Capítulo Quatro (parte III)

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— Não ligue para meus pais, ultimamente eles estão mega protetores — Verônica disse para Bryan assim que deixaram a sala.

— Acho que todos tentam proteger os filhos, é aquele lance de cuidar dos mais fracos.

Verônica abriu a boca para retrucar, mas desistiu atônita com a comparação. Ela imaginava que isso restringisse na maioria das vezes à vida selvagem, embora as cidades tivessem uma leve semelhança. Riu, encabulada com os próprios pensamentos.

— Vamos com o meu motorista? — Ela perguntou, nervosa com a maneira que o rapaz a observava.

— Sinto informá-la, mas terei que ocupar a função de Kaleb esta noite — ele respondeu ao se aproximarem de um Touareg.

— Não sabia que tinha habilitação ou age como todos os riquinhos e suborna a polícia?

Bryan meneou a cabeça, abrindo a porta para ela. Não recordava que Verônica tivesse uma língua tão ferina, de forma que caracterizava esse suposto ataque como uma barreira entre eles. Será que o achava tão desinteressante? Questionou-se ao dar a partida, de soslaio vira quando Verônica pegou o celular.

— Importa se eu colocar uma música?

— Desde que não seja clássica ou um rock pesado — ela respondeu com a voz mais tranquila — Saiba que respeito os ouvintes, mas meus tímpanos agradeceriam por serem poupados da melodia entediante e barulhenta.

Ele assentiu, sintonizando numa emissora de rádio qualquer assim que notou a ausência do pendrive.

— Até que é agradável — Verônica argumentou, fechando os olhos momentaneamente, já havia ouvido aquela música com as amigas, uma pena que não recordasse o nome da banda.

— Eu sinceramente não entendo você, Dream! — Ele disse incrédulo.

— Dizem que o ser humano é inconstante, talvez eu seja o melhor exemplo — ela retrucou, passando a mão distraída sobre o cabelo, era uma missão quase impossível mantê-los presos.

— Por isso verei suas múltiplas faces até o fim da noite? — Bryan resolveu arriscar — Tínhamos uma amizade no passado e agora estamos nesse carro, agindo como dois estranhos, você na retaguarda e eu procurando uma brecha para ser tratado cordialmente.

Verônica engoliu em seco.

— É meu primeiro encontro oficial depois dos quinze, ficamos longe por três anos e não éramos amigos — ela acusou-o de mentiroso — Nas festas você fingia que eu não existia.

— Devo me desculpar agora?

— Isso não adianta, mas se serve de consolo posso tratá-lo com mais afeto.

Bryan franziu o cenho:

— Será a Verônica sorridente, cantora e dançarina que eu vi naquele banheiro? Sabe eu gostei muito dela.

— Mesmo com a voz desafinada? — Ela implicou, saboreando o rumo da conversa.

— Hum-Hum — o rapaz garantiu, entrando no estacionamento — Além disso, preciso de uma guia já que quero conhecer melhor a cidade.

— Está pedindo uma trégua?

— Não, eu só peço que seja você mesma.

......

Logo na entrada tiveram que posar para a foto, ela sorriu para o fotógrafo, agradecendo o elogio mesmo que fosse difícil confiar cegamente. Nessas ocasiões um sobrenome era mais importante que a aparência real.

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