Publicado: 13/01/2016
— Eu fiquei surpreso com sua ligação.
Pietra sorriu, erguendo as sacolas em ambas as mãos até a altura do pescoço. Os óculos escuros possuíam um designer retro, embora as roupas tivessem ganhado maior seriedade após o casamento.
— Posso com pessoas assim? — Ela questionou ao marido que limitou a negar, se acostumara muito fácil com a espontaneidade da ruiva.
— Tem o direito de desistir, Pietra, ou seria melhor acabar com esse ar conspirador para Hugo.
Ela voltou ao olhar para o rapaz:
— Isso tem todos os indícios do conluio de minha mãe e seu jeito de chamar a atenção da mídia. Também reconheço que meu marido está desejoso com a carreira política, o que é uma praga da família dele.
— Amor.
Pietra olhou-o de maneira zombeteira:
— Você nunca me fez o convite, Hugo, mas quero participar da ONG. Até conversei com tia Catrina a respeito dos eventos e mesmo detestado essa parte burocrática, quero continuar sendo sua amiga — ela pediu, estendendo as compras — Minha escolha não é baseada em minha amizade histórica com Verônica, ou com a profissão de Dean.
— Estamos de braços abertos, ruiva.
Pietra sorriu, mandando um beijo para o marido, em pensar que Dean não acreditava em seu poder de persuasão:
— O que acha de me apresentar o trabalho de vocês? Não quero que se sintam orgulhosos e que esse sentimento destrua qualquer humildade que resta, mas foram elogiados por horas.
Hugo elevou as sobrancelhas, não recordava que Pietra era uma tagarela.
— Primeiro vamos deixar esses presentes na sala da administração, e depois começamos as visitas em nossas instalações. Não há nada bizarro, antes que pergunte.
— Acha mesmo que existe alguma coisa lá dentro que me assuste? — A mulher questionou, já subindo os poucos degraus do prédio — Fui taxada de problema a minha vida toda, e quer saber a verdade? Eu somente quis ser diferente da maioria, Hugo. Não que isso se assemelhe ao preconceito que vocês enfrentam, mas eu sei o quanto machuca se sentir inferiorizado e marginalizado pela sociedade. É por isso, estou bem aqui.
Hugo assentiu, girando a cabeça para o lado direito:
— Vamos logo! Eu só peço que fique calada por um tempo, não vou ditar horas. Tudo que precisarei para contar a história de nossa organização, depois apresento umas pessoas bem especiais e se sair bem nesse primeiro passeio, até uma xícara de café ganha.
— Agora entendo a Verônica.
— Por que?
— Você sabe ser impertinente!
— Dean, vive com essa mulher diariamente?
— Eu sei! Ela é fantástica.
***
Fanny ergueu o olhar do livro, ainda se surpreendia com as mudanças narradas em cada página. As roupas ganharam números e tamanhos que ela jamais imaginou, também havia poucas, mas existentes, estrias ao redor da barriga e seios. Esperava com aflição que os hidratantes funcionassem, especialmente por completar a 25ª semana.
— Você está aqui.
Ela não ousou piscar, enquanto Theo afastava a cadeira e se sentava, visivelmente as pernas desconfortáveis pela mesa baixa. Mas o bem-estar dele não era importante, ainda se perguntava pelo motivo de ter aceitado encontrá-lo.
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Limite
General FictionO cassino baseado na sorte ou azar marca o encontro de Verônica e Ulisses, tendo o passado como ponto de partida ambos se concentram em uma aposta imposta pelo desejo, adrenalina e medo. Ulisses é um homem centrado, que se vê cada dia mais envolvid...