69- Gravando

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-É melhor você ir embora, Patterson. - Julie disse em um sussurro enquanto olhava dos lados e notava que havia muita gente nos observando. Eu? Ir embora?

- Jules, eu preciso falar com você...

Ela me olhou novamente e os seus olhos estavam ainda mais cheios de lágrimas. Flynn estava atrás dela segurando em seu braço como se quisesse dizer 'eu estou aqui". Deus, os olhos de Jules estavam tão vermelhos que eu podia jurar que ela havia fumado maconha a noite toda, caso ela tivesse passado a noite comigo. Mas ela
parecia tão derrotada, seus lábios tremiam em cada palavra que tentava pronunciar. O que me deu a maior certeza do momento: Julie havia chorado a noite toda.

E aquilo me matava por dentro. Por que isso? Pra que isso tudo? O que aconteceu? Onde foi que eu perdi o episódio dessa história?

- A gente não tem nada pra conversar, Luke.

- Julie, pelo amor de Deus, não fala assim. – Falei, tendo meus olhos presos aos dela.

- É pro nosso bem. – Ela disse. – Pode ir embora? Por favor. – Ela piscou e lágrimas começaram a cair, mas em questão de segundos ela tentou limpá-las.

Então deu um passo do outro lado e seguiu reto, passando encostada em mim e subindo as escadas. Eu tinha o meu olhar preso nela a cada passo que ela dava, e antes que ela pudesse finalizar a escadaria e entrar na faculdade, lhe chamei:

- Julie. – E ela se virou. – Eu não vou deixar você sair assim. Você ainda vai me encontrar.

Então ela fungou e deu as costas, entrando totalmente na Universidade junto com Flynn.

Dei as costas pronto pra ir para o estacionamento e avistei alguém conhecido no meio da multidão que se aproximou de nós. Alguém conhecido não: uma marca conhecida.

TMZ.

É claro. O TMZ não perderia uma chance de me ver derrotado.

Soltei um suspiro irritado e sai em passos rápidos em direção ao estacionamento, destravando a minha Range Rover e adentrando na mesma. Fechei a porta e travei as mesmas, encostando a minha cabeça no volante.

MERDA!

Ver Julie daquele modo, saber o quanto ela está sofrendo e não saber nem ao menos por onde começar. Eu podia sentir o cheiro do pai dela, é claro, isso tinha a mão do seu pai, mas por que diabos está acontecendo tudo isso dessa forma? Não é possível que um pai seja tão filho da puta ao ponto disso!

Levantei a minha cabeça do volante pronto pra ligar o carro e ir pra casa, mas os flashes começaram a seres disparados em questão de segundos e eu coloquei a mão no meu rosto, deixando as lágrimas que antes eu segurava, agora escaparem.

Paparazzis. Sempre aparecendo nas piores horas.

Julie Molina

Minha vida estava definitivamente um inferno.

Onde eu achava força pra negar Luke? Vê-lo daquela forma na frente da minha faculdade foi pior do que não atender suas inúmeras ligações por dois dias seguidos. Eu imaginei que se eu parasse de lhe atender, de qualquer forma ele iria desistir, mas pelo contrário: ele não desistiu. Ele estava ali, derrotado do mesmo modo que eu, talvez mais amargurado por não saber do que estava acontecendo.

Fui hoje de manhã para casa pra buscar algumas roupas e a minha vizinha disse que um homem veio sábado e domingo de manhã e me chamou diversas vezes. Perguntei se ela o reconhecia, ela riu como se aquilo fosse uma piada e disse:

"Ah senhorita Julie, eu posso ter 65 anos, mas eu reconheceria o Luke Patterson mesmo de longe.''

Eu estive esse tempo todo na casa de Flynn porque sabia que a minha casa era um dos lugares que ele me procuraria, aliás, eu não sabia muito bem, mas pra não ficar no mar de dúvidas eu simplesmente sai de lá e Flynn teve que me aguentar chorando dois dias seguidos.

Daylight - JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora