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-De novo?

O silêncio na sala estava absurdo. Encarando a mulher estava Sarah e Juliette sentada na frente da senhora Moraes como da outra vez.

Como da última vez, estavam sob olhos semi cerrados da mulher no poder, nas mesmas poltronas. Sarah respirou profundamente. Estava tendo um déjà-vu.

-Não é culpa nossa, aquele idiota que começou do nada, pergunta para qualquer um! -Sarah falou gesticulando exagerada. Seu sangue ainda fervia e sentia que não tinha batido o suficiente.

A mulher apenas balançou a cabeça séria.

-Eu já falei, mas pelo que me parece, senhorita Freire deu o primeiro soco e você o arremessou na parede primeiro!  -Falou tirando seu óculos. Seu olhar apesar de condenar a dupla pelo gasto a mais do orçamento pela brincadeira com a tinta mostrava um certo mal estar pela posição, era a mais sensata dos diretores. E tendo acompanhado desde o início tentava entender.

Entender exatamente como algo que era para dar tão certo deu tão errado.

Sarah abriu a boca pronta para retrucar e parou no movimento com uma inspiração profunda antes de desistir. Era verdade. A lateral do seu rosto pulsava e discretamente levantou a mão para pressionar algum ponto perto da sua maçã da bochecha.

-Bom, sim mas ele que chegou arrumando confusão, jogou meu…- a mulher levantou a mão cortando Andrade que apenas bufou mais irritada ainda. Como exatamente tinha ido parar ali?

Sarah mordia o canto da bochecha nervosa, não entendia como suas ações conseguiam tomar tanta proporção quando a única coisa que tentou fazer foi sentar numa mesa. E até achou que tinha tido sucesso afinal Juliette tinha concordado em sair com ela.

Pensando na menina, desviou o olhar da autoridade para a morena. Lembrou da primeira vez como estava estressada, lembrou do seu pânico em não ser culpada e agora podia entender seus motivos, não querer chegar em casa falando que tinha sido punida. Já sabia que o clima na sua casa era estranho, para dizer o mínimo, virou preocupada mas não a viu nervosa, não como a própria Sarah estava com sua perna inquieta, seu rosto estava encarando algo na mesa. A atenção de Sarah não se fixou na direção do seu olhar e sim em como segurava sua outra mão apoiada no colo. Dedos levemente curvados enquanto a mão de baixo fazia uma leve pressão. Abriu a boca para perguntar e rosnou baixo com a mais velha falando novamente.

-O conselho tinha decidido colocar vocês em uma tarefa juntas para que você aprendesse algo com a senhorita Freire. Não o contrário. -Falou encarando Juliette. Sarah Franziu a testa. Que?

-Isso me deixa preocupada porque é um incidente grave e é sua segunda mancha no histórico. -Falou olhando diretamente para Juliette que abriu a boca surpresa -Guerras de tinta e brigas no refeitório, senhorita Freire?

Seu olhar estava decepcionado. Juliette abriu a boca sem defesa. Não sabia que ponto tudo começou a se embolar dentro de si. Até correr em alta velocidade na rua correu. Em algum ponto, estava se tornando o que tinha condenado.

-Isso não tem nada ver, ela não fez nada, eu que briguei com ele! -Surpreendentemente Sarah não levantou a voz quando falou. Mas falou calma, clara e um pouco cansada, querendo que acabasse logo.

-E que motivos você teve? Não justificam qualquer- Foi interrompida.

-Você pode me dar a punição que quiser.

Fez um barulho de irritação com a língua antes de abrir a boca novamente. Teria sido perfeito se ela tivesse parado.

-Quer me fazer de exemplo, tanto faz, mas ele tava falando sobre ela, para o refeitório inteiro, e mais, ia machucar ela, se ele não receber punição alguma eu juro…- Sarah falou ignorando a posição de respeito.

IGNITE  | sarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora