Capítulo Sete (Parte II)

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Publicado: 13/03/2015

Capítulo revisado por: @nandafrankka

A música ritmada e alegre contagiava os convidados no jardim espaçoso da fazenda, uma das poucas trivialidades de Gina Bellucci, que havia transformado seu hobby em profissão. A decoração do jardim iniciou após o nascimento do primeiro filho, pois Enzo não permitia que trabalhasse na lavoura e não confiava em deixá-la nos escritórios da cidade.

O paisagismo resultara em inúmeros certificados que Enzo orgulhosamente exibia, o simples fato da esposa não carregar as marcas dos exercícios pesados o abrandava. Havia prometido uma vida feliz e ao levar Rita para o altar, observando a emoção de Gina sentiu-se realizado.

— Boa noite, padrinho atrasado — a mulher de olhos castanhos disse, colocando-se ao lado de Ulisses que seguia a irmã com o olhar.

Rita andava de mãos dadas com o marido, o sorriso era largo e radiante. As mesas formavam um centro onde montaram o piso de madeira. Luzes e velas dispostas combinavam com as cores vermelho, laranja e branco.

— Deveria sorrir — Luna pediu, colocando-se ao lado do homem que usava um terno elegante — Não é tão difícil imaginar que sua irmã está realizada, e você perdeu a chance quando o padre perguntou se havia alguém contra a união.

Ulisses depositou o copo na mesa, sorrindo:

— Fui um dos primeiros a apoiar a cerimônia, até enviei uma carta para meu pai argumentando a favor do casal — ele disse admirado pelo cabelo loiro preso e o vestido verde que embora fosse idêntico das demais madrinhas, realçava a beleza de Luna. Sua antiga namorada havia se tornado uma mulher espetacular — Uma dança?

— É claro! — Ela respondeu com uma piscadela, aceitando a mão de Ulisses — Tenho que guiá-lo?

— Pode apostar que aprendi nesses anos a dançar corretamente, então não pisarei em seus delicados pés, Luna.

Ela apertou os lábios, fitando-o desconfiada:

— Várias professoras, Ulisses? — Estalou a língua, fingindo irritação — Pensei que encontraria uma norte-americana e formaria a família que sonhara um dia — ela argumentou, rodando. A pressão das mãos do italiano não trazia a mesma sensação. O calor da paixão havia de fato sido extinguida e a constatação aliviava o coração de Luna.

Por que o mistério no olhar e a rigidez do rosto? Jamais seria capaz de esquecer suas loucuras adolescentes, estavam marcados.

— Seu marido deve estar enciumado — ele desviou o olhar para Matteo.

— Ele confia em mim, Ulisses, então relaxe seus ombros e volte a sorrir. Por favor?

— Se eu fosse ele teria ciúmes —Ulisses retrucou em sussurro.

— É um dos motivos para não ter me casado com você, mas não siga esse caminho, Ulisses, não guardo mágoas.

Luna respirou fundo. Não fizera a escolha correta ao enviar uma carta de despedidas tão formal e fria. Na época a dor da perda cegava a razão, o sabor de suas insanidades tornara-se fel.

— Posso vê-la amanhã?

— Estarei lhe esperando em nosso ponto final. Não se esqueça das flores e do brinquedo, sim?

Uma menina loira de seis anos interrompeu a dança, puxando indelicadamente a barra do vestido de Luna. Os dois adultos se afastaram e naquele momento a mulher respirou fundo, sentindo a garganta seca pelo olhar sofrido de Ulisses. O destino, às vezes, era tão injusto!

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