053.

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ELENA MACKENZIE

— Vinnie! — Entrei o chamando mas parei no mesmo instante em que o vi arrumando as malas. — O que você tá fazendo? — Perguntei, ainda com a voz sentimental por tudo o que eu acabei descobrindo.

— Eu vou embora, Elena — disse ríspido.

— Você não pode ir embora, Vinnie.

— Você disse que me odiava, que eu era um mentiroso, falso... e não vou nem me lembrar o resto — repetia o que eu disse para ele, ainda de costas para mim.

— Eu estava irritada...

— E disse que não acreditava em mim — me interrompeu, enfim virando-se para mim.

Percebi que seus olhos estavam vermelhos e seus lábios tremendo.

Eu o fiz chorar.

Meu coração se parte quando penso nessa possibilidade.

— Eu desisto, Elena. Eu fiz tanto por você para não acreditar em mim? Você acha que eu me virei contra metade dos filhos da puta que eu andava para mentir para você? Para me fingir de bonzinho e te apunhalar pelas costas?

Desiste? De quem? De mim? Da gente?

Se eu pensava que algumas palavras que eu já havia escutado me machucaram, com certeza ouvir ele dizer que desiste me machucou muito mais.

— Desistir?

— Sim, eu desisto.

Disse rispidamente ainda sem olhar em meus olhos, andando pelo quarto e recolhendo suas coisas.

Ele parou de andar quando olhou para meu corpo analisando as peças de roupa que eu usava, fazendo-me olhar também.

Seus olhos e a ponta de seu nariz estava vermelho, e seu peito e braços, também.

— Vinnie, o que foi isso? — Me aproximei e tentei encostar em seu corpo, para poder ver o que tinha feito, mas o mesmo recusou.

Eu ainda estava com a voz trêmula e com os pensamentos a milhão com tudo o que havia acabado de ler, mas naquele momento, vendo Vinnie daquele jeito, eu só queria me desculpar, deitar com ele e beijar todo seu rosto.

Ele continuou me ignorando e colocou uma camisa qualquer, pegando sua mochila e passando por mim, mas antes que ele pudesse sair pela porta, corri até a mesma e a tranquei, jogando as chaves em qualquer lugar que seja. Não prestei atenção.

— Porra, Elena — murmurou irritado.

— Vinnie, por favor, fica... — disse baixinho. — Você é a única pessoa que eu tenho e, se sair por aquela porta, eu não terei mais ninguém.

— Elena... você...

— Eu sei o que disse, mas também sei que não escutei você contar tudo. Por favor, me perdoa, não desiste. Por favor — senti meus olhos se encherem de lágrimas e sabia que estava prestes a chorar.

Eu nunca havia dito coisas assim para alguém na vida, eu sequer me desculpava quando acabava dizendo coisas sem pensar. Mas simplesmente ver Vinnie daquele jeito por minha causa, me doía tanto que eu seria capaz de pedir inúmeras desculpas mesmo ele já ter me desculpado.

Eu era orgulhosa pra cacete, mas percebi que quando se tratava de Vinnie, meu orgulho sumia.

— Por favor... eu não aguento te ver assim por minha causa... desculpa pelo que disse, estou destinada a ouvir o seu lado da história e dar uma pausa nisso tudo — minha voz saiu trêmula por conta do choro, e sentia que meus pulmões estavam prestes a faltar o ar.

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