Capítulo Onze (Parte II)

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Publicado: 17/07/2015

Verônica continuava a fitá-lo com raiva. Os ombros estavam tensos, as mãos apoiadas sobre a mesa. Tudo que ambicionava era voltar ao pequeno quarto do hotel e terminar de revisar os papéis. Sua vã esperança de não reencontrar Ulisses tinha sido aniquilada em pouquíssimas horas.

— Qual o seu problema, Slughorn?

Como Radolph seria capaz de lidar com Verônica, nem os pais da garota conseguiam mantê-la em casa? Ulisses esperou a saída do amigo, lidaria com ele depois. No momento só poderia tentar se impressionar com os olhares raivosos de Verônica.

Ragazza insolente!

— Sua saída brusca do evento trouxe especulações, Verônica.

Ela riu encabulada, logo em seguida esfregando a sobrancelha. O que importava as especulações e fofocas? Verônica estava farta de atuar uma personalidade, agir como os outros e esperar ser aceita. Nada disso adiantaria se não aceitasse a si mesma.

— Dane-se! Não me incomodo com o que pensam a meu respeito.

— Não é assim que tudo caminha — Ulisses estava apoiado a mesa.

— É mesmo? Bom, eu não me importo com o que as pessoas pensam. A vida é minha!

— Você ainda é responsabilidade dos seus pais.

— Por que foi assim que o juizado de menores ditou? — Verônica perguntou com sarcasmo, sentindo frio sob o grosso casaco — Os Dream sabem onde estou, pois apenas refaço os passos deles.

Ulisses franziu o cenho, começando a andar em direção a jovem.

— Não gosto que a vida pessoal dos sócios abale meus negócios.

— Oh! Eu estava me convencendo que sua preocupação era comigo — Verônica revidou, sem abalar com a aproximação.

— Uma mera educação.

— Nunca aprendeu a manter distância dos problemas alheios? — Ela retrucou, dando as costas para a mesa que até o momento agia como uma excelente barreira.

— Como poderia? Segundo você fui criado em um prostíbulo.

— Talvez eu esteja certa.

Ulisses passou o braço esquerdo em volta de Verônica, os corpos próximos ao máximo. Ela semicerrou os olhos, firmando as palmas em seu peito.

— Tome cuidado com as palavras, garota.

— Por que eu faria isso?

— Não subestime minha paciência, Verônica.

— Então, não me provoque, Slughorn! Não mande outro capacho atrás de mim e caso me encontre na rua finja que sou uma estranha. Não estou em Oakland ou São Francisco como membro da família Dream!

Ulisses não respondeu, ainda prendendo a jovem. A comparação era inevitável, ali sem maquiagem, Verônica assemelhava a qualquer adolescente, embora o rosto estivesse abatido.

— Um motorista estará à sua disposição e ficará hospedada no hotel do grupo.

Verônica respirou fundo:

— Dispenso sua hospitalidade. Agora me solte!

Ulisses largou-a, aproveitando a distração para colocar um cartão no bolso do casaco.

— Seus pais serão contatados.

— Uma grande perda de tempo, mas faça o que desejar, intrometido. Adeus! — Verônica disse com altivez, saindo do escritório e ignorando os olhares especulativos de Radolph e da secretária.

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