43- Fale comigo

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Julie Molina

Em todos os prédios, em todos os telões, atrás de ônibus, em todos os lugares que meus olhos batiam haviam cartazes enormes da propaganda do show de Luke, o que me deixava ainda mais ansiosa.

Eu entrava a todo instante em sites oficiais do local pra ver se havia alguma novidade, mas, nem se quer eles postavam alguma coisa, apenas a confirmação de que ainda haveria o show. Os ingressos estavam esgotados, o que me deixava ainda mais nervosa por saber que aquilo lotaria de meninas loucas e histéricas assim como eu.

A aula era de Biomedicina e eu não desgrudava o celular a nenhum instante. Dei graças a Deus mentalmente por sentar em uma das últimas fileiras e o professor nem notar, mas, em faculdade tudo era melhor, era o oposto que ensino médio: os professores simplesmente não se importavam se você estava prestando a atenção na aula ou não, eles faziam o seu trabalho e iam embora. Era simples.

- No que você mexe tanto nesse celular? – Uma voz sussurrou no meu ouvido e eu dei um pulo da cadeira, ouvi em seguida sua risada baixa, fitando Taylor que me olhava com um sorriso divertido nos lábios.

Maldito seja aquilo sorriso que me irrita.

- Nada demais. – Falei, bloqueando a tela do celular e voltando a olhar para o professor.

- Então a aula está chata? – Ele perguntou e eu o fitei. – Porque você não para de mexer no celular, creio eu que se não é nada importante, a aula está chata.

- É sobre o show do Luke. – Falei e Taylor arregalou os olhos.

- Sobre o show de quem?

- Luke, Luke Patterson.

- Ah não, Julie. – Ele disse, passando a mão na testa e me fitando novamente. – Você é fã dele?

- Sou. – Disse, dando os ombros. – Tem algum problema?

- Tinha que ter algum defeito, né? Puta merda.

- Taylor, cala a boca. – Falei e ele balançou a cabeça negativamente, como se se fosse a pior coisa do mundo.

Logo o professor entrou na sala e o assunto se encerrou aí. Mas a fisionomia que Taylor teve quando eu disse de Luke não saia nem se quer da minha cabeça. Por que as pessoas odiavam tanto ele? Era uma pergunta que não se calava, que martelava na minha mente a cada instante.

Luke era uma pessoa de bom coração. Ele ajudava tantas pessoas. Eu não tenho dúvidas que ele seria igual com uma garota como ele foi no meu sonho.

Ele é daquele mesmo modo: fofo, meigo, apaixonado. Ele não era egoísta, nunca foi, dava dinheiro para constituições, fazia o bem para o mundo e tinha uma mensagem a seguir: distribuir amor.

Ele podia parecer o que for. A maconha que ele já fumou e até ser preso, mas ele era o oposto daquilo. E além do mais ele é um adolescente como qualquer outro que quer sair da rotina, a única diferença é que o mundo todo para quando Luke erra só pra apontar os dedos a ele e dizem o quão rebelde, desumano e errado ele é.

Mas esquecem de que desumano e errado são eles que apontam o dedo pra um garoto de 20 anos que está crescendo. E que ele é um ser humano que aprende a cada dia com os seus erros.

A aula havia terminado mais cedo e eu sentia o meu estômago roncar de fome. Olhei na tela do meu celular e marcava 12:01h. É claro que o meu estômago estava roncando.

Peguei a minha bolsa e sai da sala junto com Flynn. Quando eu estava pronta pra dar um passo na escada a sentido a saída da Universidade, senti uma mão segurar o meu braço me impedindo de andar e me virei, fitando Taylor que tinha seus olhos presos a mim.

- Oi? – Perguntei, franzindo a testa.

- O que você vai fazer hoje, Patterson? – Ele perguntou, sendo sarcástico na hora do 'Patterson.'

Revirei os olhos.

- Almoçar fora com a Flynn...

- E de tarde?

Revi o que eu faria naquele dia e...

- Nada. – Respondi. – Por quê?

- Então esteja 16h na cafeteria. – Ele falou dando o seu melhor sorriso.

Olha, eu confesso, ele pode ser o que for, mas aquele sorriso ainda era algo maravilhoso.

- Como é que é? – Perguntei, mentindo que não havia entendido.

Ele estava querendo mandar em mim? Era isso?

Taylor riu fraco e deu uma tossida curta, logo, repetindo de uma forma mais amigável:

- Senhorita, você aceita tomar um café comigo hoje às 16 horas?

Comecei a rir.

- Tudo bem, eu vou pensar no seu caso... – Disse, tentando me fazer um pouco de difícil.

Taylor me puxou pelo braço e colou nossos corpos. Eu não queria nem imaginar quantos olhares tinha sob nós com aquela cena toda, mas eu parei de pensar em qualquer outra coisa assim que ele sussurrou no meu ouvido:

- Eu tenho uma ideia de onde Luke pode estar. – Ele murmurou. – E você pode conseguir falar com ele e tirar algumas fotos antes mesmo do dia do show que pelo o que eu sei, será apenas daqui alguns dias.

Eu juro que o meu coração parou naquela hora. Mil coisas se passaram na minha mente: eu conseguindo ver Pat. O porquê de o Taylor saber dessas coisas. Meu Deus.

O fitei e ele franziu a testa, esperando uma resposta minha.

- Como você sabe... – E antes que eu terminasse de falar, ele me interrompeu, pousando seu dedo indicador nos meus lábios e sussurrando perto do meu rosto:

- Apenas esteja na cafeteria às 16 horas.

[...]

Não preciso nem falar que o meu almoço com Flynn foi só sobre o assunto do Taylor, né? Aquilo não saia da minha cabeça.

- Amiga, ele não deve ser um paparazzi, ele está cursando medicina, ele nem deve ter tempo pra isso.

- E quem disse que é ele o paparazzi? Deve ser alguém que ele conhece.

- Um amigo?

- Pode ser. Ou o pai dele, como eu imaginei com o Allen.

- Acho que você está viajando demais, Jules. – Flynn disse, levando o garfo até a boca e mastigando a comida. – Sei lá, ele pode ter alguma informação sobre ele por ele ser garoto.

Fitei Flynn com a testa franzida, então, ela continuou:

- É, tipo... Ele é menino, pode ter se aproximado de Luke em qualquer lugar, em um jogo de basquete, sei lá. – Ela deu os ombros. – Luke gosta de jogar basquete. E então ele deve ter algum contato.

- Não sei. – Falei. – O Taylor não tem jeito que se aproximaria de Patterson.

Flynn franziu a testa e riu fraco.

- Você o conhece há 2 dias, Julie. – Ela disse e eu entendi o recado, assentindo.

Realmente. Maldita mania que eu tinha de achar que conhecia as pessoas o suficiente. Eram apenas 2 dias, eu não tinha nem noção de quem era Taylor direito. E o que ele tinha a ver com Luke. E o porquê de querer me ajudar em relação a ele.

Daylight - JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora