77- Levar você

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Julie Molina

Estávamos sentados em cima de um tronco enorme de árvore enquanto Luke tentava de todas as formas localizar pelo GPS do iPhone onde estávamos, mas, nem se quer havia sinal. Soltei um suspiro pesado e Luke se sentou ao meu lado.

Eu queria matar ele, Deus do céu. Como eu pude confiar naquele bicho? Eu mais do que ninguém sabia o quanto Patterson era lesado, é claro que havia chances da gente se perder naquele lugar.

- Se acalma, tudo bem? A gente vai sair daqui. – Ele disse, tentando me acalmar.

- Olha, não dá pra me acalmar. – Falei e ele me fitou. – É sério, sabe lá Deus onde estamos, a distância até a praia e que horas vamos voltar. Daqui a pouco escurece, aparece um monte de bicho e...

Atrás de Luke havia uma árvore enorme e mesmo sendo difícil de reconhecer, eu reconheceria aquele bicho até no inferno. Me levantei com cuidado pra não chamar a atenção daquela cobra e Luke me olhou com a testa franzida.

- O que aconteceu Julie? – Ele perguntou vendo que provavelmente, eu não conseguia falar. Meus olhos estavam arregalados e eu engoli seco.

- CORRE! – Gritei, então Luke se levantou depressa e olhou pra trás, vendo que a cobra já estava pronta pra dar o bote, uma parte do seu corpo ainda estava agarrada na árvore enquanto a sua cabeça já estava de pé.

Pat me puxou pelo braço e saiu correndo. Eu não tinha nem noção da onde ele estava indo e tive certeza que ele também não sabia, mas quanto mais longe daquele bicho a gente ficava, melhor era. Então, apressei ainda mais os meus passos tentando acompanhar Luke, que me puxava pelo braço.

Senti uma pontada na lateral da minha barriga e dei um grito, olhando pra trás pra ver se a cobra estava atrás de nós e por sorte, não encontrei vestígios dela. Luke parou de correr e me fitou.

- O que aconteceu?

- Minha barriga. – Falei, passando a mão na lateral. – Está doendo.

- Isso que dá ser sedentária e não praticar exercício físico, ai quando corre de uma co...

- Ei, fica quieto! – Falei, cortando-o. – Graça a sua mente maravilhosa estamos perdidos e correndo de bichos. – Dei uma pausa. – Você falou que não tinha bicho aqui!

Ele começou a rir e passou a mão na testa.

- Jules, aqui é uma floresta, é lógico que tem bicho.

- Merda! – Murmurei, chutando um galho de árvore que havia no chão. – Não vou mais acreditar em você.

- Por quê?

- Você disse que sabia onde era a cachoeira, sabia tudo sobre esse lugar e olha onde estamos... – Dei um sorriso falso. – PERDIDOS! – Gritei. – Disse que não tinha insetos, animal ou o que seja e VOCÊ VIU O QUE ENCONTRAMOS? UMA COBRA, LUKE PATTERSON! UMA. COBRA.

- Julie, se acalma tudo bem? - Ele sussurrou.

- Não me peça pra me acalmar. – Falei. – E eu não vou ficar parada, a gente tem que andar porque uma hora ou outra a gente encontra uma saída. – Dei as costas, passando por ele e voltando a andar.

Ouvi os passos de Luke vindo atrás de mim e ele resmungou alguma coisa, passando por mim novamente. Parei e franzi a testa.

- Julie. – Ele parou na minha frente, ficando cara-a-cara comigo. – A gente vai sair daqui, eu prometo, será que agora você poderia... me seguir?

- E se a gente parar em um lugar mais perdido ainda? A gente correu daquele bicho e devemos estar ainda mais longe da praia.

- Confia em mim! – Ele pediu em um sussurro, pegando na minha mão. – Por favor.

Soltei um suspiro profundo e assenti.

- Ok, mas se a gente ficar andando em círculos eu te mato.

Luke abriu um sorriso e me puxou pra um abraço.

- Obrigado! – Ele sussurrou no meu ouvido e eu ri fraco, retribuindo o abraço.

Tudo bem, confesso que eu estava mesmo com medo de estar perdida naquela floresta, mas havia um pontinho de felicidade no meio disso tudo. Pode parecer loucura sim, talvez ninguém fosse nos encontrar por um bom tempo ou, até mesmo, nunca mais. É sério, não havia sinal no único celular que tínhamos e a qualquer momento também acabaria a bateria do mesmo.

Luke ressaltou milhares de vezes que ninguém sabia onde estávamos além do Scooter, e quando ele desse falta de nós realmente, colocaria um exército para nos procurar e quando alguém fosse nos encontrar, poderíamos estar morto.

Trágico, sim. Mas enquanto ele andava em minha frente tirando pedaços de madeira do chão ou qualquer coisa que me fizesse cair, olhei pra nossas mãos que estavam entrelaçadas e sorri.

Eu estava perdida em uma floresta com o Luke Patterson.

Pode ser loucura pensar isso, mas quem nunca imaginou estar sozinha em um lugar com o seu ídolo? Ele já havia passado disso pra mim, mas a fã maluca que existia dentro de mim ainda não havia morrido, ela continuava vivinha e surtando internamente por momentos como esse.

- Você não está com fome? – Luke perguntou, me fazendo acordar de todos aqueles pensamentos.

- Eu não estava pensando nisso até agora, foi só você falar... – Falei, olhando para o chão enquanto andava. – Mas nem vai adiantar nada, aqui só tem mato.

- E frutas. – Ele disse, parando na frente de uma árvore com vários cachos de banana.

- Se a gente ficar uma semana aqui, vamos comer uma semana banana? – Perguntei, franzindo a testa.

- E tomar água.

Pat riu e balançou a cabeça negativamente.

- Vai querer comer?

- Vou! – Disse. – Pega pra mim?

Ele sorriu e assentiu, ficando na ponta dos pé e puxando um galho pela ponta, pegando um cacho de bananas. Puxei uma e descasquei, mordendo em seguida.

- É bom? - Ele perguntou enquanto me olhava comer.

- Até que é. – Falei, rindo fraco.

Luke descascou outra banana e começou a comer também.

- Vamos andando, não podemos perder tempo. – Ele disse e eu assenti, sentindo-o pegar na minha mão novamente enquanto eu levava o cacho.

Eu nem dei atenção pra onde estávamos indo porque apesar de ser fruta – e eu queria realmente comer um Big Mac, isso sim – aquela banana estava muito boa, provavelmente deveria ser a minha fome de horas.

Quando eu fui dar mais um passo, bati a minha cabeça nas costas de Luke e o fitei. Ele estava parado olhando para alguma coisa e foi quando eu me dei conta do barulho.

ÁGUA!

- Julie... – Luke murmurou olhando para a cachoeira e eu parei ao seu lado, fazendo o mesmo. Provavelmente não era apenas eu que não acreditava que tínhamos chegado naquele lugar. A cachoeira era maravilhosa, as águas transparentes caiam sobre as pedras e no final, formavam um rio de águas límpidas. – Agora você confia em mim?

Daylight - JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora