Ele é feliz

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Faziam cinco anos que Magnus não voltava para casa

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Faziam cinco anos que Magnus não voltava para casa.

Ele tinha tomado a decisão de nunca mais voltar, após o encontro com Alexander cinco anos antes... ele não conseguia... Ele precisava esquecer. Precisava ser livre. Livre de seus sentimentos por ele. Livre de todas as memórias partilhadas a dois. Livre de toda a dor.

Sabia que enquanto continuasse voltando, o universo continuaria de todas as formas tentando juntá-los e não conseguia lidar com isso.

Por isso, após aquela noite, tomou a decisão de combinar um café, despedir-se e nunca mais voltar. Seria a última vez que olharia naqueles olhos azuis e se permitiria perder neles. E, por mais que o seu coração doesse, iria fazer isso.

E fez.

Durante cinco anos, Magnus não voltou. Não importava o quanto o seu coração doesse, o quanto todos os poros do corpo dele implorassem pelo toque de Alexander. O quanto, por anos, ele tivesse chorado à noite, por não amá-lo o suficiente e ser capaz de ficar.

Alexander tinha despedaçado o seu coração e nada poderia mudar isso. Por esse motivo, eliminou todos os laços que o faziam querer voltar, apagou suas redes sociais, se tornou incontactável e se mudou para Portugal. A única pessoa que sabia onde ele estava era sua amiga Catarina – que ele obrigou a jurar nunca contar onde ele estava e nunca falar nada sobre Alexander, em qualquer circunstância.

Lá, comprou uma casa em Lisboa e começou um pequeno império nas noites da cidade, uma vez que era dono de todas as boates da famosa Rua Cor De Rosa, que era a mais badalada do país. Continuava viajando pelo mundo, mais de metade do tempo, mas tinha sido ali que havia decidido construir sua vida.

E estava feliz.

Feliz... bem, talvez não fosse aquela felicidade que faz você agradecer todos os dias por ter a possibilidade de viver – que ele só tinha sentido uma única vez, com uma única pessoa – mas estava feliz.

Ele pensava todos os dias em Alexander. Imaginava o que poderiam ter sido se ele tivesse ficado. Todos os dias duvidava se tinha feito a escolha certa. Sua mente afirmava que sim. Seu coração chorava e gritava que não.

Mas no panorama geral de sua vida – sem ele – Magnus era feliz.

Agora ele estava de volta.

Sua amiga Catarina, tinha perdido seu marido num acidente de carro, um ano antes e, desde então, ela tinha perdido a vontade de viver.

A dor de perder sua alma gémea, tinha a lançado numa espiral de dor e sofrimento tão profunda, que ele tentou se suicidar duas vezes. Estava internada numa clínica psiquiátrica e completamente sozinha. Magnus não suportaria viver com isso. Então, fez suas malas, largou sua vida lá e voltou.

Magnus tinha voltado para casa.

🌼🌼🌼

Fazia cinco anos que a vida de Alec havia mudado completamente.

Tinha deixado de ser criança naquela noite e passado a ser a pessoa mais responsável, com o maior título de todos – era pai. Havia um pequeno ser humano – a coisa mais importante em sua vida – que dependia dele para estar vivo.

E era sensacional.

Aquele pequeno ser humano, era o amor da vida dele. Todos os dias, Alec agradecia por estar vivo. Por seu pequeno monstro estar vivo. Por ter a oportunidade de viver essa vida.

Cinco anos atrás, ele era apenas uma criança. Uma criança idiota que pensava que seu mundo tinha acabado apenas porque tinha cometido um erro.

Todos os dias Alec se arrependia daquela maldita noite, oito anos antes, em que partiu o coração de Magnus. Todos os dias pensava como seria se pudesse voltar atrás. Se pudesse escolher diferente – mas hoje... hoje esse erro não o definia mais.

Havia feito as pazes consigo próprio e se perdoado.

Ele tinha errado. Tinha lidado com as consequências. Tinha sofrido e chorado. E tinha perdido Magnus.

Nada nunca seria pior do que isso.

Alec tinha chorado. Tinha implorado por perdão. Tinha esperado por anos que Magnus o perdoasse.

Cinco anos atrás, na noite em que ganhou seu filho Max, Alec percebeu que nada jamais iria mudar um simples fato: Magnus nunca iria o perdoar.

Então, pegou todo o amor que sempre iria sentir por Magnus, guardou num pedacinho do seu coração e deu a Max.

Max era a sua felicidade. Com quatro anos, ele era a vida toda de Alec. A cada dia, seu filho estava mais inteligente, mais carinhoso... e mais a cara de Magnus. Nunca ninguém duvidaria que Magnus era pai dele.

Com traços asiáticos, pele caramelo e olhos meio puxados, seria uma cópia de Magnus, não fosse a cor dos olhos ser de um azul tão intenso, que só poderia vir de Alec.

Max era uma criança linda. Alec nunca deixaria ninguém dizer o contrário.

Alec terminou a faculdade e se tornou diretor de uma das maiores clínicas psiquiátricas do país. Lutou muito nos últimos cinco anos para chegar onde chegou e nunca conseguirá agradecer a Jace o suficiente, por ter estado sempre do seu lado, como seu melhor amigo, como seu irmão.

Jace foi o seu pilar desde o momento em que descobriu que estava grávido. Em que Magnus tinha partido, mas deixado um pouco de si para trás.

Jace esteve lá quando Alec vasculhou Nova York – desesperado – procurando por Magnus, pois não conseguiria ter um filho sozinho.

Esteve lá, quando Alec nunca o encontrou. E quando desistiu de o procurar.

Desde aí, tinha se tornado padrinho de Max e uma das pessoas mais importantes para Alec.

Jace era casado com Clary e, junto com Isabelle, eram a única família de Alec e Max.

E Alec era feliz. Era bem resolvido consigo próprio, tinha dinheiro suficiente para dar ao seu filho uma vida estável, um trabalho que amava e muito amor em sua vida. Ele era feliz.

É claro que ainda pensava em Magnus em alguns dias mais nostálgicos e solitários. Ainda pensava no que poderiam ter sido. Onde poderiam estar agora se Alec tivesse escolhido diferente. Mas se cansou de ter apenas restos do amor de Magnus. E aceitou que o universo não deixa que eles fiquem juntos. Restos são restos – e Alec merecia mais do que isso.

Alec recordava Magnus com carinho e um pouco de raiva. Sabia que não devia. Mas não conseguia evitar.

Alec teve um filho. Sem ele. Passou pela gravidez. Sem ele. Criou o filho deles. Sem ele. E, se não fosse por Jace, teria feito isso tudo... sozinho.

Então sim, uma parte de Alec sentia raiva e rancor de Magnus. A outra parte – com certeza a maior – o amava, perdida e descontroladamente.

E agora ele estava ali. Ele tinha voltado.

Magnus estava em casa. 

Corações Vazios (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora