𝐭𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲 𝐞𝐢𝐠𝐡𝐭

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- Descansou? - Louis questionou acariciando a cabeça do Styles -

O humano suspirou, se aninhou mais contra aquele ser frio, indo um pouco mais para baixo do cobertor macio, se sentindo protegido.

- Sim, acha que falta muito para chegarmos?

- Não sei, acho que mais de meia hora.

Ambos se calaram, não tinha chuva, nem trovões, as batidas do coração do humano eram o som que ecoava pelo espaço. Harry precisava perguntar algo, só não sabia como.

- Louis? - Chamou a atenção do vampiro, encorajado -

Os olhos azuis pousaram no rosto dele e o imortal sorriu de canto, continuando a carícia no cabelo.

- Sim?

O pesquisador sorriu fraco e retribuiu o olhar, antes de desviar a atenção novamente, encarando um ponto qualquer daquele ambiente.

- Nós estamos desenvolvendo uma relação de confiança, certo? Mas algumas coisas me deixam curioso, não quero parecer evasivo ou te deixar pensando que estou te acusando de algo, se for de acordo, queria fazer algumas perguntas. Não são pra relatório. É só uma conversa normal. - O mortal explicou sentindo a tensão surgir no seu corpo -

- Tudo bem, pode me perguntar o que quiser, vou ser sincero com você, é o que se espera de qualquer relação.

- Bem, eu estava pensando, naquele dia em que quebrei o braço, o que aconteceu?

- Como assim, o que aconteceu? - Tomlinson questionou sorrindo - Eu te disse, querido. Você rolou escada abaixo.

- Eu sei que você me disse isso, Louis. Mas eu não fui na direção da escadaria naquela tarde.

- A queda pode ter causado um episódio de esquecimento na sua mente, é normal essas coisas acontecerem o tempo todo, você pode ter batido a cabeça e esquecido por causa da pancada. Simples assim.

- É, mas como eu fui parar na escadaria? Na minha cabeça não faz sentido nenhum. O problema é que eu não lembro de ir até lá, nem de cair.

- Olha, isso não é um mistério, Harry. Não têm o que descobrir. Você caiu da escadaria, isso podia acontecer qualquer dia, em qualquer lugar. Não é como se fosse uma coisa de outro mundo. Quer mudar de assunto?

- Seria mais normal conseguir lembrar de pelo menos alguma parte disso tudo, mas eu só lembro de desmaiar, em outro lugar que não era a escadaria e acordar com a porra do meu braço enfaixado.

O vampiro tirou a mão das madeixas do outro e franziu o cenho, estranhando aquela insistência que não existia antes.

- O que exatamente, está querendo dizer com isso? - Questionou incrédulo ao se afastar do pesquisador e sentar na cama - Está dizendo que eu seria capaz de quebrar seu braço para sustentar uma mentira?

- Você não fez questão nenhuma de me ajudar a entender como aquilo tinha acontecido e desde então repete as mesmas coisas, mas eu sei que não tinha a mínima possibilidade de rolar pela escadaria naquela tarde. É só uma mentira mal contada. Nós dois sabemos bem que é.

- Você me insulta falando desse jeito, é como se simplesmente não pudesse confiar em mim! - Reclamou ao se levantar e pegar as próprias calças -

Harry tomou uma expressão de desentendimento com uma pitada de raiva, arrumou sua postura e sentou sem sair do lugar, ainda tapado com os lençóis e a coberta.

- Confiança? Como eu deveria ter confiança? Você não me conta nada sobre si mesmo!

O vampiro colocou a calça e procurou pela camisa, só podia ser uma piada, o que aquele humano esperava? Estavam começando a se conhecer.

- Nós não nos conhecemos, Harry. Por qual motivo deveria simplesmente te ver como meu diário secreto desde o momento em que nos vimos? Queria que eu fizesse o quê? Ficasse vinte e quatro horas te contando os segredos da minha vida como um imbecil fascinado? Por favor, seja menos tolo, pesquisador.

O rosto do humano se alterou de bravo para decepcionado, não imaginava que era essa a imagem que Louis tinha dele, um mortal idiota.

- Com isso, você quer dizer que mentiu? Se não nos conhecemos, por que fez me sentir diferente? E por que você sentiu o mesmo? Mesmo que diga que não, eu sei que sentiu o mesmo.

O imortal terminou de se vestir, de costas para a cama onde o humano estava, riu de forma irônica, antes de arrumar o próprio cabelo.

- Já passou pela sua mente pequena que pode não saber tanto sobre os outros quanto pensa? Eu digo com total certeza que você não é capaz de decifrar o que quero dizer ou não, o que sinto ou não, sabe por quê? Por que você é capaz de amar, e isso te deixa muito mais fraco. Isso te torna muito mais estúpido. Isso é algo idiota nos humanos. Interprete como desejar, eu menti sim, mas foi pra te deixar longe do que não posso te contar.

- Foi você quem quebrou o meu braço? - Questionou incrédulo e assustado -

- Sim, esse é o preço a se pagar por ser um merda bisbilhoteiro. Isso não teria acontecido se você não tivesse invadido o meu quarto!

O imortal saiu para a outra parte do jatinho, fechando a porta logo depois, deixando o pesquisador sozinho com uma confusão interna.
Estava petrificado, o vampiro com quem tinha transado naquela cama, tinha sido capaz de uma coisa daquelas, o choque era assustador. Não esperava que sua dúvida tivesse uma conclusão como aquela.

Teve que passar dias com o braço enfaixado, sentindo dor, incômodo, tudo por causa daquele sanguessuga. Lembrou de como Tomlinson se aproveitou naquela noite, o jantar, o vinho, a massagem. Tudo soava repugnante vendo daquele ponto, era sempre em benefício do Louis.

O humano não dormiu o resto da viagem, se vestiu e ficou trancado no quarto, sem contato com o outro.
Quando o jatinho chegou na mansão, o clima entre os dois não melhorou nada. Sem conversas, sem toque, sem olhares. Estavam desconectados um do outro.

A situação não mudou nada e uma semana se passou, agora Styles era obrigado a esperar seus dias da pesquisa acabarem para nunca mais precisar chegar perto daquele ser e daquele lugar completamente repulsivos.

Se antes ele era tão curioso e interessado no Tomlinson, agora não queria ver ele ao máximo.
Os dias pareciam entediantes, até que em uma tarde ensolarada qualquer, Harry recebeu uma carta misteriosa, que carregava uma revelação muito mais surpreendente.

bloodthirsty love |CONCLUÍDA|Onde histórias criam vida. Descubra agora