11- Isso me lembra dele

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Luke Patterson

PUTA QUE PARIU! CARALHO! PORRA!

Eu não conseguia acreditar que Julie havia me visto transando com uma mulher.

Eu não acredito.

Caralho, onde eu estava com a cabeça por ter deixado aquela maldita porta aberta?

- Cara, você precisa se acalmar! – Reggie dizia enquanto eu andava de um lado para o outro na sala de casa. – Vai atrás dela, acho que ela não contaria ao Ray.

- Eu não estou me importando se ela vai contar para o pai dela porque eu conheço a Julie, ela não teria essa coragem, mas cara... – Eu passava a mão no cabelo, impaciente. – Ela nunca mais vai querer me olhar na cara.

- Claro que vai Patterson, ela é sua fã. – Alex se intrometeu.

- Era. – Concertei. – Ela era... Eu me imaginei no lugar dela e se alguma garota me fizesse isso, eu a mataria. Ela deve estar me odiando, achando que eu sou nojento, putanheiro...

- Putanheiro você é. – Reggie disse.

- CALA A BOCA! – Gritei. – Eu a beijei na última vez qu...

- O QUE VOCÊ FEZ? – Alex e Reggie perguntaram juntos.

Os fitei com a testa franzida e engoli seco.

- Eu a beijei. – Sussurrei, abaixando a cabeça em seguida.

- Agora eu entendo porque você está tão preocupado. – Reggie disse se jogando no sofá. – E eu concordo, você deveria estar mesmo preocupado.

- Valeu cara. – Sorri falso.

- Eu te aconselharia a ir atrás dela. – Alex disse.

- Eu não. – Reggie falou, dando os ombros.

- Ela não vai me querer ver nem pintada de ouro, isso sim. – Me joguei no sofá.

Eu me sentia perdido, eu queria saber se estava tudo bem ou se ela estava realmente com raiva de mim. A última frase que ela me disse antes de sair da mansão ontem não saia da minha cabeça.

Gritava na minha mente.

Julie Molina

Eu estava trancada no quarto desde a hora que eu acordei e só sai pra almoçar, mal preguei os olhos desde o acontecimento de ontem à noite.

Eu me sentia mal toda vez que eu me lembrava da cena da cama, do quarto, do Luke descendo às escadas e tocando no meu braço.

Pedi até que a minha mãe ligasse pra alguém colocar a cortina no meu quarto pra que eu não ficasse olhando tanto pra janela, já que eu estava acostumada a isso. Eu não queria saber mais dele, eu sentia uma raiva, uma repugnância tão grande de lembrar-se de tudo o que eu vi.

Desde os meus 15 anos, eu o ajudei mesmo quando ele não sabia. Eu votava nas premiações que ele ia, torci tanto pra ele concorrer aos Grammys pois sabia que era o seu sonho, fiquei até brava com a ex-namorada dele quando ela riu em uma entrevista dizendo que o fez chorar. Eu o defendi de todos os haters, senti raiva de paparazzi e torcia todas as noites pra que meu pai o produzisse, eu só não entendo se essa hora aconteceu cedo ou tarde demais porque tudo o que eu sonhei durante todos esses anos virou o meu pesadelo.

Eu sentia raiva, eu sentia o arrependimento tomar conta de mim por ter saído de Nova York, por que eu não disse ao meu pai que não queria que ele produzisse o Luke? Eu poderia ter impedido, mesmo que as chances disso acontecer fossem mínimas, mas eu poderia ter feito algo ao invés de aplaudir e saltitar, sem contar todas as expectativas que eu criei. Onde eu estive com a cabeça pra deixá-lo me beijar? E pior: achar que ele quisesse algo a mais comigo? É claro que ele iria querer beijar uma menina que estivesse passando o dia com ele na mansão dele. Onde eu tirei a ideia que ele gostava da minha companhia?

