Três dias tinham se passado desde que Magnus reencontrou Alexander.
E hoje. Se o universo estivesse a favor dele, ele o veria de novo.
Catarina iria à clínica para a consulta com o psicólogo, e – obviamente – Magnus iria com ela. Não a deixaria sozinha.
Apesar de ter jurado a si próprio não criar expectativas sobre sua relação com Alexander, Magnus estava, desde cedo, tentando acalmar seu coração com a perspetiva de vê-lo de novo.
Tinham acabado de entrar na clínica quando Jace apareceu e – indiferente – encaminhou Magnus para a sala das visitas.
— Catarina vai demorar um pouco. Pode esperar aqui. — Jace disse com um tom de voz frio.
— Obrigado, Jace. – Magnus respondeu, tentando ganhar a simpatia do loiro.
— Não me agradeça. Não o fiz por você. Você está aqui acompanhando um paciente da clínica, não trato mal acompanhantes. — Jace lançou um olhar feroz sobre Magnus. — Mas isso não faz da gente amigos. Quero você longe de mim. E longe do Alec.
— Jace.. Eu... — Magnus não sabia o que dizer. Sabia que Jace amava Alexander. Sabia que na visão dele, Magnus era o vilão. E talvez fosse mesmo. — Eu sinto muito.
— Sente muito hãn? — O loiro quase cuspiu as palavras – Sente muito porquê? Por durante anos ter usado o Alec? Por sempre tê-lo descartado depois de abusar dos sentimentos dele por você? Ou por abandoná-lo repetidamente ao longo dos anos? – Jace queria gritar. Tinha tanta coisa que queria dizer, mas não podia. Suspirou, tentando se acalmar. — Alec está feliz. Ele seguiu em frente. E eu não vou permitir que você destrua a vida dele de novo.
— De novo? — Magnus tinha certeza que a resposta aquela pergunta perfuraria seu coração, mas tinha de saber.
— Você não faz mesmo ideia. Você não sabe de nada. Não faz ideia de quanto a vida dele mudou. Durante anos eu vi meu irmão viver sua vida em prol de você. Ele não sabia fazer outra coisa. Vivia esperando por resmas de sua atenção, esperando que você voltasse, que você ficasse só mais uma noite. E no dia seguinte? Você fugia e ele ficava destruído, apenas esperanto que você voltasse de novo. — Jace olhou nos olhos de Magnus. — Ele está bem agora. Está feliz. E eu não vou permitir que você o machuque de novo. Você faz mal pra ele. Fique longe dele. Fique longe de minha família.
E sem dar oportunidade de resposta, ele foi embora.
Magnus ficou sentado, tremendo. Seus olhos cheios de lágrimas por cair. Jace tinha razão. Ele tinha usado Alexander. Durante anos.
Magnus o amava, mas, não conseguindo perdoá-lo, o usava... matava a saudade e fugia de novo, o deixando para trás. Sozinho. E destruído.
Ele não saberia dizer quando tinha acontecido, mas seu rosto estava molhado de lágrimas. Ele precisava sair dali. Precisava apanhar ar.
Então, levantou e saiu correndo – e chorando – e parou apenas quando sentiu um braço forte o agarrando e o puxando.
Magnus não teve tempo de perceber o que estava acontecendo. Quando deu por si, Alexander tinha o arrastado para longe de todos os olhares. Estavam em sua sala novamente e o asiático estava confuso.
— Magnus... está tudo bem? Eu vi você correndo... você está chorando?
Alexander estava preocupado. Ele estava procurando seu filho na clínica quando viu Magnus com lágrimas nos olhos, prestes a desabar na sala de visitas. Então, juntou toda a sua coragem e o arrastou para sua sala.
— Eu.. — Magnus virou costas, tentando esconder sua vulnerabilidade. — Eu estou bem. É só... voltar, depois de tantos anos... talvez esteja me afetando mais do que eu esperava.
Alexander se aproximou de Magnus, tocando-o no ombro. Nenhum deles admitiria, mas ambos sentiram seu sangue ferver com o contato.
— Ei.. você sabe que pode falar comigo, Mags. – O coração de Magnus pulou uma batida ouvindo o apelido familiar. Ele se virou, ficando frente a frente com seu amor. — Sempre que precisar, estou aqui para você.
Magnus hesitou.
— Porquê? — Ele tinha de saber. — Eu te fiz tão mal, Alexander. E ainda assim, você está aqui. Você sempre está. Depois de tantos anos. Porquê?
Alec não esperava essa pergunta. Não estava preparado para ela.
'Eu te fiz tão mal, Alexander'
Como assim? Alec não estava entendendo porque Magnus estava trazendo esse assunto de volta. A vida tinha seguido. Magnus tinha seguido. Eles eram passado.
— Fui eu quem fiz mal para você. Se passaram oito anos desde aquela noite e... — Alec desviou o olhar, nervoso. — O que aconteceu ainda é o maior arrependimento da minha vida... eu... — Ele suspirou, derrotado. — Não importa mais. Eu sempre vou estar aqui para você porque eu te devo isso como seu amigo. Garanto que nós dois seguimos em frente. Mas eu sempre vou me preocupar com você.
'Garanto para você que nós dois seguimos em frente.'
Aquilo atingiu Magnus com a força de uma bomba nuclear.
'Nós dois seguimos em frente.'
O problema é que Magnus não tinha seguido em frente.
Alexander tinha o amado durante tanto tempo e Magnus nunca conseguiu o retribuir. Não o suficiente para ficar.
E agora... Alexander tinha seguido em frente e Magnus tinha sido deixado a amar sozinho.
— Magnus? — Alexander chamou. O asiático parecia atordoado, perdido em sua própria mente. — Magnus?
Ele voltou a si.
— Hmm? Desculpe. Eu... não estou me sentindo muito bem. Preciso tomar um ar. Eu... — Magnus foi interrompido por uma batida na porta.
Os dois se afastaram instintivamente quando um garoto lindo de olhos azuis puxadinhos entrou na sala. O garoto do parque.
— Max, o que você está fazendo aqui? — Alec perguntou, tentando disfarçar o pânico que sentia.
Os três estavam juntos pela primeira vez. E isso o deixou aterrorizado.
— O padrinho Jace vai me levar para casa. Vim dizer tchau. — Max andou até ao centro da sala e, olhando em volta, viu Magnus com um ar extremamente confuso. — Uh... Oi Magnus! — ele disse casual.
Alec imediatamente olhou para Magnus e o viu retribuir o cumprimento.
— Espera... vocês se conhecem? — o moreno perguntou alto demais. — Como vocês se conhecem?
— Uh... A gente se encontrou no parque. Ele estava com a babá. — Magnus não estava entendendo o que aquele garoto estava fazendo ali, nem porque Alexander parecia tão alterado.
E quem era o garoto?
— É... – Max disse. — Eu fui no parquinho com titia Lydia, você estava trabalhando muito e eu estava com saudades de você... eu fui no nosso banquinho e Magnus estava lá... desculpe, papai, eu sei que não devia falar com estranhos. Mas o Magnus não parecia estranho, ele é parecido comigo. Com os olhos puxadinhos.
Max não sabia mas, quando disse aquela frase, dois corações tinham parado de bater.
'Magnus estava no nosso banco?'
'Alexander era pai?'
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Corações Vazios (Malec)
Fanfiction"Até que a morte os separe... apesar de a própria vida já o ter feito." Alec e Magnus viveram um amor inesquecível. Amaram como se ama nos filmes, loucamente e de coração aberto. Até ao momento em que um erro coloca tudo a perder. Magnus estava tão...