Publicado: 26/07/2015
Ele tinha uma expressão tão relaxada que Verônica ressentia por importuná-lo. Apoiou o rosto nas mãos e começou a estalar a língua, a imagem de Alexander vívida em sua memória, o pequeno havia tentado diversas vezes imitá-la.
Voltou a colocar as mãos sobre o colchão, só agora percebia o quanto Ulisses era um tratante! Por que não sugeriu comprar um simples colchão para o quarto ao lado que jazia vazio? Com um suspiro, ela se pôs de joelhos e balançou o empresário devagar.
— Ulisses — ela chamou-o, lamuriosa — Nós temos um problema!
O homem apenas deitou-se de costas, mantendo a mão descansada sobre o peito desnudo.
— Quantas horas são? — Ele perguntou com a voz ainda rouca. Não poderia abrir os olhos para encará-la naquele momento.
Dio! Quando imaginaria que isso se tornaria uma tortura? Era homem! E mesmo que repetisse mentalmente as razões pelas quais Verônica estava sob seu teto, assim como o limite imposto, não conseguia negar os anseios que despertavam.
— Faltam alguns minutos para as seis da manhã, mas eu não te acordei por isso — ela reclamou, cruzando a perna esquerda — Estou sem roupas para trabalhar, Ulisses, precisa me levar as compras. Não posso desfilar pela empresa usando moletom, calças jeans, blusas e tênis. São roupas que não demonstram qualquer seriedade. Como serei respeitada pelos meus colegas?
Ele bufou, colocando o braço sobre a testa:
— Isso não importa, Verônica, além disso não há lojas abertas nesse horário.
— Então, você deve mudar sua agenda pela manhã e me acompanhar as compras — Verônica sugeriu, arregalando os olhos quando o empresário se sentou com rapidez e a olhou com fúria.
— Não vou mudar porcaria nenhuma, ragazza! — Ele gritou, seguindo por palavras em italiano que a jovem não compreendia — Saia imediatamente do meu quarto e nunca mais entre sem ser convidada!
Verônica levantou-se e cruzou os braços.
— Eu não pedi nenhuma vaga na empresa, você ofereceu e fizemos um trato.
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Os cabelos eram verdadeiramente ruivos, assim como as sardas que tomavam conta do rosto oval da mulher. Era baixa, talvez, vinte centímetros a menos que Verônica e os olhos castanhos bem escuros mostraram-se surpresos ao fitar o casal.
O roupão sobre o pijama estava aberto, evidenciando a saliência, pois as mãos de um menino de dois anos insistam em puxar o pano, um gesto de irritação. Ao contrário da mãe, os cabelos eram castanhos e os olhos azuis.
— Bom dia, Cindy.
A mulher demorou alguns segundos para responder, tentando controlar os protestos de Vittorio.
— Que surpresa, Ulisses, por favor entrem e não reparem a bagunça. Não tive tempo de juntar os brinquedos de Vittorio e como seu irmão resolveu adotar um cachorro — ela respirou fundo, indo retirar algumas roupas sobre o sofá.
— Posso segurá-lo se quiser — Verônica disse, estendendo os braços para o menino que aceitou imediatamente.
— Muito obrigada — a ruiva agradeceu, terminando de organizar a sala — Eu realmente conseguia deixar a casa limpa e aconchegante, mas só agora percebo que as gravidezes são diferentes na prática. Olha que critiquei e muito a minha irmã.
— Convivo com crianças, então, sei o quanto é uma atividade que requer total disposição — a jovem articulou, rindo para o menino — E sou Verônica.
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Limite
General FictionO cassino baseado na sorte ou azar marca o encontro de Verônica e Ulisses, tendo o passado como ponto de partida ambos se concentram em uma aposta imposta pelo desejo, adrenalina e medo. Ulisses é um homem centrado, que se vê cada dia mais envolvid...