Definitivamente, eu me sentia péssima. Eram sentimentos que eu não consigo descrever, nem em 17 anos de todos os colégios e amores platônicos que eu já vivi foram capazes de me fazer sofrer e sentir todos os sentimentos horríveis que existem no mundo quanto Luke Patterson está sendo capaz. Eu me lembrei de quando virei sua fã, de quando olhava seus vídeos e todas as suas fotos sorrindo e eu encontrava paz, lembro-me de quando ele foi preso e eu bati meus pés no chão pra debater sozinha com a TV quando um jornalista o rotulava como um criminoso enquanto eu só o via como alguém que estava errando e aprendendo com os seus erros. Eu enxergava pureza em Luke, até mesmo quando pichamos a sua pista ou quando ele me puxou pela cintura durante o beijo.

Eu nunca ia imaginar que ele fosse capaz disso, talvez seja por esse motivo que eu estou na merda.

Eu acreditei tanto nele, eu imaginei que ele fosse diferente. É, eu me apaixonei por um garoto que eu mesma criei. Ele é mesmo... ridículo.

- Querida? – Ouvi a voz de a minha mãe ecoar pelo quarto enquanto eu fitava o teto, sentindo algumas lágrimas caindo sob a minha bochecha. – Já são quase 17 horas e você ficou trancada nesse quarto o dia todo, você vai ficar aí até quando?

- Até quando eu quiser. – Respondi, me virando do lado oposto da porta e fitando a janela fechada do meu quarto.

- O que aconteceu, Julie?

Não respondi. Eu não tinha forças pra dizer, se eu falasse qualquer outra palavra eu só iria chorar.

- Filha? – Ouvi minha mãe me chamar mais uma vez e então, seus passos se aproximaram da cama e senti sua mão nas minhas costas. – Você está chorando, Jules? O que houve?

Tampei meu rosto com as duas mãos e comecei a chorar baixinho. Era só isso que eu havia feito o dia todo.

- O que aconteceu? Você está me deixando preocupada. Você brigou com a Flynn? – Ela perguntava e eu só negava com a cabeça. – Está sentindo alguma dor? – Assenti. – Dor aonde, querida? É cólica? Está pra vir pra você? – Neguei mais uma vez. – Dor aonde, Jules? Conte pra mim.

- AQUI MÃE, AQUI! – Gritei, olhando pra ela com os olhos cheios de lágrima e batendo no meu peito com força, em direção ao coração. – ESTÁ DOENDO AQUI!

Ela me olhou com piedade e foi até a porta, fechando-a. Então, em passos rápidos ela voltou até a minha cama e se sentou na própria.

- Você quer me contar o que aconteceu?

Neguei.

- Então...

- Mãe. – Sussurrei, a olhando. – Você deita aqui comigo? Por favor.

Ela me olhou assustada, mas em seguida um sorriso apareceu nos seus lábios e ela assentiu, se deitando do meu lado na cama na posição de conchinha. Ela entrelaçou seu braço no meu corpo, me prendendo e tirou uma mecha de cabelo que estava caindo no meu rosto.

Fazia muito tempo que eu não estava tão perto da minha mãe, a última vez que ela havia me feito algum carinho foi quando eu ainda era pequena e estar tão perto dela em um momento tão triste na minha vida era sem dúvidas muito importante, era muito mais que um ''eu estou aqui, filha.'' Eu sentia muito a sua falta.

- Tudo vai ficar bem, filha. – Ela sussurrou no meu ouvido e eu logo me recordei da cena que se passou como flash na minha mente mil vezes naquele dia: Luke na cama com aquela mulher.

Senti o choro na minha garganta e mais algumas lágrimas voltaram a cair.

Se eu pudesse impedir de todos esses sentimentos ruins estarem pregados no meu peito, eu impediria. Mas só de sair do portão de casa, eu iria me lembrar dele, só de olhar pra janela do meu quarto, eu me lembraria dele, só de ver meu pai chegar cansado eu me lembraria de Luke porque eu iria saber que ele passou o dia todo no estúdio gravando o novo CD. Até quando começasse as minhas aulas da faculdade eu iria me lembrar dele me chamando de doutora ou falando que eu vou ser a melhor médica de todas.

Apesar de eu querer esquecer, tudo ainda iria me fazer lembrar ele.

Daylight - JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora