Capítulo 32

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Pov. Day

As coisas estavam uma loucura em casa. Helena tinha muitos pesadelos. Hugo estava com mania de morder que não conseguíamos parar de jeito nenhum. Henrique tinha tirado os pontos e estava com uma cicatriz enorme na testa. Heloísa ficou doente, o que acontecia com certa frequência.

- Eu e a Carol fizemos as contas e acho que Heloísa não chegou a ficar cinco meses sem ser internada desde que nasceu. - murmurei ansiosa e meu terapeuta assentiu anotando algo. - Ela já está bem e em casa, sabe? Mas eu fico preocupada.

- Consigo notar que está bem ansiosa hoje. - ele falou me fazendo parar de mexer as pernas. - Se sente cansada?

- Sinto que poderia correr uma maratona, na verdade. - sorri fraco.

- O que mais tem te incomodado além dos problemas com as crianças?

- Carol e eu estamos nos afastando cada vez mais. Ela anda sobrecarregada com o trabalho, sinto que é para me evitar. Eu não quis voltar a trabalhar, então ela decidiu assumir o cargo sozinha. Entendo que ela queira fugir de tudo e até que é uma boa estratégia, mas ela não consegue ter uma rotina agitada desse jeito, não mais. Sei que não está fazendo bem a ela, mas parece que não adianta eu falar isso.

- Não diga que é uma boa estratégia, Day. Você sabe que não é. Tenta conversar com ela de novo, talvez um pouco de insistência a faça perceber que você está preocupada.

- Carol não é do tipo que se deixa vencer pela insistência.

- Aposto que sabe um jeito de convencer ela. - ele falou olhando para o relógio. - Nosso horário já acabou, mas se precisar de mim durante a semana já sabe onde me encontrar.

Me despedi dele e saí do seu consultório. Liguei o carro e dirigi até o apartamento do Calil, eu ainda não tinha tido tempo de conversar com ele.

- Chegou cedo. - ele falou ainda de toalha e eu assenti.

- Eu pretendia passar em casa antes de vir, mas desisti. - dei de ombros.

- Tudo bem. Só vou colocar uma roupa, já volto.

Me sentei no sofá e comecei a responder algumas mensagens sem importância.

- Quer que eu faça um café? - Calil perguntou aparecendo de pijama e eu neguei.

- Não estou tomando café. - sorri fraco.

- Por causa do vício? - ele perguntou confuso.

- Não. Ando muito elétrica ultimamente, não preciso de cafeína. - falei nervosa.

- É, você parece ansiosa. - ele falou me olhando e eu assenti. - Soube que Carol voltou a trabalhar.

- Sim, ela voltou. - concordei e ele começou a mexer numa caixa de remédios.

- E você concordou com isso?

- Não exatamente. Eu disse que não era uma boa ideia e ela me olhou irritada, então preferi não brigar. Ela tem passado bastante tempo na empresa, mas como Helena não está indo para a escola, eu fico em casa. Não que eu fosse conseguir trabalhar, mas tenho isso como desculpa.

- Toma. - ele jogou uma caixa de remédios para mim e eu franzi o cenho. - É um remédio natural para ansiedade, não vicia. É a base de maracujá e você pode tomar mais de uma vez por dia, mas não exagera. O ideal seria tomar um de manhã e um a noite, mas se for dirigir é melhor não tomar de manhã. Pode tomar dois a noite se não estiver conseguido dormir.

- Certo. Obrigada. - sorri guardando a caixa de remédio no bolso.

- Vamos lá na varanda um pouco.

Certa para você - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora