49- Memórias da meia-noite

206 32 23
                                    

Julie Molina

Eu não conseguia nem se quer parar de balançar minhas pernas enquanto o taxista seguia a destino da casa de Luke, em Calabasas.

Foi lá o destino marcado do nosso encontro. É estranho falar sobre isso já que lá também foi o primeiro lugar em que eu vi Luke após chegar a Los Angeles e os meus planos haviam falhado naquele dia. Mas agora, eu não queria nem pensar nas falhas que tive até chegar aqui, não, vou pensar sim, eu queria pra ter orgulho de estar chegando onde eu queria depois de tanto sofrimento, tantas noites sem dormir, tantas bolhas no pé após ficar horas de pé com salto alto, tanto ficar no sol, tanto chorar, tantas perguntas se passando na minha cabeça se aquilo valia realmente a pena ou não, tantas mentiras que eu inventei para o meu pai sobre ter ido na faculdade enquanto eu dormia após passar a noite toda fora atrás de Luke. Céus, e hoje eu estava aqui, indo atrás de um endereço que eu recebi de Luke Patterson via DM no Twitter, já que ele estava louco atrás de mim.

Sim, tudo havia valido a pena.

Eu quis pedir até mesmo para o taxista acelerar aquele automóvel antes que eu terminasse de roer todas as minhas unhas que naquele momento não existiam mais, mas antes que eu dissesse qualquer coisa, ele falou me cortando:

- Esse é o seu destino, senhorita?

Olhei pelo vidro daquele carro a entrada do condomínio de Luke em Calabasas.

Milhares de lembranças vieram a tona. Eu passando o dia todo lá. Bob me ajudando. Eu chorando. Eu vendo Luke. A carta.

- Sim, esse é o meu destino. – Falei, pegando a quantia dada na minha bolsa e lhe entregando em mãos.

Ele assentiu e eu abri a porta do automóvel, saindo do próprio.

Assim que eu fechei, soltei um suspiro pesado e fechei os meus olhos.

A última vez que eu estive lá, eu não tinha certeza de nada. Não tinha certeza se eu iria mesmo encontrar Luke, se eu ia conseguir pelo menos entrar naquele maldito condomínio. Mas hoje, hoje tudo me parecia certo. Tudo era um mar de certezas pra mim. Hoje eu conseguia enxergar a luz no fim do túnel que eu havia procurado a duas semanas desde quando coloquei os meus pés em Los Angeles.

Abri omeus olhos e comecei a dar passos rápidos até a portaria do condomínio. Em seguida, o porteiro saiu da sua cabine na minha direção e eu lhe reconheci no mesmo instante.

- Julie? – Ele perguntou franzindo a testa e soltando uma risada fraca. – Vai tentar ver Luke de novo?

- Oi Bob. – Falei. – Não, pelo contrário, ele pediu que eu viesse até aqui.

- Isso é sério?

- Sim. – Ri fraco, sem eu mesma acreditar.

Em seguida, outro porteiro saiu da cabine e veio na minha direção.

- Está esperando por quem? – Ele perguntou.

- Vim visitar Luke Patterson. – Falei, segura daquilo.

- O seu nome?

- Julie. – Falei e ele rodou o seus olhos para uma folha de papel, falando em seguida:

- Está autorizada a entrar. – Ele disse, abrindo o portão.

Eu juro que nessa hora eu senti muita vontade de chorar. Meu Deus, sim, eu senti. Eu quis até beijar o porteiro que me autorizou a entrar, mas ele não estava fazendo mais que a sua obrigação já que provavelmente Luke havia pedido que ele me deixasse entrar, claro.

Assim que coloquei meus pés dentro do condomínio, senti algumas lágrimas escorrerem pela minha bochecha, mas rapidamente limpei todo o percurso que elas seguiram e funguei rapidamente, soltando um suspiro pesado.

Daylight - JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora