Publicado: 23/07/2015
- Como foi a passagem de ano? - Leonel perguntou em tom de descontração.
Enrico arqueou a sobrancelha, desviando o olhar do projeto de marketing para Chicago. Houve um tempo em que se preocupava com os conflitos de Ulisses e os pais, até tornar-se marido e pai, agora mantinha suas opiniões para si.
- Por que não ser sincero e ir direto ao assunto, Leonel? - o irmão mais velho retorquiu, terminando as anotações sobre o balanço semestral do cassino.
- Tudo bem! - o caçula dos homens esfregou as mãos - Eu apostei que estava na companhia de uma socialite, amiga daquela loira. Qual o nome? Sophie!
Ulisses riu, balançando a cabeça em negativa. Quantas hipóteses surgiram dessa vez? Ele recordava da ligação de Gina sobre um casamento em segredo, assim como o crido escândalo envolvendo duas irmãs.
Dio!
Por que sua vida pessoal era tão importante aos parentes? Já contava com trinta e oito anos, e mesmo que a badalação ainda fosse convidativa, havia aprendido a ser mais seletivo, a discrição era terminante para o Grupo Slughorn.
- Não vejo Sophie há meses e a última vez que nos encontramos pude parabenizá-la pela gravidez - Ulisses ergueu a mão, silenciando o irmão - E tenha a certeza que não participei dessa concepção.
- Já sabemos o quanto adora crianças, irmão!
- Eu apenas fui sincero na inauguração, Enrico, além disso, parece que até ontem aguardávamos o nascimento de Vittorio.
Os três irmãos se silenciaram por instantes para em seguida explodirem em gargalhadas. Era tão tenebroso intuir que cada um adotara a aspiração do predecessor? Ulisses havia se agarrado a primeira oportunidade de viver o sonho americano, enquanto Enrico permanecera na terra natal e se casando. Por fim, Leonel que até a ocasião mostrava-se o mais realista, numa viagem se encantou por uma americana e a apresentara a família Bellucci para em poucos meses cair nas garras do matrimônio. Mas em seu íntimo ambicionava essa tranquilidade de ter verdadeiramente um lar.
Franziu o cenho ao lembrar de Verônica.
- Então, quem lhe fez companhia?
- Verônica Dream - ele respondeu em tom brando.
A mulher havia reclamado da ausência do espírito natalino e Ulisses enraivecido jogou-lhe o cartão de créditos para que se calasse. Contudo, a morena não se calou, gritando o quanto era um homem arrogante e egoísta. Até que o empresário retorquiu sobre os motivos dela para permanecer em São Francisco.
- O quê? Ulisses, não vejo graça - o irmão caçula disse, apoiando as mãos nos braços da poltrona - Você mantém um caso com a filha do nosso sócio? Dio! Eu notei seus olhos sagazes quando fomos visitá-los, mas jamais pensei que trouxesse a garota para seu apartamento.
- Não diga bobagens, Leonel! A senhorita Dream e eu não temos qualquer envolvimento e mesmo que existisse algo, que problema haveria? Sou um homem solteiro, não preciso e nem quero me dar ao trabalho de me irritar com certos preconceitos -a expressão de Ulisses era séria e na voz era perceptível a irritação - Eu apenas agi com sensatez e garanti aos Dream que ela poderia ficar em meu apartamento pelo tempo que desejasse.
- Mesmo assim, irmão, não creio que seja correto mantê-la...
- Já basta! - Ulisses gritou, erguendo-se - Verônica está doente e precisa de cuidados. O que queria que eu fizesse? - As sobrancelhas estavam franzidas e as mãos em punho apoiadas a mesa - Ignorasse o telefonema do hospital e depois... -Ulisses respirou fundo, arrumando a gravata - Não crie problemas, Leonel.
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Limite
General FictionO cassino baseado na sorte ou azar marca o encontro de Verônica e Ulisses, tendo o passado como ponto de partida ambos se concentram em uma aposta imposta pelo desejo, adrenalina e medo. Ulisses é um homem centrado, que se vê cada dia mais envolvid...