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Juliette respirou pesado ao abrir a porta, tinha se atrasado naquela manhã e teve que correr os corredores até chegar na sala que era obviamente, para a incrível sorte que ela tinha naquele dia, do outro lado da escola. Porque não bastava ter queimado sua blusa no ferro de passar e a torrada cair com a geleia para baixo, não.

Ela diminuiu os passos e entrou na sala com um olhar de desculpas para o professor que não questionou apenas apontou um assento livre e continuou lecionando. Pelo menos isso, menos um para a lista que estava crescendo naquela manhã. A parte boa de ser conhecida era que os professores gostavam dela, por suas notas boas e participações extracurriculares, Juliette se metia em tudo que conseguia, ja tinha auxiliado até o próprio professor de literatura que dava aula no momento. Ela não atrasava nunca, sabia que ele não mencionaria. Pelo menos dessa vez.

Abriu seu caderno e prestou atenção, o professor lia um capítulo em voz alta do livro que estavam estudando e abria uma discussão toda aula. Alguns minutos tinha se passado em que ela tinha chegado na sala quando ouviu a porta ser aberta novamente.

Sarah entrava sem fazer barulho.

Juliette balançou a cabeça em desaprovação ao vê-la fechar a porta delicadamente mas antes que pudesse julga-la de forma mais profunda, suspirou. Claro. Seu apontador tinha aberto a tampa derrubando todas as pontas de lápis que ela acumulou apontando no mês inteiro. Ótimo.

A menina estava no meio de seu caminho a carteira quando o professor virou de sua anotação no quadro e franziu a testa a pegando no flagra.

-Que prazer sua presença nessa aula! - o homem falou debochado. Sarah fechou os olhos por meio segundo. Merda, pensou.

Por meio segundo entre um xingo sussurrando e outro, Juliette reparou em como a linguagem corporal da loira mudou, de antes querer passar despercebida até o momento que os olhos do professor caíram nela, em que ela virou fechando a cara, ombros para trás e mochila sobre um ombro.

-Bom dia, professor! - falou debochada com seu sorriso de lado e sentou na carteira vaga mais próxima. Ao lado de Juliette.

A loira largou seu corpo com tudo na cadeira bufando e largou sua mochila ao lado de sua carteira não se importando em fazer Juliette recolher o pé nem no olhar que a morena a dava. Sentindo os olhos da turma inteira sobre si, passou a mão no rosto pedindo paciência para deus.

-Já que minha aula te aborrece tanto porque você não fala um pouco sobre essa passagem do livro, que com certeza você já terminou? -Sarah sorriu irritada. Qual era o livro mesmo que estavam lendo mesmo?

Olhou de canto de olho para a mesa do lado em que não só o livro estava mas também um fichamento sobre o livro. Agradeceu mentalmente sua habilidade de leitura dinâmica.

-Sabe, a passagem eu não sei porque acabei de chegar e não sou advinha - Sarah falou recebendo algumas risadas da classe que a ajudaram a ganhar tempo. - Quem não leu Hamlet? É interessante pensar que Hamlet traça um mapa do curso de vida na loucura fingida ou na loucura real, explorando ainda profundamente temas importantes na época - Falou com firmeza cruzando os braços ao reparar o olhar do professor suavizar.

Juliette olhou para o lado chocada, não pela garota ter lido Hamlet com a noz que tinha no lugar de cérebro ou conseguir responder o professor assim de surpresa, mas porque ela conhecia aquelas palavras. Conhecia muito bem.

-De forma resumida o objetivo dele vingar a morte do rei Hamlet, seu pai, que foi executado pelo próprio irmão, Cláudio. Então, depois de envenená-lo, Cláudio casou-se com a rainha e se tornou rei...ops spoiler. -Sarah botou a mão na boca debochada.

Sua resposta pareceu agradar o professor já que ele voltou a sua leitura mas não Juliette. Ela sabia muito bem porque conhecia aquelas palavras.

IGNITE  | sarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora