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ELENA MACKENZIE

A aula de biologia foi divertida pra mim, sempre gostei de estudar sobre.

Mas minha felicidade acabou quando eu descobri que eu e o loirinho egocêntrico iríamos fazer exatamente todas as seis aulas juntos.

Ali, eu tive certeza que a qualquer momento poderíamos nos matar. Ou melhor, eu matá-lo.

O que me surpreendeu também foi como o loirinho era estudioso. Quase todas as perguntas que alguns professores faziam, o garoto respondia.

Parei em frente à um mural bem grande que tinha em um dos corredores da escola, e senti que poderia me divertir aqui quando li o cartaz dizendo que havia uma banda, e qualquer um poderia fazer o teste para tentar entrar.

Logo me imaginem cantando Breezeblocks do alt-J ou alguma música do Pink Floyd, me sentiria até mesmo uma aspiração de Alex Turner.

Só pensava se iria entrar ou não. Decidi guardar o cartaz e me preparar para no dia seguinte tentar entrar para essa banda, e o melhor, tentar ser a vocalista!

Desde criança eu subia no sofá de casa ao som de Queen e me imaginava cantando, tocando e todas as coisas que uma pessoa poderia fazer no palco.

Eu, Elena, que nunca gostou de muito clichê tinha o desejo de alguém cantar para mim Hey Jude. Com certeza era uma das minhas músicas favoritas.

Meus pensamentos constantes de pessoas gritando meu nome, me desejando e cantando junto comigo ao som de Were Are The Champios foram interrompidos pela mesma voz de mais cedo, e eu sabia de quem era.

- Não vai mesmo tirar seu carro da minha vaga?

- Não - digo curta me virando para ele. - E se eu quiser posso deixá-lo aqui só para você não pegar essa maldita vaga de volta - sorrio e encolho os olhos.

- Aí quando você chegar amanhã, ele não vai estar mais aqui - sorri de volta e eu nunca tinha visto um sorriso tão sínico igual ao dele.

- Caralho, tem o que naquela vaga? Ouro? - Perguntei sarcástica.

- Tem a minha vontade de beijar você - diz e eu arregalo os olhos e no mesmo instante solto uma gargalhada seguida com um "ai ai" no final.

- Que brega em, cara - rio baixo. - Acho que é bem vergonhoso um garoto bem estiloso e sexy como você não sabe dar cantadas - tentei fazer uma piada com sua tentativa de cantada mas percebi que tinha chamado o loirinho egocêntrico de sexy sem querer.

Porra, Elena, você com certeza iria falir na primeira semana de turnê pelo país se fosse tentar a carreira de comediante.

- Porquê está me olhando assim? - Decido perguntar já que eu tinha acabado de chamá-lo de sexy, e pelo seu olhar quando escutou o que eu disse, tenho certeza que tinha gostado.

O deixei com o ego ainda maior, que caralho.

- Você me chamou de sexy ou eu ouvi errado?

Ignorei totalmente sua pergunta e continuei quieta para não acabar socando a cara dele.

- Eu ainda não sei o seu nome, ou eu posso continuar te chamando de loirinho egocêntrico? - Pergunto.

- Me chame de loirinho sexy e egocêntrico - diz dando ênfase no sexy e sorriu.

- Que brega - resmunguei e logo em seguida escutei uma voz totalmente irritante ecoar pelo corredor da escola.

- Vinnie!

- Ah, então você tem um nome? - O provoco.

- Muito prazer, diabinha - sorriu mais ainda, me fazendo revirar os olho.

Esse garoto acabou de me conhecer e só foi eu dar um chute nele que ficou desse jeito? Credo.

A loira dos lábios cheio de botox correu para os braços do loirinho, e demorou para os dois se desgrudarem.

Quando ela me olhou, percebi que usava um batom rosa e chamativo. Loira da boca rosa, vou chamá-la assim.

- Ah, Elena - ela praticamente cuspiu meu nome de sua boca, e eu não gostei do jeito que ela o pronunciou.

- Já se conhecem? - Vinnie perguntou, claramente surpreso.

- Foi ela quem me desaforou hoje mais cedo...

- É claro que desaforei, nem te conhecia e só faltou me engolir por causa de uma vaga - a interrompi.

Já estava cansada desse assunto de vaga e dessas pessoas, só queria ir pra casa comer um delicioso macarrão que Kevin fazia e finalmente assistir Vingadores com ele. Tenho certeza que ficar em casa e maratonar todos os filmes da marvel com meu irmão era melhor do que passar por isso.

Percebi que a loira ia falar mais alguma coisa, provavelmente me xingar ou reclamar da minha fala, mas apenas girei meus calcanhares e sai daquele lugar e de perto dos dois.

[...]

- Como foi a escola? - Kevin perguntou assim que eu entrei em casa.

Ele estava sem camisa e praticamente pendurado na escada, tentando pintar o teto.

Kevin nunca foi bom em pinturas ou coisa que agrega no concerto da casa. Ele só piora a situação.

- Tirando a aula de biologia e quando descobri que na escola tem uma banda, foi terrível - lamentei me jogando no sofá, mas me levantei logo em seguida quando percebi que o mesmo estava todo cheio do poeira. - Que merda, Kevin, você não sabe arrumar alguma coisa sem sujar outra? - Perguntei nervosa indo atrás do aspirador para tentar dar uma força pra ele.

Acabou que eu só não aspirei o sofá como limpei a casa inteira e ainda ajudei Kevin a concertar a pia do banheiro. O que era pra eu chegar em casa e enfim descansar, foi mais trabalhoso do que nunca.

Depois que tomei um banho fui em direção do sofá, em que Kevin já estava sentado e com os pés na mesinha de centro.

Tive o prazer de passar por aquela "barreira" e desmancha-la. Odiava quando colocavam o pé nas coisas.

Ele me olhou nervoso, mas apenas dei de ombros e me joguei ao seu lado.

- O que acha de irmos em algum lugar maneiro? - Kevin perguntou olhando as horas em seu celular.

- Não acho nada - resmunguei e joguei a almofada no meu rosto.

- Ainda está cedo, precisamos reconhecer a cidade - pegou no meu braço e me chacoalhou.

Olhei pra ele tentando fazer a mesma cara do Gato de Botas, mas não adiantou.

Kevin gostava de tocar guitarra e bateria, mas pra ele aquilo era só um hobby, nada de querer viver daquilo.

E ele sabia muito bem que quando falava que ia tocar em algum barzinho, eu toparia sem dúvidas.

E foi isso que ele fez.

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