Capítulo 13

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Pov. Carol

Eu me sentia uma criança enquanto Elana gritava comigo. Como ela tinha razão, eu ouvi tudo calada.

- Já perdi a conta de quantas vezes me ligaram de madrugada para dizer que ela teve alguma crise. Chegou um momento em que eu e Thaylise começamos a revisar quem ficaria lá com ela porque ter apenas um segurança ali não estava ajudando.

- Chega, Elana. Isso só aconteceu porque você deixou ela ir para a reabilitação.

- Ela disse que iria acabar morrendo se continuasse daquele jeito. O que queria que eu fizesse?

- Me falasse, eu iria resolver. - bufei.

- Você é uma ótima esposa quando quer, mas não faz milagres. Sabe que ela precisa de um tratamento adequado.

- Ela tem um psicólogo.

- Você tem que parar de fechar os olhos para o que não quer ver, Caroline. Vocês estão machucando a si mesmas e nem sei como essa merda toda vai acabar. - Elana falou alterada e logo Thaylise desceu as escadas.

- Ela acordou e só sabe dizer que está cansada.

- Por que não está lá com ela? - perguntei levantando.

- Ela está com o Hugo. Ele estava choramingando no berço, acho que ela iria trocar a fralda dele ou algo do tipo.

- Vou ver como ela está. - avisei me levantando, mas Thaylise me impediu.

- Não pode dar motivos para ela querer voltar a beber, ok? Day teve diversas crises de abstinência, mas melhorou muito nos últimos dias.

- Ok. Podem ficar em um dos quartos lá em cima. - murmurei caminhando até a escada.

Entrei no quarto e encontrei Day encolhida na cama enquanto apertava um travesseiro com força.

- Oi. - sussurrei me aproximando dela. - Vamos dormir?

- Eu não consigo. - ela murmurou ainda apertando o travesseiro.

- Por quê? - toquei seu ombro e ela me olhou com os olhos marejados.

- Estou tendo pesadelos. Em alguns estou trancada naquele maldito lugar. Em outros eu escuto você brigar comigo enquanto Heloísa não para de chorar, eu nunca consigo me mexer e meu olhar foca apenas numa garrafa de whisky vazia no chão.

- Sinto muito por isso. - mordi o lábio inferior.

- Não sei porque ficou tão irritada comigo. Passei duas semanas sem ver meus filhos e sem minha mulher sendo que era o momento que eu mais precisava de vocês por perto. - ela falou deixando algumas lágrimas caírem.

- Desculpa. - sussurrei entrelaçando nossas mãos.

- Toda vez que eu tinha uma crise eles me agarravam como se eu fosse um monstro e tudo que eu precisava era que alguém me abraçasse e dissesse que tudo ficaria bem.

- Agora está tudo bem, certo? - fiz um carinho no seu rosto e ela negou.

- Helena nem olha na minha cara e Henrique também me odeia.

- Vou conversar com eles amanhã. Eu sei que minha atitude foi muito idiota, mas eu falei num momento de raiva e achei que talvez eles não tivessem entendido.

- Eles são crianças, mas não são burros. - Day falou parecendo irritada e eu decidi não falar mais sobre aquilo.

- Que tal pedirmos um lanche? Um monte de batata frita e hambúrguer.

- Não estou com fome.

- Bom, eu vou pedir mesmo assim. Vamos lá comigo ver se a Elana e a Thaylise querem? - perguntei me levantando.

Certa para você - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora