CAPÍTULO DEZESSEIS - DANGEROUS

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Publicado: 30/07/2015

16 de fevereiro de 2011.

Não há palavras que possam descrever detalhadamente o momento ao qual sobrevivo, relato. Parece uma esperança ao acordar e saber que não estarei apenas perambulando pela cidade, pensando no que April e o suposto esposo viviam há dezenove anos. Eu me seguro no trabalho e na rotina que um dia poderá se tornar realidade. Dizer que sinto arrependimento de termos visitado a casa de Enrico seria uma grande mentira, uma vez que Cindy e eu nos tornamos amigas, mas não a amizade ao qual estava habituada. Tenho saudades das garotas e sinto-me frustrada com as mudanças sofridas com o tempo. Meu Deus! Foram os piores três anos da minha vida, e ainda durmo com a expectativa de voltar àquela noite e mesmo sabendo que seriamos barradas na entrada do cassino, tentaríamos.

Trabalhar com Ulisses é um belo sinônimo para sobressaltos.

Completo duas semanas como estagiaria no grupo Slughorn e sou tomada pela comoção do primeiro dia. São diversas perspectivas e confesso que me diverti, conhecendo os setores que compõem o mundo de Ulisses. Percebo o quanto idolatra seu império, mas há ocasiões que essa realização profissional se torna inválida. Quem sabe, ele também tenha seus próprios objetivos ainda inalcançado.

— Aqui, Zaira.

A secretária olhou para Verônica boquiaberta, aceitando sem pestanejar o croissant de chocolate:

— O expediente já começou, Verônica.

— O patife do seu chefe não me deixou tomar café da manhã. Ele próprio não tomou uma única xícara de café! — A jovem disse com indignação, experimentando o cappuccino. Será que Ulisses esquecia de propósito as refeições e o quanto uma alimentação balanceada era importante para ela? Verônica balançou a cabeça — Por falar em Ulisses, está sozinho?

— Ele retornaria algumas ligações pela manhã, e antes do almoço terá uma reunião com o gerente do hotel em Chicago.

Verônica assentiu, rodeou a mesa e encontrou uma pequena bandeja na bancada:

— Não precisa me anunciar, Zaira — disse com um sorriso maroto, seguindo para a sala do presidente.

Ulisses desligou o telefone, massageando a testa, por que era incapaz de ouvir sua consciência? Estralou os dedos das mãos, recomeçando a ler as anotações quando ouviu uma batida forte na porta.

— Entre, Zaira — o empresário articulou, sem desviar o olhar.

— Não vá se acostumando, Slughorn, por mais que eu ame os bondes, minha paciência se esgota com facilidade quando o assunto é comida — Verônica falou, afastando todos os papéis para dispor a bandeja no centro. Depois, acomodou-se na cadeira estofada e passou a observar com maior interesse o escritório.

— O que pensa estar fazendo?

Verônica devolveu o olhar para Ulisses, sem estremecer diante a ira que ameaçava romper a qualquer momento.

— Sendo uma pessoa prestativa — ela respondeu, roubando um croissant — Além disso, quero saber como andam as investigações sobre o meu passado.

— Por que me atrapalhar justamente agora, Verônica? Poderíamos ter essa conversa no apartamento.

Ela bufou, semicerrando os olhos:

— Tenho mesmo que recordá-lo? Você não aparece no apartamento há três dias, Ulisses, e ainda estou surpresa por ter me buscado hoje.

— Marcus garantiu que seu carro chega hoje — ele disse, mudando de assunto.

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