CAPÍTULO CINCO: ANYTIME FOR PEACE

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Publicado: Dezembro de 2014.


Ulisses lia os documentos sem conseguir realmente reter as informações. O acordo com o empresário Dream apresentara empecilhos e no momento não tinha paciência para viajar até Las Vegas. Como se já não houvesse grandes problemas, teria que ir a Itália em breve para a cerimônia de Rita.

Quando tudo começara a dar errado?

Talvez estivesse estressado com a notícia do casamento de Sophie que rendera as colunas de grandes jornais, ou ainda, absorto com a facilidade que ela mentia. No final, eram iguais, regidos pelo desejo de sucesso mesmo significando um assassinato dos sonhos pessoais.

Luna foi a primeira perda.

Vozes exaltadas na recepção o deixaram alerta, pois dificilmente Zaira perdia a calma quando um desavisado tentava uma reunião de última hora. Ulisses não queria receber a ninguém, pouco se importava que o irmão e a cunhada estivessem na cidade, foi decisivo sobre visitas parentais na empresa.

— Eu não me importo com as ordens desse garoto! — O velho conhecido entrou na sala, a voz trovejante como Ulisses recordava.

Logo atrás da grande figura, Zaira tentava manter-se profissional, embora o rosto demonstrasse nenhum apresso pelo homem.

— Senhor Slughorn, eu sinto muito — a secretária desculpou-se, em total constrangimento, mas não conseguiria reter a determinação daquele homem que chegara dando ordens.

O empresário levantou-se, as mãos apoiadas sobre a mesa, sentia-as levemente suadas. Ainda não entendia a influência marcante de Bellucci sobre sua vida, já que não se considerava aquele jovem temeroso de dizer seus verdadeiros objetivos.

— Está tudo bem, Zaira, meu pai segue as próprias regras — articulou, sabendo que também fizera dessa frase seu lema.

— Regras, Ulisses? — O homem mais velho questionou, o rosto adquirindo um tom vermelho, enquanto os olhos azuis tornavam apenas riscos.

— Papà, não se estresse — Ulisses pediu, contornando a mesa — Zaira poderia nos deixar a sós — aguardou que a porta fosse fechada e novamente voltou-se a Enzo, toda a arrogância e raiva esvaiu-se. Notou as marcas que as faces do pai ganhara ao longo dos anos — Deveria ter avisado que viria.

Bellucci riu, colocando as mãos sobre os ombros do filho:

— Você teria fugido na primeira oportunidade, bambino! — Argumentou, sentindo a garganta seca — Agora deixe essa fantasia de grande empresário e abrace seu papà.

Ulisses constrangido aceitou que os braços fortes do pai o envolvesse, por alguns instantes recordou da última vez que o abraçara. Havia conseguido ser aceito na universidade; um grande orgulho para Enzo que mal terminou os estudos secundários. Era uma conquista de todos, prova da nova geração que não teria as mãos calejadas e a pele marcada pelo trabalho árduo nas plantações.

— Eu estive guardando esse abraço de aniversário por muito tempo, Ulisses — o patriarca disse em italiano, com lágrimas nos olhos, tendo o primeiro vislumbre do homem que o primogênito se tornara — Você me orgulha e muito! — Afastou o empresário e beijou-lhe a face — Agora prometa voltar para casa em breve.

Ulisses manteve-se sisudo, desvencilhando do abraço de Enzo. Esfregou o maxilar, dando as costas para o pai, tentando manter as emoções sob controle.

— Minha casa é aqui, essa é a minha vida — respondeu, voltando a fitá-lo — Eu finalmente alcancei o topo.

Enzo respirou fundo, franzindo o cenho diante as palavras de Ulisses. Havia mantido os olhos fechados enquanto as informações vagas do filho nos EUA chegavam diariamente. Após a discussão, lembrava da promessa, ele construiria e firmaria um nome. Tudo em prol do sucesso nos negócios, não tinha planos de contentar com um casamento, vivendo sob a proteção dele.

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