinho.

********

Quando a cerimônia de Pietra terminou, Verônica respirou fundo, tendo conhecimento da conversa que possivelmente ocorreria entre ela e Marcus. Ao voltar para a mansão de forma inesperada, e ainda com todas as malas sem levantar o motivo de sua fuga, sabia que trouxera esperanças para o pai. E por essa razão, manteve-se ocupada com as demais madrinhas e amigos que não via com frequência, ao menos o diálogo tardaria a acontecer.

Contudo, Alexander mostrou-se cansado e visivelmente apegado à Verônica, que não permitiu afastar-se do colo da irmã.

— Pode dormir tranquilo — ela sussurrou ao colocar o irmão em seu quarto.

Observou à mão pequena e os dedos longos, Alexander ficaria alto por alguns centímetros de diferença. Com um suspiro, Verônica fechou os olhos, imaginando se estaria presente para acompanhar essas mudanças no irmão. Sorriu ao sentir o toque da mãe em seus cabelos e sem pressa deitou a cabeça no colo de Catrina.

— Senti muita falta, Verônica — ela disse com a voz embargada — Você cresceu tão rápido e .... Tive tanto medo quando ligaram do hospital logo no seu aniversário.

— Desculpa, mãe, eu estou me cuidando melhor. E agora prometo não causar nenhum problema semelhante — Verônica garantiu — Mas não posso ficar em casa.

— Mesmo eu implorando para esquecer essa história?

Verônica ergueu-se, fitando a mãe com culpa:

— O orgulho me impede de ficar.

— E se nunca os encontrar, filha?

— Ao menos poderei voltar sem o sentimento de derrota — ela sorriu por segundos — Nesses meses em São Francisco eu descobri que existem sofrimentos piores, doenças que as pessoas preferem esconder, mamãe, e isso destrói de dentro para fora. E eu não quero me destruir novamente e afetar a nossa família. Entende?

LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora