Capítulo 4

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Pov. Carol

Uma coisa que aprendi sendo mãe é que crianças se cansam e se sentem entediadas muito rápido, então precisávamos a todo momento inventar novas brincadeiras e torcer para que aquilo os entretessem por mais de cinco minutos. Em meio a todas essas tentativas desesperadoras de fazer eles sossegarem um pouco, eu e Day descobrimos uma brincadeira que todos gostavam.

- Agora a gente tem que imitar a mamãe Carol! - Day falou trocando de lugar comigo.

Coloquei uma mão no joelho e a outra na nuca.

- Isso, filha! - Day falou ajudando Heloísa que mal consegue ficar em pé no sofá.

- Você está fazendo errado, Henrique. - avisei fazendo ele trocar de posição. - Mão errada, Helena. A mamãe e a Heloísa estão arrasando.

Olhei para Hugo que estava alheio a brincadeira desde que começamos. Do nada ele fechou os olhos com força três vezes seguidas.

- O que tem no seu olho, meu amor? - perguntei pegando ele no colo.

- Ele fez de novo aquele negócio de fechar o olho com força? - Day perguntou se aproximando. - É normal.

- Não é normal, Dayane. Eu vou marcar um oftalmologista para ele.

- Você só vai perder tempo, eu já levei ele. - ela murmurou e eu a olhei confusa. - Crianças com autismo criam movimentos repetitivos, isso é normal.

- Meu filho não tem autismo. - falei trincando o maxilar.

- Tem uma pequena chance, você sabe. - Day falou baixo e eu neguei.

- Ele só tem um atraso porque é prematuro. Não acredito que ouviu o que aquela mulher disse ontem.

- Carol, estou falando do que a pediatra disse e o oftalmologista também. Ele disse que os pacientes dele com autismo apresentam esse tipo de características.

- Mamães, podemos continuar? - Helena pediu puxando meu braço.

- Continuem vocês, eu vou subir. - falei tentando evitar o olhar da Day e subi as escadas.

Deitei Hugo na cama e peguei meu celular. Procurei por sinais que bebês autistas costumavam dar.

- Oi! - chamei fazendo ele me olhar. - Você reage ao que a mamãe fala, então é um ponto positivo.

Espalhei vários beijos pelo seu rosto e ele começou a gargalhar. Mais dois pontos positivos, a matéria dizia que eles não costumavam gostar de beijos e não sorriam muito. Senti alguém me observar e olhei para Day que estava parada na porta.

- Eu sei que é difícil, mas tem sinais que realmente mostram o contrário. - ela pegou meu celular e começou a ler a matéria. - Não é sempre que ele olha quando o chamamos, ontem por exemplo, demorou um bom tempo.

- Talvez ele tenha problema de audição.

- Ele não costuma acenar ou bater palmas, ele sempre esquece como faz e precisamos ensinar de novo.

- Já chega, por favor. - estendi minha mão. - Preciso do meu celular para marcar o oftalmologista.

- Mas e se ele realmente for aut- a interrompi.

- Para de falar assim do meu filho. - pedi irritada e ela negou com a cabeça. - Não vou deixar que ofenda ele desse jeito.

- O filho é nosso, Caroline. Eu não estou ofendendo ninguém, eu só estou tentando te explicar. A única que está ofendendo ele é você que considera isso uma ofensa. - suspirou. - Marca o médico que você quiser, mas não diga que eu não avisei.

Certa para você - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora