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018.

ELENA MACKENZIE

Trânsito do caralho.

Não comi nada na escola e nem tinha levado lanche de casa, e com o trânsito infernal, minha barriga roncava, suplicando que eu a enchesse de qualquer coisa que visse pela frente.

O que era para demorar vinte minutos, demorou uma hora. Fiquei uma hora presa no trânsito.

Nada poderia piorar quando vi Vinnie na frente da minha casa com cara de bravo. Que merda, ele conseguiu me alcançar.

Ele estava de braços cruzados, os pés entrelaçados, e quando me viu, veio em minha direção, dando um soco no capô do meu carro.

— Você ficou maluco?! — Exclamei indo de encontro com ele.

— Eu que te pergunto! Que porra você fez na minha moto? Que infantilidade foi essa, Elena?!

— Isso foi pra você aprender a não me irritar e muito menos, me minimizar! Nunca mais! — Gritei tentando passar, mas ele me impedia. — Me deixe passar! — O empurrei.

— Você vai apagar isso, não sei como, mas vai — passou a mão nos seus cabelos, nervoso.

— Não vou apagar nada — seus olhos foram até os meus e eu senti sua raiva apenas pelo olhar. Não tinha medo dele.

— Eu apenas tentei me desculpar, e é assim que você me retribui?! — Talvez ele tenha se esquecido do que disse ao Smith.

— Não, Vinnie, você não estava apenas tentando se desculpar — retruquei sem demonstrar nenhuma emoção. — Esqueceu que disse que conseguia ser melhor que eu?! — Refresquei sua mente.

— Isso que você fez, foi vandalismo, entendeu? Van-da-lis-mo — mudou de assunto separando as palavras em sílabas, fazendo gestos com as mãos.

— Eu sei separar sílabas, Vincent, não preciso que fique separando-as para mim — digo em tom sarcástico.

— Você se acha pra caralho, não é? — Sussurrou entre os dentes, perto do meu rosto.

— Não, eu só estou tentando me controlar para não te socar — falei a verdade, vendo Vinnie passar sua língua no lábio inferior e o prendendo entre os dentes.

— Você me irrita, Elena!

— Lógico que irrito — concordei com ele. — Eu te desafio, é bem visível que as pessoas que te desafiam, te irritam — Vinnie olhou para mim e soltou uma risada irônica.

— Não sei porquê você me odeia tanto. Eu já pedi desculpas! — Ele se encostou no meu carro.

— Não sabe?! Talvez seja porque a primeira vez, você fez um escândalo para que eu não entrasse pra banda. Ah, teve a vez que você sumiu com meu carro, quando disse aquilo de mim na festa e, falou que conseguia ser melhor que eu — o lembrei das coisas que fez para mim nesse pouco tempo que retornei a Seattle. — Isso tudo, é por que estou na banda, Vinnie? — Perguntei com meu tom de voz baixo.

— Não tem nada a ver uma coisa com a outra, Elena — mentiu.

Eu tinha total certeza que ele falava essas coisas para mim, porque não gostou da ideia de ter uma garota em sua banda. Precisava ser paciente com esse loirinho do caralho.