• sogrinha •

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— Você quer visitar sua mãe? - perguntei, confirmando o que ele havia dito.

— Uhum.

— E quer que eu vá junto? - quase incrédula, não escondendo isso na minha voz.

— Por que? Você não quer ir? - me abati quando seu tom saiu decepcionado.

— Não! Não é isso. - me apressei em explicar. — É que...bem, eu nunca conheci ela né? É normal que eu fique nervosa. - cocei a bochecha, vendo seu rosto se abrir e ele se aproximar rapidamente pra me roubar um selinho.

— Não precisa. Tenho certeza que minha mãe vai gostar de você. - sorriu, acariciando meu rosto.

Mordi o lábio inferior, ainda meio insegura, mas não tinha o que fazer. Sho parecia tão contente com o fato de eu estar indo ver a mãe dele que eu fiquei com dó de recusar. E também não é como se a mulher fosse um bicho de sete cabeças. Eu consegui lidar com o bostalixo que é o pai dele é, certamente vou conseguir lidar com a Rei.

Né?

~~~

— Tem certeza que você está confortável com isso? A gente não precisa fazer isso se você não estiver pronta. - ele se apressou em dizer.

O olhei, meio irônica.

— Talvez se você tivesse dito isso antes da gente pegar um uber, chegar no hospital e pagar o uber minha resposta seria diferente da que eu vou te dizer agora. - Sho coçou a nuca, desviando o olhar do meu. — Olha, eu não vou mentir, tô meio receosa. Não sei se ela vai gostar de mim.

— Eu já disse que ela vai gostar S/N. - se aproximou, segurando meu rosto e me olhando com aqueles belos olhos bicolores atentamente. — Quem não gosta, afinal? - deu um risinho.

— Muita gente! - agora o filho da puta (foi mal aí Rei) estava rindo de verdade. — Sabe quantas sogras odeiam as noras? E se esse for o caso da sua mãe?

— Amor, você conseguiu lidar com o meu pai. - enfatizou, me ajudando a tranquilizar. — Você, literalmente, ameaçou o saco dele pra ficar comigo. Não acho que deveria se preocupar justo com a minha mãe!

Soltei um risinho, relaxando os ombros e suspirando.

— Ok, você tem razão. - ele sorriu, me dando um selinho antes de segurar na minha mão e me guiar pra entrada do hospital. — Bora conhecer minha sogrinha.

Eu não sabia o que poderia esperar quando entrasse no quarto dela. Sério, mais perdida que cego em tiroteio.

Quando eu fui pra brigar com meu sogro (pedaço de basculho), eu fui preparada. Preparei meu discurso de ódio com três dias de antecedência e reuni toda raiva que eu sentia do mundo e depositei nas palavras propriamente ditas pra ele quando me chamou pra jantar na sua casa.

Eu chamei ele de velho das bolas murchas na casa dele. Vocês tem noção disso? Na. Casa. Dele.

Então não, eu não deveria estar preocupada com a minha sogra. Mas explica isso pro meu cérebro. 

— Boa tarde mãe, trouxe S/N comigo hoje. - respirei fundo, entrando no quarto dela.

— Boa tarde Rei, bem? - sorri nervosamente, mas tentando disfarçar ao máximo.

— Oh, finalmente vou poder conhecer minha nora. - me senti minimamente aliviada quando ela abriu um sorrisão pra mim.

— É, eu também tô ansiosa pra te conhecer.

Algumas horas depois...

— Sério, por que você tava com tanto medo da minha mãe? - perguntou, parando de comer o churros só pra falar. — Nem pareceu que você tava com medo na verdade.

— Ah, jura? Porque no início eu tava com um cagaço do caralho. - respondi, mordendo um pedaço bem que bom do churros de doce de leite em minha mão. Delícia.

— Vocês conversaram por três horas seguidas. - paltou, e eu prendi a risada, parando com ele quando o sinal de trânsito abriu. — Muito mais do que eu conversei com ela em três semanas. Acho que isso já diz o bastante.

— Fazer o quê? Eu não esperava que a sogrinha fosse ser tão legal. - quando fechou, atravessamos, entrando no parque que havia em frente do hospital e que ficava aberto 24hrs por dia.

— Você tá até chamando ela de sogrinha. - eu olhei pra ele enviesada, sabendo que todos aqueles comentários não passavam de provocações.

— Ok, eu entendi. Fui cagona sem motivo. Já pode parar. - Sho sorriu, se inclinando e beijando minha bochecha. Nos sentamos no primeiro banco que encontramos, terminando de comer nossos doces e encarando as árvores e flores. Porque aqui só tem árvores e flores. — Sua mãe sofreu pra caramba na mão do seu pai, né? - comentei, quebrando o silêncio.

Sho suspirou, amassando o papel do churros na mão.

— Você leu a alma dela? - assenti. — É, ela sofreu bastante. - sua voz monótona e distante. Deitei minha cabeça no seu ombro, olhando pra ele.

— Você e seus irmãos também. - sorrio gentil quando ele me olha. — Sabe que pode desabafar comigo quando quiser, não sabe?

Ele parou, me encarando por minutos inteiros, sem desviar o olhar do meu. Eu posso estar louca, mas eu consegui traduzir tudo o que as orbes bicoleres diziam pra mim que a boca não conseguia falar. Foi o contato mais íntimo que eu tive com Sho até hoje.

— O que faria da minha vida sem você? - sorrio, segurando sua nuca e trazendo a boca dele de encontro a minha.

— Eu te amo.

~~~

beso 💋 na teta e até!

𝐓𝐎𝐃𝐎𝐑𝐎𝐊𝐈 𝐒𝐇𝐎𝐓𝐎, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐧𝐚𝐦𝐨𝐫𝐚𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora