• festival desportivo •

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Rolei de um lado pro outro na cama, não conseguindo achar a porra do meu sono mais.

Respirei fundo, encarando o teto. Eu preciso limpar minha mente, acalmar meu coração e deixar bons pensamentos me guiarem à um bom sono.

Mas, no momento, isso é impossível. Eu não consigo pensar em nada que não seja Shoto, Tony e a merda de infância que tivemos.

Quando tínhamos sete...

"— Que marcas são essas nos seus braços?

— Não é da sua conta garota boba."

Quando tínhamos cinco...

"Reparei no garoto de cabelos pretos, sentado mais ao fundo da classe, isolado de todos e com um único papel no meio da mesa.

Ninguém parecia querer ficar perto dele, e me perguntei o porquê.

Ele não era feio. Talvez um pouco sujo, mas não feio. Sem pensar duas vezes, fui até ele.

— Oi, por que você tá aqui sozinho? - perguntei, me sentando de frente pra ele.

— Porque eles sentem medo de mim. - murmurou, mas não parecia triste entretanto.

— Ah, mas eles são bobos, liga não. - sorri pra ele, e me animei quando vi um quase sorriso surgir no rosto dele.

— Você é legal."

Quando tínhamos quatorze...

"— POR QUE VOCÊ TÁ FAZENDO ISSO? - gritei pro garoto, vendo ele rasgar cada cartinha que eu tinha escrito pra ele durante nossa infância.

— Porque eu não quero mais saber de você. Eu não quero mais ter nada haver com você, qualquer coisa que vem de você me enoja. - tão seco e frio quanto uma pedra.

— Tony! - chamei, em choque com tudo que aconteceu, tão de repente. Não éramos próximos? Ele não dizia me amar? Não éramos amigos?

— Não me procure mais pirralha, eu não quero ver sua cara. - e saiu, me deixando. "

Bufando, me sento na cama, sentindo a raiva crescer por estar pensando nisso. Por estar pensando nele.

O que tínhamos era bonito, e ele simplesmente mudou, se afastando e me expulsando de sua vida como se eu fosse a porra de um verme.

Foda-se.

Saio do dormitório, só com de regata e a calça do pijama, sentindo o frio da madrugada e o silêncio pavoroso. Caminho com os pés na grama, fechando os olhos e respirando fundo.

— Eu preciso superar isso. - murmuro, encarando o céu sem estrelas e totalmente escuro.

— Eu também. - meu coração salta, mas eu não me permiro demonstrar reação. Viro, vendo‐o ali, escondido entre as sombras de uma árvore.

— Me seguindo agora? - arqueio uma sobrancelha, cruzando os braços quando ele se aproxima, vestindo a mesma coisa de quando ele saiu mais cedo.

Duvido que tenha voltado pro dormitório.

— Por que acha que eu te seguiria, pirralha?

— Porque você parece sentir prazer em me atormentar. - respondo seca, e ele ri.

— Tem razão, eu gosto de te atormentar. - enfiou as mãos nos bolsos da calça de moletom. — Parece que é o único jeito de conseguir sua atenção. - murmurou, mas eu captei perfeitamente suas palavras.

— E porque agora você a quer? Se bem me lembro, olhar pra minha cara te enojava, não? - assisti sua expressão mudar, e ele desviar o olhar, como se estivesse envergonhado.

— Rancorosa, como sempre.

— É difícil esquecer quando uma das pessoas que mais amei simplesmente me chutou pra fora da vida dele, sem motivo aparente. - dou de ombros.

— Você me amou? - percebi ele sem fôlego, me encarando surpreso.

— Sim, éramos amigos. - não vacilo, mesmo quando ele vacila. — E você? Me amou?

— Claro que sim. - acho que sua resposta rápida pegou mais ele de surpresa do que eu.

— Então por que me expulsou da sua vida Tony? - dei um passo a frente, me aproximando dele. — Por que disse todas aquelas coisas pra mim? - mais um passo, e ele continou parado, não se movendo um centímetro sequer. Entretando, seu peito subia e descia rapidamente. — Por que rasgou a porra das cartinhas? - mais um passo, e parei, vendo seus punhos fechados.

— Você não entenderia. - sussurrou, olhando dentro dos meus olhos.

— Tenta. - sussurrei de volta.

Exasperado, ele bagunçou os fios de seu cabelo, se afastando de mim e caminhando de um lado pro outro. Esperei, mas ele não me deu nenhuma resposta.

Impaciente, fui até ele, segurando seu rosto e ativando meu poder, afim de ver sua alma. Mas...

— Nada. - ele disse pra mim. — Você não vai conseguir ler nada da minha alma.

Pisquei, confusa e me afastando.

— Por que?

— Porque eu sou um inccubus, S/N. - a aura que eu sentia presente nele se intensificando radicalmente. — Um demônio, assim como você.

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drama? ari ama

𝐓𝐎𝐃𝐎𝐑𝐎𝐊𝐈 𝐒𝐇𝐎𝐓𝐎, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐧𝐚𝐦𝐨𝐫𝐚𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora