CAPÍTULO VINTE E SETE - PATIENCE

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Publicado: 25/07/2016

O movimento do pincel era leve ao aplicar o blush. Ela traçou o delineador com facilidade sobre as pálpebras e finalizou com um batom cor vinho. Satisfeita com a maquiagem, repartiu o cabelo ao meio, logo em seguida separou duas mechas que trançou até prender atrás da cabeça. Com os dedos penteou os longos fios.

Sobre a penteadeira havia um calendário, 23 de julho de 2016, e um relógio que marcava 21:26.

— Ele se atrasou de novo — comentou, olhando sua imagem no espelho, antes de colocar o aparador e a aliança de casamento.

Por que o elevador demorava tanto para subir? Ele se perguntou, apertando mais uma vez o botão. Passou a mão na cabeça, a reunião se estendeu além do prometido e, provavelmente, sua esposa estava irritada com o atraso.

Droga!

Era o aniversário de casamento e planejou cada detalhe para a data.

— Finalmente — ele exclamou, recendo olhares cautelosos dos três ocupantes do elevador.

— Senhor Slughorn.

Ele meneou a cabeça, um cumprimento apenas por educação. Ao menos o trânsito deveria trazer algum bônus, pois não tinha certeza se a floricultura ainda estaria aberta. Por que não havia buscado as flores ou pedido que entregasse mais cedo? O pior é que não dera certeza que passaria ali.

O chacoalhar das chaves fez com que a morena erguesse o olhar em direção a porta. O apartamento havia sido substituído por uma casa espaçosa. No início a mulher argumentou que a mudança era exagerada, uma vez que muitos cômodos ficariam vazios, pois seria apenas o casal. Mas o homem de expressivos olhos castanhos contrapôs ao afirmar que os parentes se tornariam visitantes assíduos.

— Boa noite.

Verônica retribuiu o sorriso, terminando de colocar o talher a mesa.

— Boa noite — ela restringiu a dizer, vendo-o retirar o terno e colocar a maleta sobre a mesinha disposta próxima da porta.

Deu a volta no móvel com tranquilidade e esperou que Ulisses se aproximasse. Ouvia-se um dos sucessos da banda II Volo, que combinava com o cenário montado carinhosamente por Verônica.

Ela entreabriu os lábios, sentindo as batidas do próprio coração, adorando a sensação da pele quente de Ulisses tocar a dela. Fechou os dedos entrelaçados ao dele. Logo a outra mão descansava em suas costas, a proximidade deixando-a ciente da loção de barba que Ulisses mantinha no escritório para situações urgentes.

— Sou um caso excepcional para que tenha tomado banho na empresa? — Ela perguntou, os olhos fechados enquanto a boca do esposo distribuía beijos singelos em sua face.

— Sim, ainda mais depois de ter declarado que se arrumaria tão caprichosamente para mim — Ulisses objetou à esposa — Você está linda, Verônica.

— Obrigada, meu amor — ela disse, deixando que o empresário a conduzisse na dança — Agora me diga por que se atrasou, Ulisses.

— Reunião de emergência, e tentei encontrar a floricultura aberta.

Verônica franziu o cenho quando a empresa foi citada, já esperava uma resposta semelhante. Mas manteve a expressão, tentando assimilar o complemento da frase.

— Floricultura?

— Eu quis trazer o buque de cravos vermelhos.

Os olhos azuis ficaram marejados diante a afirmação. Ulisses sabia o quanto as flores eram especiais. Em um gesto que o pegou desprevenido, Verônica o beijou, interrompendo a fala do marido, que insistia entregar as flores logo que amanhecesse.

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