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Escorada na sua moto, estava Carla, Gizelly, Rafa e Juliette. A manhã por incrível que pareça havia sido tranquila, ainda não tinha notícias sobre os alunos novos que chegaram ontem nos últimos horários do dia. Pelo que parecia, tinham feito um tour e uma série de palestras com o reitor enquanto os alunos estavam em aula e mesmo assim, não evitou o bullying. Alguns cadernos foram jogados do chão e um ou outro empurrão contra os armários já tinham sido vistos. A maioria pelo time de futebol, mas também de outros alunos, já que a rivalidade era generalizada.

Alheia da discussão entre seus amigos ela mexia em seu celular, checando suas redes sociais cheias de curtidas, o que só provava o quanto Juliette era conhecida no lugar, até um alto barulho chamar atenção não só de Juliette mas de todos parados no estacionamento.

Uma sequência de motos fazia a curva no fim do bloco em alta velocidade,  ziguezagueando entre si, até chegarem perto da escola. Perto até demais, Juliette franziu a testa, a rua ia acabar na escada do colégio, esses loucos não iam diminuir a velocidade?

Desviando de um e buzinando para alguém que ia atravessar a rua, em um piscar de olhos, as motos frearam, nada sincronizado, fazendo com que os barulhos se repetissem em uma poluição sonora sem tamanho, e desligaram seus motores em cima da calçada, logo abaixo da larga escada do portão da escola. Um do lado do outro, Juliette não conseguia contar, eram dez talvez.

-Carla, não! - Ouviu Rafa falar e se virou para entender o contexto ainda atordoada.

-O que vocês acham que estão fazendo? - com o canto dos olhos notou Carla avançar em direção ao grupo. Seus gritos estavam sob os olhos curiosos dos estudantes no estacionamento que assistiam a cena assustados com a chegada espalhafatosa.

Como se acordasse de um transe, seguiu a mais nova que parecia que ia quebrar todo mundo na porrada. Porra Carla são dez contra quatro, mas a seguiu mesmo assim. Juliette era a líder e no final das contas ela tinha que ou cuidar da animosidade da baixinha ou dar apoio a ela da melhor forma que a gangue podia, mesmo sendo pouquíssimas as vezes que eram desafiados ali.

Alguns dos recém chegados que já tinham saltado de suas motos e tirado seus capacetes pagavam um aos outros rindo. Ela sentiu o olhar da morena tatuada em si novamente e uma outra morena com bandana na cabeça e franja encarava Carlinha, de um grande sorriso trocou para uma cara fechada. Não era exatamente uma boa forma de ser abordado.

-Vocês são surdos, estou falando com vocês! -Carla gritou batendo no ombro do motoqueiro mais na ponta da sequência em que estacionaram.

Se Carla queria atenção ela tinha acabado de receber, porque o motoqueiro virou para a loira bruscamente. Juliette pode ver seu reflexo distorcido no capacete preto da pessoa a sua frente antes dela com um movimento rápido o tirar da cabeça. Piscou algumas vezes assimilando a cascata de cabelos loiros que caiu do movimento e acompanhou como a desconhecida passou a mão e jogou os fios para o lado, penteando mas ainda sim mantendo-o bagunçado. Um bagunçado sexy, Juliette pensou e tratou de chacoalhar a cabeça. Mas que merda ela tinha pensado? Ela franziu a testa irritada.

Mais irritada ainda franziu com mais força, sabia que sua feição estaria mais do que fechada agora e com um vinco imenso na testa. Sua ira crescera tanto que podia sentir seu coração pulsando em sua carótida. Sim, pulsava por raiva e não por reconhecer um familiar par de olhos.

-O que parece que estamos fazendo? - Falou com seu tom de voz rouco e um sorriso de canto de boca como se a pergunta de Carlinha fosse engraçada. - Estamos estacionando.

Falou simples, virando para os seus colegas que coletaram o dinheiro e dando um hi-five em uma outra morena, não a de franja nem a da tatuagem. Não que ela não as tivesse, também tinha tatuagens. Quantos deles tinham por aí? Juliette se questionou internamente.

- Na calçada? -Foi ela quem falou, surpreendendo até a si mesma. Tinha ido na intenção de acalmar a Carla, não de criar discussão. Ela tremeu ao sentir a loira virando para ela novamente e deu um passo para trás quando a mulher saltou da moto, invadindo seu espaço pessoal. Estranhou sua própria reação mas era como se seu corpo tivesse perdido o controle. Completamente. Inclusive a engolida em seco, antes de criar um mínimo espaço entre ela e a loira. Odiava o fato da mulher estar tão perto, tão arrogante e tão cheirosa mas não podia claramente dar um passo para trás. Seria indicar para a estranha que ela tinha ganhado e seu orgulho não deixaria, nunca, ainda mais para essa delinquente. Então Freire ignorou a sensação em seu estômago e ergueu sua sobrancelha.

