— Não ligue para meus pais, ultimamente eles estão mega protetores — Verônica disse para Bryan assim que deixaram a sala.
— Acho que todos tentam proteger os filhos, é aquele lance de cuidar dos mais fracos.
Verônica abriu a boca para retrucar, mas desistiu atônita com a comparação. Ela imaginava que isso restringisse na maioria das vezes à vida selvagem, embora as cidades tivessem uma leve semelhança. Riu, encabulada com os próprios pensamentos.
— Vamos com o meu motorista? — Ela perguntou, nervosa com a maneira que o rapaz a observava.
— Sinto informá-la, mas terei que ocupar a função de Kaleb esta noite — ele respondeu ao se aproximarem de um Touareg.
— Não sabia que tinha habilitação ou age como todos os riquinhos e suborna a polícia?
Bryan meneou a cabeça, abrindo a porta para ela. Não recordava que Verônica tivesse uma língua tão ferina, de forma que caracterizava esse suposto ataque como uma barreira entre eles. Será que o achava tão desinteressante? Questionou-se ao dar a partida, de soslaio vira quando Verônica pegou o celular.
— Importa se eu colocar uma música?
— Desde que não seja clássica ou um rock pesado — ela respondeu com a voz mais tranquila — Saiba que respeito os ouvintes, mas meus tímpanos agradeceriam por serem poupados da melodia entediante e barulhenta.
Ele assentiu, sintonizando numa emissora de rádio qualquer assim que notou a ausência do pendrive.
— Até que é agradável — Verônica argumentou, fechando os olhos momentaneamente, já havia ouvido aquela música com as amigas, uma pena que não recordasse o nome da banda.
— Eu sinceramente não entendo você, Dream! — Ele disse incrédulo.
— Dizem que o ser humano é inconstante, talvez eu seja o melhor exemplo — ela retrucou, passando a mão distraída sobre o cabelo, era uma missão quase impossível mantê-los presos.
— Por isso verei suas múltiplas faces até o fim da noite? — Bryan resolveu arriscar — Tínhamos uma amizade no passado e agora estamos nesse carro, agindo como dois estranhos, você na retaguarda e eu procurando uma brecha para ser tratado cordialmente.
Verônica engoliu em seco.
— É meu primeiro encontro oficial depois dos quinze, ficamos longe por três anos e não éramos amigos — ela acusou-o de mentiroso — Nas festas você fingia que eu não existia.
— Devo me desculpar agora?
— Isso não adianta, mas se serve de consolo posso tratá-lo com mais afeto.
Bryan franziu o cenho:
— Será a Verônica sorridente, cantora e dançarina que eu vi naquele banheiro? Sabe eu gostei muito dela.
— Mesmo com a voz desafinada? — Ela implicou, saboreando o rumo da conversa.
— Hum-Hum — o rapaz garantiu, entrando no estacionamento — Além disso, preciso de uma guia já que quero conhecer melhor a cidade.
— Está pedindo uma trégua?
— Não, eu só peço que seja você mesma.
......
Logo na entrada tiveram que posar para a foto, ela sorriu para o fotógrafo, agradecendo o elogio mesmo que fosse difícil confiar cegamente. Nessas ocasiões um sobrenome era mais importante que a aparência real.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Limite
General FictionO cassino baseado na sorte ou azar marca o encontro de Verônica e Ulisses, tendo o passado como ponto de partida ambos se concentram em uma aposta imposta pelo desejo, adrenalina e medo. Ulisses é um homem centrado, que se vê cada dia mais envolvid...