-Quase matando um? -  Carla completou logo após sua fala e querendo ou não Juliette sentiu alívio ao sentir os olhos verdes penetrantes da misteriosa fora dela.

-E quem é você? vai me multar? - Falou debochada e ganhou um coro de risadas atrás de si. Olhando por cima do ombro, Sarah sorriu cúmplice para seus amigos que entenderam seu recado, ignoraram a ceninha e passaram pelas mulheres subindo as escadas. Voltando o olhar para frente, ou melhor para baixo.

Juliette sabia que ela estava intimidando Carla, com quase metade de sua altura. Freire tinha perdido as contas de quanta furada já tinha se metido pelo gênio da menor, parece que o que faltou em tamanho ganhou em marra.

-Quem é "você"? - Juliette rebateu com deboche no olhar quando finalmente conseguiu tomar controle de seu corpo. - Eu sou a líder aqui e mando nessa escola. - não deixando barato deu um passo pra frente empinando o peito mesmo que a mulher fosse bem mais alta. E sua raiva foi aumentada vinte vezes quando sentiu seu corpo reagir ao seu sorriso. Ela riu. Gargalhou alto. Juliette controlou sua cara de raiva, não era engraçado era intimidador. Freire pode ver algo mudando por trás dos olhos da mulher antes dela levantar as sobrancelhas lembrando de algo.

- A frentista! Eu lembro de você - Sarah falou levantando brevemente o olhar para ver em volta. Seus amigos estavam parados espalhados pela escada e de longe podia ver algumas pessoas se aproximando. Foi quando reparou na loira mais baixa que vestia uma jaqueta semelhante, e então na morena a sua frente. Com o peito e queixo empinados vestia uma jaqueta jeans bem mais larga que seu corpo, mas, apesar de ser diferente, podia reparar a mesma logo seu braço.

-Eu não sou frentista, já disse. -Juliette disse entre dentes lentamente erguendo uma sobrancelha mas o sorriso irritante de canto de boca ainda estava presente no rosto da loira. Reparando no rosto pouco acima do seu, os dito cujos olhos verdes que remexeram seu estômago ontem apenas com a possibilidade de se esbarrar por aí agora causaram um terremoto de magnitude 4 na escala Richter de tão perto e a encarando tão profundo. Mas Juliette não desviou apenas a encarou com mais irritação. Ela já odiava essa loira, e podia sentir em suas células.

-É fofo ver vocês brincando de motoqueiros - Sarah debochou ao ver uma loira minúscula querendo intimidá-la. Na verdade, até que a escola nova parecia divertida, tinha dado altas risadas e ainda nem tinha batido o sinal, pensou.

- Eu teria cuidado em afrontar quem reina  nessa escola, isso aqui não é bagunça que nem o instituto não. - Sarah ouviu uma voz masculina por perto e quebrou a briga de olhares só para ver um homem moreno se aproximar. Seu cabelo parecia engomado demais e sua blusa apertada demais como se quisesse fingir que seus braços são maiores do que são realmente. Não pode deixar de sorrir debochada ao reparar em sua mão deslizando na cintura da morena com quem falava. Ela quis rir.

Juliette notou como a garota passou a língua nos lábios controlando um sorriso que queria abrir e sabia que estava rindo dela. Não sabia como ou porquê, já que não tinha nada de engraçado ali, mas sabia que era dela.

-Até mais ver, majestade. - a loira se aproximou minimamente e piscou para ela novamente como no dia do posto de gasolina. Juliette acompanhou o seu sorriso debochado se abrir quando viu Bil estufar o peito e dar um passo para frente em um sinal protetor mas a loira apenas desviou como se fosse inofensivo e seguiu para a escada onde seus amigos a aguardavam escorados no corrimão.

Pulando de dois em dois degraus, chegou rápido ao topo e antes de passar pela porta do colégio a viu recebendo o dinheiro que tinha visto o grupo passando de mão em mão antes da confusão. Ela soltou um audível suspiro raivoso olhando para Carlinha que apenas deu de ombros, muito serelepe essa Carla, não? Pensou e a seguiu para pegar sua mochila bruscamente do chão e lançar sobre seu ombro com força desnecessária. O sinal havia tocado.












A/N: uma ótima primeira impressão kkkkk
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IGNITE  | sarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora